Primeiro Ataque

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Desapontada com a resposta, decidi entrar no jogo do Du e da Paty. Acho que estavam a ver quem conhecia mais letras das músicas que passassem no rádio.

Acabámos por adormecer, embalados pelos solavancos que o carro dava na estrada que agora já não era de alcatrão, e sim de terra batida...

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O carro parou. Acordei com algumas dores no pescoço pela posição em que estava. Olhei para o relógio do carro: 18:45h. Estava quase na hora do encontro. Decidi tentar localizar-me, visto que a minha mãe tinha-se negado a fazê-lo e fiquei boquiaberta com o que vi.

Havia uma casa de madeira de dois andares maior que a minha residência. Eram visíveis grandes janelas distribuídas pelas paredes, que tinham a função de deixar entrar bastante claridade durante o dia e ver o céu e as estrelas à noite. À frente da casa, do lado direito, existiam algumas mesas de piqueniques e duas churrasqueiras e, do lado esquerdo, já um pouco afastado, podiam ver-se muitos outros carros estacionados. A habitação estava localizada no meio de um bosque, e rodeada de vários  pinheiros altos. Para melhorar, o efeito que o crepúsculo passou foi brilhante: de um lado o sol ainda batia na casa e do outro já havia quase que exclusivamente sombra.

-EI! ESTÃO A OLHAR PARA O QUÊ? DESPACHEM-SE QUE JÁ CHEGARAM TODOS! - dei até um pulo de susto. Olhei e vi Hannah a gritar que nem uma louca da ombreira da porta.

Entramos e estava tudo muito bem decorado. As salas eram espaçosas, com móveis vintage encostados às paredes e quadros com paisagens presos nelas. No Hall de entrada estavam umas escadas largas, em caracol que levavam ao andar de cima.

Deduzi que não era a primeira vez dos meus pais aqui visto que eles avançaram como se conhecessem a planta daquela casa há imenso tempo. Avançamos para a sala do lado que parecia um salão para festas. Era uma área ampla dividida em dois espaços: de um lado existiam vários sofás, com mesinhas de centro e uma TV gigante e do outro, não havia muita coisa, apenas um mini palco e uma mini-bar de bebidas e alguns doces.

Quando parei para analisar as pessoas, até me faltou o ar. "Não, não, e não!" foi a única coisa que consegui pensar. Haviam pelo menos 50 pessoas naquela sala enorme, sem contar as que estavam espalhadas pelos outros cómodos! Se eu sou timida para apresentar trabalhos à minha turma de 26 pessoas, como é que é suposto eu falar com estas todas?! Sinceramente, estava aterrorizada. Mas não ia deixar ninguém ver. Respirei fundo e forcei um sorriso, tentando parecer alegre por estar ali.

Senti alguém me dar a mão:
-Relaxa, mana, vai tudo correr bem.

-Hãn?! Ah, és tu. Não me voltes a assustar assim!!! E eu estou relaxada desde que chegamos.

-Não estás não. Por alguma razão sei exatamente como te sentes. De alguma maneira consegui perceber, mesmo por trás dessa tua atuação toda. A propósito, já pensaste seguir carreira de atriz? Acho que te sairias bem...

Sorri-lhe. Estava prestes a dizer-lhe que aqueles eram sinais de que a sua telepatia estava a começar a desenvolver-se, quando a Patrícia nos chamou para irmos ter com ela.

Juntámo-nos num canto mais afastado para não ficarmos no meio da confusão.

-Onde estamos? Que lugar é este? - não me contive e perguntei.

-Este, Lena, é o esconderijo/abrigo que os primeiros bruxos escolhidos construíram para esconder e abrigar os seus apoiantes, de modo a não sermos encontrados pelos, agora vossos, inimigos. Não é incrível este lugar?

O Irmão PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora