Capítulo três

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Drake...

Nunca estive, tão animado, como naquela manhã. Acordei cedo, sem resmungar uma única vez, tudo que ocupava minha mente, era uma bela ruiva, com pontinhos no lindo rosto, olhos que mesmo triste, ainda possuía aquela cor vibrante. Tomei uma, ducha, quando enrolei a toalha em volta da minha cintura, senti o incomodo, o volume entre minhas pernas ainda não diminuirá. Me encarei no espelho, limpando o vapor. Eu devia, está louco, isso explicaria esse fascínio pela bela ruiva.
Ouço meu celular tocar e saio apressado, tenho certeza que se trata de Drew, meu irmão.
Respiro fundo, controlando a ansiedade dentro de mim.

— Alô?

— Fala sumido!

Deixo um sorriso surgir no meu rosto. Conversar com meu irmão, tornava a distância menor, podendo matar um pouco da saudade que me afligia.

— Como andam as coisas?

Pergunto, na esperança que nossos pais tenham compreendido minha escolha, contudo, o silêncio que pairou do outro lado da linha, me respondia boa parte dessa dúvida.

— Pelo seu silêncio, percebo que nada mudou.

Ouço ele suspirar.

— O que você quer que eu diga, Drake?

Me movo até a pequena janela, e paro admirando a extensão de areia branquinha, se fundindo num imenso azul cristalino.

— Como andam as coisas, na Fazenda?

— A parte administrativa, está muito bem, mesmo assim, nosso pai insiste em lembrar, que é você que deveria está aqui.

Esfrego meu rosto. Aquilo nunca mudaria, às vezes eu queria voltar e gritar para meu pai, que Drew era a pessoa apta para administrar seus negócios. Meu irmão sempre teve paixão em trabalhar na propriedade, o que era injusto, pois meu pai não reconhecia seu esforço.

— Drake?

— Desculpe, só estava pensando.

— Quando pretende voltar, mano?

Essa era a única pergunta, para qual não tinha uma resposta, já que meus pensamentos resolveram ser invadidos por uma linda ruiva de olhos tristes.

— Não sei, preciso de mais tempo.

Ouço seu suspirar, com um certo pesar.

— Tudo bem, mas está cada vez mais difícil de segurar as feras.

Abro um sorriso. Eu sabia disso, e era grato por ter meu irmão Drew, éramos os melhores amigos, lutando um pelo outro sempre.

— Obrigado, preciso ir, tenho trabalho.

— No que está trabalhando?

Drew, pergunta curioso.

— Num bar, a beira-mar.

— Quem diria. "Mister", trabalhando de servir mesas.

Sorrio. Ninguém fazia ideia, da existência desse título, muito menos que eu era o filho mais velho, de um barão do Café.

— Aqui, sou somente o Drake, um viajante.

— Ok, então, boa sorte, aventureiro.

Sorrio. Nos despedimos, e sigo para me arrumar, estava ansioso, com a esperança de ver uma ruiva.

********

Tentei me concentrar no trabalho, preparando algumas bebidas e servindo um novo grupo de turistas. Me desvencilhei de algumas investidas. A mesma loira que vinha toda fogosa para o meu lado, estava sentada com um grupo de amigos, seus olhos sempre desviavam na minha direção, por vezes, ela lambia os lábios, piscava, tudo enquanto me devorava com seus olhos ardilosos.

— A loira ali, está implorando por você, caro amigo.

Reviro meus olhos e me viro para encara-lo.

— Rupert, como foi sua noite?

Ele esboça um sorriso todo presunçoso.

— Você tinha razão.

Ergo uma sobrancelha e o encaro intrigado.

— Tinha?

Vejo ele revirar os olhos, tenta conter um sorriso, mas é tarde demais, eu o flagrei.

— Para de ser presunçoso. "Mister", perfeição.

A menção daquela simples palavra, me rouba o sorriso, me deixando tenso.

— Caramba! Você está pálido.

Pisco meus olhos, tentando me recompor, sei que esse meu comportamento, levantará suspeitas.

— Só, não me chame assim.

Digo, já me movendo até o outro lado do bar. Meus olhos buscam por ela, mas nada. Solto um breve suspiro, afinal, o que há de errado comigo, porque esse fascínio por uma garota estranha, mau tenho tempo para concluir meus pensamentos, meus olhos se erguem dando para a visão perfeita, aquela que invadiu meus sonhos durante toda a noite. Lá está ela, seus olhos tristes, vasculham o lugar, nervosos, suas mãos se apertam, segurando o tecido do vestido branco, aquele que molda seu corpo perfeitamente, seus cabelos ruivos, estão presos no alto. Era a visão de um Anjo, tímida, assustada.
Dou a volta no balcão, sem me importar com mais nada e me movo até está diante dela.

— Oi?

Seu rosto é tomado por um rubor, isso faz meu sangue se aquecer.

— Oi?

Olhos verdes e brilhantes, me examinam cuidadosamente. Aproveito o momento para analisar o quão ela é perfeita, mesmo com esse manto triste sobre as pedras preciosas que me olham.

*********

Estico minha mão, gesticulando para que me siga, queria ela perto de mim, quando meu horário chegasse ao fim, a levaria para uma volta sob a luz do dia.
Ela se acomoda num banco na ponta do balcão.

— O que quer tomar?

Pergunto ansioso para ouvir sua voz.

— Desculpe, só vim ver mesmo, não posso beber.

Franzo a testa, eu não a deixaria sem uma bebida, o dia estava quente e pedia algo refrescante.

— Te preparo uma vitamina, sem álcool.

Ela morde o lábio, desviando os olhos rapidamente.

— Desculpe, mas não posso...

— É por minha conta.

Ela cora ainda mais.

— Não posso aceitar.

Ela era mesmo desconfiada. Respiro fundo e a encaro.

— Emanuelle, por favor, é só uma gentileza.

Ela me olha, seus olhos cheios de dúvida, volto a insistir, toco de leve em sua mão, ela retrai.

— Tudo bem, obrigada.

Esboço um sorriso e me viro para preparar sua bebida, encontro Rupert me encarando com a testa franzida.
Não demora muito e ele já está parado ao meu lado.

— Quem é a turista?

— Uma turista.

Respondo, sarcástico.

— Espertinho!

Deixo um sorriso surgir no meu rosto.

— Ela é linda.

Rupert, era uma raposa, sempre se esgueirando, sentia haver algo, mesmo nunca insistindo, sabia que ele desconfiava desse meu estilo louco de vida.

— Sim, ela é linda.

— Uau, alguém está mexido aqui, e parece ser recíproco.

Ele volta sua atenção para Emanuelle, meus olhos seguem, dando de cara com os seus, vidrados em mim, ela cora, não consigo disfarçar meu sorriso de satisfação.

— Tá rolando algo?

Rupert, volta a questionar.

— Eu a conheci ontem, estava no mesmo bar que nós, depois fui sair para dar uma volta antes de dormir e a vi na praia.

Deixo de fora, o fato que a encontrei chorando, que fiquei fascinado por ela, de uma forma assustadora.

— Caramba! Parece aqueles filmes clichês, que sempre assistimos para agradar uma garota.

Reviro meus olhos, em resposta a sua comparação nada original. Termino a bebida de morango, e me viro ao encontro de Emanuelle, paro quando noto um, cara a incomodando, meus pés simplesmente voam até estarem próximo a ela.

— Com licença!

Digo, deixando a bebida de frente a ela. O cretino me encara, é um daqueles turistas cheios de pretensão, que viajam, com a intenção de fazer suas caças, deixando um rastro de desonra por onde passa. Esse é a categoria de verme, que trata uma mulher, unicamente como objeto de seu prazer.

— Não pedi nenhuma bebida, garçom.

Cerro meu punho, ainda encarando o babaca.

— Emanuelle, pronta para dar uma volta?

Ela me encara assustada.

— Hã! Tudo bem.

Ela se levanta, então vejo a mão do babaca segurar seu braço.

— Qual é gatinha, pensei que iria me mostrar seu gingado, ouvir dizer que as brasileiras, fazem loucuras.

Olho a expressão de mágoa e desprezo, tomando conta de seu lindo rostinho.

— Se não soltar o braço dela, mostrarei para você, o gingado do meu punho.

O cretino, arregala os olhos, me encarando, mas eu juro que estou a poucos segundos de fazer uma merda.
Ouço Rupert, parando ao meu lado.

— Pode ir almoçar, cara, eu fico por aqui.

Sei que ele está tentando evitar algo sério, mas eu não ligo de meter a porrada nesse cretino. Por mais que estivesse tentado, uma voz melosa, acaba chamando a atenção do cretino, uma loira peituda, surge.

— Ei gato, cadê nossas bebidas?

Aproveito o momento, para dar a volta e segurar a mão de Emanuelle. Sua mão estava fria, podia sentir a tensão, conforme nos movíamos para fora do bar.

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