Capítulo treze

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Drake...

Jake não parou de me encarar, durante o trajeto até o hotel, eu sabia que assim que acordasse, o encontraria parado na minha porta.

— Bom dia, Jake!

Ele ergue uma sobrancelha, suas mãos estavam nos bolsos da calça.

— Isso depende. "Mister".

Lanço um olhar o repreendendo.

— Sem rodeios, Cadman, comece a falar o que foi tudo aquilo.

Eu me movo até a mesa posta na sacada, eu realmente esperava tomar meu café, apreciando a paisagem da sacada. Ouço Jake se mover logo atrás, me seguindo feito um cão farejador.

— Qual é o problema em dizer meu nome?

Me sento, e tomo um longo gole de café.

— Pare, não vai conseguir me enrolar.

Solto um longo suspiro.

— Eu conheci Emanuelle, há três anos, quando estava na Flórida.

Jake continua me encarando.

— Eu fiquei fascinado por tudo nela, e algo sempre me levava até ela, então nos envolvemos, eu a queria como nunca quis ninguém, então, aconteceu aquilo com meu irmão, tive que voltar no dia que diria a ela, que estava apaixonado.

Jake solta um suspiro longo, antes de falar.

— Por que estou sentindo, que há um mais nessa história.

Ele não estava errado.

— Descobri ontem, que tenho uma filha.

Deixo um sorriso bobo surgir no rosto.

— No dia do aniversário dela.

Jake abre a boca, parece estupefato com o que acabei de contar, eu diria que sua reação foi bem mais chocada que a minha.

— Merda!

Ele fica de pé, se movendo de um lado a outro, agarrando os cabelos.

— Sua reação é um pouco exagerada, não acha?

Ele joga a cabeça para trás, havia algo de errado, eu sentia no modo como Jake estava tenso.

— Ok, agora é você que me deve uma explicação, Jake.

Ele passa as mãos, nervoso nos cabelos e volta a se sentar.

— Seu pai, essa reunião no fim de semana, é com um exportador importante, tem uma filha da sua idade.

Fico de pé, derrubando a cadeira.

— Sério, estou numa maldita armadilha, é isso?

Jake parece envergonhado, culpado.

— Ele achou, que seria a hora de você parar de brincar de casinha com sua cunhada.

Soco a parede, deixando a raiva ferver.

— Porra! Eu não tenho nada com a Molly.

Jake revira os olhos.

— O quê? Acha mesmo que eu teria algo com...

Jake ergue as mãos.

— Drake, você já parou para pensar, que talvez ela tenha criado uma fantasia sobre vocês, morando juntos, todo esse tempo.

Porra, eu sabia a resposta para isso, e agora com meu silêncio, sabia que Jake entendera tudo.

— Que seja! Eu nunca dei a entender, que queria algo com ela, mas também não disse estar procurando alguém.

— Seu pai, só esta tentando o que é melhor para você.

Solto uma risada carregada de sarcasmo.

— Não vai me dizer, que acredita realmente nisso, Jake.

Ele nega com a cabeça.

— Ótimo, porque agora, tenho muito o que resolver, tenho uma filha, porra, uma filha, Jake.

Ele abre um sorriso.

— Esse entusiasmo todo, tem só a ver com a filha?

A lembrança de Emanuelle sorrindo, o modo como a fiz gozar, se contorcendo sobre mim, isso já fazia o incomodo na minha calça aumentar.

— Tudo bem, não precisa responder.

Ele exibe um sorriso, depois se despede e sai. Eu só tinha algumas horas até, encontra-las, o nervosismo começava a me dominar.

