Guerra? Muito Provavelmente.

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Sentimos ambos comichão no braço. A segunda marca estava a aparecer.

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-Mãe! - gritei assim que entramos na sala onde os nossos pais e a nossa prima estavam.

Olharam todos na minha direção. Mostrei-lhes o braço. O Du fez o mesmo.

-Já? - o meu pai estava espantado - Os últimos bruxos "escolhidos" demoraram 1 mês para que o seu segundo elemento se manifestasse!

-Não é esse o ponto agora. - exclareci - o meu quarto está cheio de plantas a crescer por todo o lado. Dá para reverter, não dá?

Eles foram ao meu quarto ver o grau de gravidade no momento.
-Bem.... Normalmente só dá para reverter quando já se domina o elemento em questão...

-O quê???

-É o que ouviste. Mas não está muito grave. Nós podemos chegar a tua cama para o lado e tu passas a dormir encostada à parede até controlares o elemento terra. E sou eu quem vos vai treinar. - a minha mãe falou.

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Já estávamos no jardim de minha casa para começar o treino.

-O elemento da terra tem várias formas de manifestação e todas elas dependem do momento e do sentimento. Por exemplo: - ela sentou-se também e fez uma flor crescer. - Para fazerem plantas crescerem é preciso algo como o sentimento de compaixão. Para fazer com que algumas rochas do solo levitem - ela arrancou algumas rochas do chão com a mente e atirou-as ao muro para exemplificar - é necessário algo como a raiva, mas não tão forte como a que é necessária para o fogo. E por fim, para fazer o crescimento de raízes, que é muitas vezes utilizado para prender inimigos durante as batalhas, é necessário o sentimento de medo, ódio ou rancor. - ela prendeu os nossos pés com raízes, como exemplo, mas logo a seguir soltou-os.

-Costumam haver muitas batalhas?

-O quê?

-Disseste que o crescimento de raízes é muitas vezes utilizado para prender inimigos em batalhas, mãe, costumam haver muitas? - repeti

Ela deu-me um sorriso triste:
-Gostava de te poder dizer que não, mas isso seria mentir e eu não vos quero mentir mais. Sempre que algum bruxo com mais do que um elemento nasce, costuma haver uma guerra, pois muitos acham uma injustiça. E é bem provável que haja uma, por isso queremos treinar-vos o mais rápido possível.

Troquei um olhar significativo com o Du e continuamos o treino.

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2h depois:

Já dominávamos o elemento da terra o melhor que conseguíamos, mas as raízes e as rochas ainda não tinham força suficientes para serem usados em combate.
Já eram 16h e fomos para os nossos quartos, pois já estávamos cansados do treino.

Tomei um banho e desci para comer alguma coisa. Quando voltei para cima, ouvi um choro que vinha do quarto dos meus pais. Devido à curiosidade, aproximei-me e era a minha mãe. Encostei o ouvido à porta para perceber melhor a conversa:

-Vai ficar tudo bem. Eles são fortes e têm vários bruxos com eles que estão dispostos a tudo para os ajudar a vencer. - era o meu pai.

-Eu sei, mas ainda são muito novos e é bem possível que a guerra se dê logo depois de eles conseguirem todos os elementos. - ela fungou - Ainda por cima existem 20% a mais de bruxos que apoiam a morte deles. - O choro tornou-se compulsivo.

Não queria nem precisava de ouvir mais nada. Afastei-me lentamente da porta para não fazer barulho e fui até ao quarto do Du.

Contei-lhe tudo o que tinha ouvido e, apesar de a expressão dele não ter mudado muito, eu notei nos olhos dele um pouco de preocupação.

-Du... Achas que temos alguma chance de vencer? Temos apenas 15 anos...

-Claro que sim, Lena. Nós vamos conseguir. - ele tentou acalmar-me, mas ele próprio também estava com medo. Dei-lhe um pequeno sorriso que ele retribuiu.

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Estávamos todos a jantar em silêncio:
-Mãe... - ela olhou para mim. - E se não participarmos na guerra?

-Não é possível não participar, Helena. - Foi o meu pai quem respondeu.

Pousei os talheres e afastei o prato.

-Não tenho fome.

-Lena, não comeste nada - a Paty estava com uma cara preocupada. E ela tinha razao, eu não tinha comido nada. - Posso me levantar?

Ainda que estando contra, a minha mãe assentiu e eu subi para a biblioteca. Procurei um livro para ler e achei um chamado: "Registos de Guerras entre Bruxos". Peguei nele com a esperança de que ouvesse algum registo de uma guerra que não tenha chegado a acontecer, mesmo sendo suposto. Não havia nenhum. E o pior era que todos os registos diziam que a guerra tinha saído vitoriosa para os bruxos normais.

Arrumei o livro no lugar e voltei para o meu quarto onde me sentei ao pé da janela. Encostei a cabeça ao vidro frio e fiquei a ver a rua. Não sei bem quando, mas tinha começado a chover. Acabei por adormecer com lágrimas a escorrerem-me pelo rosto.

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Até ao próximo capítulo.
Bye---

O Irmão PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora