Capítulo dezoito

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Emanuelle...

Eva estava tão empolgada, eu nunca vi minha filha assim, tão entusiasmada, o que fazia minha cabeça girar, em vinte quatro horas, Drake partiria, e tudo que eu conseguia pensar, era em como suportaria, como minha filha ficaria, tendo que ver seu pai partir.

— Por que parece estar com dor?

Minha amiga e futura cunhada, me flagra no meu estado de lamúrias.

— Só estou pensando, vê como ela esta feliz.

Sintia olha para Eva, que conta algo animada para o tio. Eu não precisava ouvi-la, sabia que se tratava do pai, esse era seu assunto predileto no momento.

— Sim, ela me contou sobre o pai dela, como era legal, bonito, o que é óbvio, só precisa olhar para aquele homem.

Deixo um sorriso amplo, surgir em meu rosto.

— Não vou discutir sobre isso, Drake, é perfeito.

— Então, porque a cara de dor?

— Ele vai partir, em vinte quatro horas.

— Seu irmão, me contou que ele quer que vocês, vá com ele.

Caminho até a poltrona de couro e me jogo nela.

— Sim, mas não sei o que fazer.

Sintia se acomoda no sofá a minha frente, cruza suas pernas e ajeita uma mecha do seu cabelo negro e liso.

— Você o ama?

Qual era o problema com todos eles, eu vivia dizendo que o amava.

— É isso, que torna tudo mais difícil.

Ela ergue sua sobrancelha, perfeitamente desenhada.

— Estou ficando confusa, Emanuelle.

A voz do meu irmão Pedro, nos chama a atenção, quando ele fala.

— E vai ficar mais confusa, porque minha irmã, esta com medo.

Abro a boca para revidar, mas percebo que não sei como, não havia uma resposta, nem argumento.

— Qual é o problema com vocês?

Pedro olha para Sintia, seus olhos carregado de paixão, adorando sua noiva.

— O amor, não devia ser um empecilho, e sim a solução.

Reviro meus olhos.

— Claro, muito óbvio.

Sintia volta a falar, após o momento adoração ao meu irmão passar.

— A resposta, é uma só, se esta aqui, sofrendo, angustiada antes dele partir, é porque sabe que não conseguirá ficar aqui sem ele.

Meu irmão bate palmas, como se meu sofrimento fosse uma atração.

— É por isso, e pelos belos olhos azuis, que vou me casar com essa garota.

Sintia, pisca seus olhos, fazendo charme.

— Vou me lembrar disso, mais tarde, quando tentar tirar minha roupa.

Ok, isso já era demais para mim.

— Tudo bem, acho que já podem parar.

Os dois sorriem, se divertindo com o meu constrangimento, contudo, algo começou a fazer sentido, eu já sabia a resposta para meu tormento, não conseguiria viver sem Drake, passei todos esses anos esperando por ele, sei que nunca admiti, mas no meu interior, sabia sonhar com ele.

— Como vou conseguir viver longe de vocês?

Minha mãe, é a primeira a se pronunciar.

— Filha, você nunca saberá, se não tentar de verdade, nós estaremos aqui.

Meus olhos ardem, sentindo as lágrimas que vinha segurando, forçando para se libertarem.

— Ainda seremos sua família, e vamos esperar sua presença no nosso casamento.

Consigo sorrir.

— Eu não perderia isso, por nada nesse mundo.

— Que bom! Então, acho que não temos muito tempo, certo?

— Eu preciso ligar para ele.

— Você pode fazer isso depois, agora, precisa resolver tudo, sua documentação, precisa ir à escola e no cursinho, e conversar com Eva.

Minha cabeça estava girando. Não pensei que teria tanta coisa para resolver. Em relação à bagagem, eu não tinha tanta coisa, Eva também não, portanto, não seria um problema.

**********

Eu estava numa verdadeira correria, já havia comunicado no curso, na escola, passei horas conversando com Eva, explicando como seria morar em outro País. Claro que o fato de morar com Drake, a quem despertará uma grande admiração, era o pai que ela tanto sonhou.
Ainda havia algo, ou melhor, alguém que me preocupava e muito, Hugo Valdez. Da última vez que o vi, tive uma amostra de seu verdadeiro "eu".
Eu precisava ligar para Drake, estava fazendo tudo impulsivamente, tinha medo de me decepcionar. Mil coisas se passaram pela minha mente, e se Drake tivesse mudado de ideia, ele não havia mais insistido. Estava distraída mexendo no meu celular, quando esbarro em algo, demorou pouco para eu perceber que se tratava de Hugo.

— Qual a pressa, gatinha?

— Não o vi, Hugo, agora se me dê licença.