                     *********

Minhas mãos estavam suadas, conforme o carro parava diante da mesma rua estreita. Agora durante a luz do dia, eu podia ver o quão precário era o lugar. As ruas revestidas por pedras grandes, estavam deterioradas em pequenos pontos, haviam casinhas amontoadas, a maioria não possuía sequer acabamento. Eu estava começando a ficar agitado, meus olhos grudados na rua estreita e ingrime. Soltei um suspiro longo quando as avistei. Elas eram lindas, Eva, parecia cheia de energia, estava movimentando os bracinhos, enquanto falava algo, Emanuelle sorria sempre em resposta. Às duas mulheres, vindo de encontro a mim, faziam meu coração dançar no peito, despertando de uma longa hibernação. Eva vestida um vestido branco com estampas florais, um laço em seus cabelos a fazia parecer uma boneca. Emanuelle usava um vestido verde, de alcinha, seus cabelos ruivos, estavam presos num coque.
Desço e abro a porta para elas, Eva me olha desconfiada e Emanuelle esta nervosa, mordendo o lábio.

— Vocês estão lindas.

Eva entende o elogio, acaba agradecendo com um lindo sorriso.

— Vamos com calma, por favor.

Emanuelle fala, entrando no carro.

Calma, tudo que eu queria era gritar para o mundo que eu era o pai daquela garotinha, mas iria com calma, não queria estragar essa oportunidade.

Durante o trajeto, perguntei sobre os lugares, se havia algum onde pudéssemos conversar enquanto Eva se divertisse.
Ela indicou um parque, pedi ao motorista que seguisse o endereço.
Assim que o carro parou, Eva se empolgou, seus olhinhos brilhantes não piscavam, olhando para os brinquedos. A segurei em meus braços, agora ela estava desperta e me observando com a testa franzida, eu queria poder conversar com ela, dizer tanta coisa.

— Ela é linda.

Digo com um sorriso bobo.

— Parece você.

Emanuelle abre um sorriso. Era tão nítido o orgulho dela.

— Você vai notar, que a semelhança entre vocês é bem maior.

Sorrio encarando dois olhinhos verdes e curiosos, suas bochechas rosadas.

— Quer brincar?

Me arrisco, perguntando diretamente para ela. Pelo seu sorriso, noto que entendeu perfeitamente.

— Ela entendeu isso?

Emanuelle revira os olhos.

— Com certeza, ela entendeu isso.

— Garota esperta.

Falo, tocando a pontinha do seu nariz arrebitado, isso arranca uma risada que faz meu coração se encher de ternura.

Quando chegamos num cercado, cheio de bolinhas, Eva saiu correndo. Ficamos ali parados, observando ela interagir com as outras crianças. Seu carisma, cativa rapidamente as outras.

— Então, você não veio ao Brasil, somente a passeio, presumo.

— Não, vim a negócios.

Ela ergue uma sobrancelha, me encarando com curiosidade.

— É uma longa história.

Ela cruza os braços, voltando sua atenção para Eva.

— Temos tempo.

Ela diz.

— Estou mais interessado em nós, Emanuelle, digo, preciso conhecer minha filha, quero que ela saiba quem sou.

— E depois, Drake?

Eu a encaro duramente, tentando entender onde ela quer chegar.

— E depois, ainda vou ser o pai dela, Emanuelle.

Ela baixa o olhar.

— Você precisa entender, só estou tentando, protege-la.

Aquilo não era bem o que eu esperava, nem estava acreditando no que estava ouvindo.

— Por que acha, que não quero o mesmo para ela, Emanuelle?

— Você nem sabia da existência dela, se não fosse essa sua vinda, e aquele encontro bizarro, você nunca saberia.

Recuo para olhar diretamente em seus olhos.

— Então, é isso, estraguei seus planos, aparecendo aqui?

— Eu não disse isso, Drake.

— É quase a mesma coisa, Emanuelle, porque se eu não tivesse aparecido, você iria atrás, me contaria, não por mim, que pelo visto não mereço, mesmo me abrindo com você, mas ela, tem o direito.

Seus olhos se fecham, ela solta um longo suspiro.

— Sabe, todos esses anos, pensei em você, diariamente, sonhei no dia em que te encontraria, mas nunca imaginei que seria assim.

