Emi
Permanecemos em Shimada por dois dias e, depois, voltamos a nos movimentar. Quando entramos nas terras do clã Ikeda fiquei nervosa. A saudade de minha avó era imensa. Queria ir para casa e abraçá-la, contar-lhe tudo o que estava acontecendo. Sabia que ela deveria estar aflita sem notícias minhas. Também, queria poder conversar com minha mãe e dizer-lhe que eu compreendia a maneira como ela agiu todos esses anos. Mas, eu não podia desistir agora. Enquanto andávamos, temi encontrar alguém que reconhecesse a mim ou a Chie. Se isso acontecesse, tudo o que passei até aqui seria em vão. Por ter me passado por homem, eu seria julgada como traidora e seria executada, nas mesmas terras em que nasci.
Foram três dias de avanço lento. Agradeci por não termos passado perto do vilarejo. E, quando chegamos a Okasaki, fiquei mais tranquila. Era dia 15 de outubro. Já haviam passado cinquenta e dois dias desde que Satoru desaparecera. Quanto menor a distância do exército inimigo, maiores eram as chances de encontrá-lo. Então, paramos de nos movimentar e o acampamento foi montado. Não! Não podíamos parar! Não agora! Eu sentia que estávamos próximos.
Eu mal dormi aquela noite. Em minha mente havia um turbilhão de pensamentos. Precisava encontrar uma maneira de seguir em frente, nem que fosse sozinha. Mas, para isso, teria que convencer meus superiores.
No dia seguinte, caminho pelo acampamento. Alguns homens treinam, mas a maioria descansa. Essa inatividade está me tirando do sério e não encontro algo para fazer de útil. Estou impaciente.
Ando de um lado ao outro, observando tudo com cuidado: se os homens estão com suas armas por perto e se os cavalos estão sendo bem cuidados. Fico apreensiva pela possibilidade de um ataque a qualquer instante.
– Akira! – chama o capitão.
– O que deseja, senhor?
– Você está bem? Parece irrequieto.
– Estou bem, mas ver esses homens descansando está me deixando nervoso. Não sabemos a que distância o inimigo pode estar.
– Isso é verdade. E, o que você sugere?
Ai estava a minha oportunidade e eu precisava agarrá-la firmemente.
– Alguns homens poderiam verificar as redondezas.
– Realmente poderiam. Algo mais?
– Eu poderia avançar e ver a que distância está o inimigo. Assim, não haveria a possibilidade de sermos pegos de surpresa.
– Por que você?
– Sou rápido, ágil e sei me esconder bem. Posso me aproximar sem que o inimigo perceba. O envio de muitos homens só chamaria atenção. Precisamos espioná-los sem que nos vejam.
– Quanto seria esse avanço?
– Eu não sei. Três ou quatro dias.
O capitão olhou a sua volta e, depois, me analisou. Minha postura passava confiança, apesar de estar morrendo de medo por dentro. Temia que ele negasse ou enviasse outra pessoa.
– Vá, mas leve um homem com você.
– Qualquer um?
– Quem você escolher.
– Levarei Riki comigo, senhor. Treinamos juntos e confio nele.
– Excelente escolha!
– Obrigado, capitão!
– Três dias de avanço e, em seguida, retorne. Não pretendemos ficar parados muito tempo. Enquanto isso, enviarei alguns homens para verificar o entorno.
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A samurai
Historical FictionJapão, 1600 d.C. Emi Tanaka é uma jovem simples que vive em um vilarejo nas terras do Senhor Tatsuo, do clã Ikeda. Emi é escolhida para trabalhar na casa dele e isso é uma honra para a sua família. Alguns meses depois, o filho do Senhor Tatsuo, o gu...