Tento e desvencilhar, passando dele, mas sua mão agarra meu pulso, me fazendo parar.

— Porque a pressa?

Seu toque aperta em volta do meu braço, quero chuta-lo, mas ele não se move, há um brilho diabólico em seus olhos, seu sorriso ardiloso, me faz sentir calafrios. Havia algo de muito ruim nos olhos dele, isso fazia com que meu estômago se revirasse.

— Hugo, isso não é da sua conta.

Seu maxilar trava, sua boca quase espumando de ira.

— Ai, é que você se engana, gatinha, tudo nessa Vila, incluindo você, é da minha conta.

Sinto minha garganta raspar quando tento cuspir cada palavra, demonstrando meu escárnio por ele.

— Eu não tenho nada com você, nunca vou ter, agora me solte.

Sinto seu aperto, se fechando cada vez mais em torno do meu pulso.

— Eu já tive muita paciência com você, gatinha, mas confesso que estou cansado.

— Vá para o inferno, agora me solte.

Seu rosto está a pouco centímetros de mim, sua respiração está queimando minha pela.
Fechei meus olhos, sentindo o pânico tomando conta de mim, quando uma voz áspera e alta, reverbera fazendo que ele me libere.

— Tire suas mãos dela!

Um Drake todo engravatado, cuspindo fogo, está parado lançando- farpas na direção de Hugo. Há mais dois, caras, com ele, pelas posturas, se trata de seguranças, já o terceiro, já tinha o visto com Drake.

— Quer dizer ao estrangeiro, que não entendo o que ele fala, e que é melhor ficar longe de mim.

Drake estava impaciente, mesmo quando Hugo se afastou, eu precisei intervir, ou ele faria uma besteira.

— Ele te machucou?

Seus olhos estavam por todo parte, me analisando a procura de algo, quando ele parou no meu pulso, seu maxilar trava, olhando para a marca roxo.

— Eu devia deixar meus seguranças, dar uma surra nesse cretino.

— Não vale a pena, por favor, estou bem.

Ele beija minha testa, carinhosamente, depois conversa com os seguranças e outro, cara.

— Jake, vou ficar bem, pode esperar no carro.

Quando todos se afastam, ainda estou tremendo, Drake me aperta forte contra seu peito.

— O que você tá fazendo aqui?

— Eu tinha negócios, aqui por perto.

Me afasto e o encaro desconfiada.

— Negócios, por aqui?

Ergo uma sobrancelha desconfiada, ele curva o lábio num meio sorriso, sabe que foi pego.

— Tudo bem, você venceu, talvez eu tenha insistido ao Jake, que desviássemos do caminho, só um pouquinho.

Mesmo apavorada, temendo que algo pudesse acontecer com ele, me sinto feliz por ele está aqui.

— Parece que de alguma forma, fiz bem, ou aquele canalha, teria te machucado.

A imagem de Hugo me segurando, seus olhos diabólicos, fez meu corpo estremecer.

— Esquece ele.

Ele segura meu queixo, examinando meu rosto.

— Tem certeza?

— Ele não vale a pena.

Drake abre um sorriso, e me envolve em seus braços.

— Vou subir com você, não confio nele.

Não adianta protestar, Drake segurou minha mão enquanto subíamos a viela, quando estávamos diante da porta, me lembrei que teria muito o que conversar com ele.

— Você precisa voltar agora?

Ele abre um sorriso lindo, seus olhos verdes, brilham como duas pedras preciosas.

— Tenho todo o tempo do mundo, quando se trata de você.

Não conseguia conter a felicidade.

— É sério, preciso mesmo falar com você.

Acabei de abrir a porta, e dou de cara com Eva, toda animada.

— Papai!

Sei que Drake, não consegue entender, quando ela fala, mas sente em seus olhos. É nesse momento, que tudo para, só restam eles, o pai que exibe um grande brilho nos olhos, um sorriso carregado de emoção, sentimentos. Ele se curva para ficar na altura do seu rosto.

— Oi! bonequinha.

Beija sua testa e a pega nos braços. Fico parada observando a interação de pai e filha, meu coração se enche de ternura.

— Princesa, mamãe precisa conversar com o papai.

Drake a coloca no chão, minha mãe aparece com as mãos limpando no avental.
Drake oferece seu sorriso, carregado de charme.

— Diga, oi para sua mãe, anjo.

Sorrio.

— Acredite, ela entende bem esse seu sorriso sedutor.

— Mãe, vou conversar com o Drake, pode olhar a Eva?

— Claro filha.

Minha mãe vai com Eva toda animada para cozinha, preparar biscoitos era algo que prendia sua atenção.

Mister PrazerOnde histórias criam vida. Descubra agora