Ela solta uma risada.

— E como pensou que seria, Drake, eu inocente, me atirando na sua cama?

Meu peito se aperta, todas as imagens felizes, se desfizeram com seu olhar cheio de mágoa.

— Eu não vou mentir, Emanuelle, sonhei sim, me afundando em você, a fazendo gritar enquanto ardia em êxtase, mas em todos meus sonhos, você era a Emanuelle doce, aquela que conheci.

Seus olhos se enchem de lágrimas, ela tenta disfarçar, mas eu vejo.

— Eu tive que amadurecer e muito, Drake, meu motivo, esta bem ali.

— Também tive que amadurecer, renunciar a tudo, perdi algo que nem imaginava existir.

Olho para Eva, meu coração chega a sangrar, imaginando como seria te-la pega em meus braços, assim que ela nasceu.

— Assim que você partir, ela o perderá, de novo.

— Isso é mentira.

— Drake, como vou explicar a ela, que seu pai, não poderá esta aqui por perto, entende, enquanto vou dar a ela, terei que, tira-lo dela.

Eu quero gritar na cara dela, dizer que nunca me passou pela cabeça deixa-las aqui, eu as quero comigo.

— Vocês viriam comigo.

Ela abre a boca para responder, mas para ao perceber que falo a verdade.

— Isso é loucura, Drake.

— Você não entendeu ainda, encontrar vocês, foi uma segunda chance, não vou deixar escapar.

— Você é louco!

Essa reação, também não era a que eu esperava, talvez o tempo tivesse sido completamente diferente para ela, talvez eu tivesse me prendido na esperança de revê-la.

— Você tem alguém?

Ela até parece ofendida.

— Não!

— Então, penso que me enganei, desculpe, só acreditei que talvez aquilo que vi nos seus olhos, fosse algum sentimento por mim.

Ela desvia seus olhos.

— Me fala Emanuelle, então eu paro de sonhar com você e tento seguir.

Ela morde o lábio, ainda desviando seus olhos, seguro seu queixo e forço a me olhar, eu queria ver a verdade em seus olhos, por mais que doesse.

— Diga, eu prometo não insistir mais.

Diminuo a distância entre nós, deixando nossos corpos próximos. Meu dedo traça seu lábio macio, sentindo meus lábios umedecer, desejando sentir o gosto dos seus.

— Diga, Emanuelle.

— Você sabe.

Curvo meu lábio num meio sorriso.

— Sei o quê, Emanuelle?

Sussurro próximo a seu ouvido.

— Eu nunca me esqueci de você, Drake.

Meu sorriso se torna amplo, não resisto, encosto meus lábios nos dela, traçando com a ponta da língua, minha calça se aperta, com o gemido que escapa de sua boca.

                   ******

Se não fosse pelo lugar, eu a prenderia contra meu corpo agora mesmo.

— Você tem sorte de estarmos cercados por crianças, anjo.

Ela cora, deixando o rubor se espalhar pelo seu lindo rosto, nunca pensei que pudesse sentir tantas saudades de vê-la corar ao som da minha voz.

— Drake!

— Senti falta disso, anjo.

Ela abre um sorriso.

— Ainda temos muito que conversar, Drake.

— Eu sei, mas quero te levar para jantar.

— Vou ver com minha mãe, ou meu irmão.

Ergo uma sobrancelha a encarando.

— Vai pedir permissão ao seu irmão?

Ela revira os olhos sorrindo.

— Vou pedir, para cuidarem da Eva.

— Ah!

A vozinha de Eva nos interrompe, bem a tempo de eu roubar outro beijo.
Fico olhando ela conversando com Emanuelle, eu queria participar da conversa, entender tudo que às duas falam, mas não sabia nada do idioma brasileiro.

— Ela está perguntando, se você quer brincar com ela, no carrossel.

— Claro.

Abro um sorriso e estico minha mão, ela segura, seguimos até o carrossel onde a coloquei num cavalo rosa, que ela escolheu, depois me ajeitei num ao seu lado. Quando o carrossel começou a girar, ouvi seu risinho.
Eu estava ali, vivenciando aquele momento, parece que os últimos acontecimentos, nunca ocorreram, até aqui.
Quando Eva se cansou dos brinquedos, nos dirigimos até uma lanchonete onde pedimos lanches, o sabor era incrível.
Enfim, a exaustão se abateu sobre a pequena, adormeceu nos meus braços enquanto seguimos até o carro.

                    ******

Subi com Eva em meus braços e Emanuelle ao meu lado, havia algumas pessoas no caminho, todos com olhares curiosos. Estávamos quase de frente a casa dela, quando a voz de um cara, nos parou.

— Emanuelle?

Ao olhar na direção da voz, o reconheci do festival, exibia o mesmo sorriso sarcástico.

— Hugo.

Ele me encara de cima a baixo e volta a falar com ela, não entendo o que diz, mas seja o que for, não agradou Emanuelle e isso me deixa puto. O cretino se vira, antes de seguir me encara novamente.

— Quem é esse babaca?

— Ninguém.

Eu não acredito, vejo a tensão em seus ombros.

— Ele é perigoso?

— Lembra quando me viu chorando, alguns anos atrás?

Sinto meu corpo estremecer, ao me lembrar do pânico e as lágrimas em seus olhos.

— Era esse cretino, por causa dele?

Ela respira fundo.

— Ele acha, que vou ceder, ficando com ele em algum momento, já tentou de tudo, ele me assusta.

— Eu acabo com ele, se chegar perto de vocês.

— Drake, por favor.

— Não gosto dele, anjo.

— Também não, meu irmão o odeia.

— Eu nem conheço seu irmão e já gosto dele.

Ela abre um sorriso e abre a porta, entro com Eva em meus braços, sou recebido por uma senhora feliz, claro que não entendo nada.

— Essa é a minha mãe.

Sorrio, cumprimentando-a com a cabeça. Elas falam mais uma coisa e depois Emanuelle me segue até o quarto. Ponho Eva na cama e volto minha atenção para ela.

— Então, vai jantar comigo, hoje?

Ela sorri.

— Não pode ser amanhã?

— Tenho um jantar de negócios amanhã.

— Onde exatamente, você vai me levar?

Abro um sorriso, eu tinha meus planos em mente. Me movo até ficar diante dela, seguro seu queixo e encosto meus lábios nos dela, saboreando, me perdendo no néctar do seu beijo. Quando nos separamos, estamos ofegantes, preciso me controlar, ou acabaria com ela erguida em volta do meu quadril.

— Céus, quando eu me enterrar em você, anjo.

Ela morde o lábio, corando.

— Tem noção de quanto tempo, sonhei com isso?

Ela ergue uma sobrancelha, incrédula.

— Esta me dizendo, que esses três anos você...

Sorrio.

— Não conta, sabe, minhas próprias mãos.

Ela deixa um sorriso lindo surgir no rosto. Minha curiosidade aguça, eu precisava saber.

— E você, anjo, alguém te tocou?

O rubor se espalha por todo seu rosto, algo me dizia, que eu não era o único a usar as mãos.

— Você vai ter que mostrar, anjo.

— Você é um pervertido.

Pisco, exibindo um sorriso, cheio de malícia. A beijo mais uma vez, antes de seguirmos até a sala, onde me despeço dela, ansioso para nosso jantar, logo mais, eu tinha muitos planos para essa noite, o maior deles, era me afundar nela, por quanto tempo fosse possível. Eu queria muito mais, eu as queria na minha vida, e agora que as encontrei, teria que arrumar um jeito, de leva-las comigo. A lembrança de Molly naquela noite, ainda me atormenta, eu estava evitando pensar nisso, mas sabia que teria muito que resolver, assim que voltasse.

Mister PrazerOnde histórias criam vida. Descubra agora