Emi
Sinto uma mão acariciando meu rosto.
– Por favor, fale comigo, meu amor.
A voz de Satoru entre como música em meus ouvidos. Sinto seus braços e seu corpo junto ao meu. Abro meus olhos devagar e vejo embaçado. Pisco algumas vezes para ficar a visão.
– Você está bem? – ele pergunta.
– Estou. – respondo.
– Fiquei com muito medo de lhe perder.
Vejo ao amor em seus olhos. Queria apenas ficar em seus braços. Mas, lembro-me que estamos no meio de uma batalha. Sento assustada, tentando pegar minha katana. Ele segura meu braço com carinho.
– Calma! Já acabou! Nós vencemos!
Olho em volta e vejo inúmeros rostos olhando para nós. Vejo Riki. Ele me olha confuso. Sabe que menti para ele. Está estampado em seu rosto. Ele vira e sai andando.
– Riki! – eu o chamo.
Ele não olha para trás. Tento me levantar para ir atrás dele, mas ainda estou um pouco zonza.
– Depois, você fala com ele. – diz Satoru.
Meus olhos marejam.
– É uma mulher? – um homem pergunta para outro.
– Sim. Que absurdo!
– Decapitem a cabeça dela! – alguém grita.
– Isso! – alguns concordam.
Satoru se levanta e me ajuda a ficar em pé. Ele coloca-se a minha frente e segura a empunhadura da katana, pronto para atacar caso alguém venha para cima de mim.
– Essa mulher salvou a vida de vocês! – ele grita.
– Que absurdo! – alguns dizem.
– Se ela não tivesse me libertado, não teria conseguido avisá-los que Mitsunari pretendia atacá-los pela retaguarda. Então, sim, ela salvou a vida de todos nós.
Os homens permanecem calados.
– Quero saber o que está acontecendo aqui? – uma voz ecoa de trás dos homens.
Os homens começam a abrir caminho para quem havia falado. Um burburinho é ouvido e consigo discernir o nome de Tokugawa. Será que é ele?
– Quem é esse? – ele pergunta.
– Vocês me conhecem como Akira Harada, senhor. – respondo.
– Seus feitos chegaram até meu conhecimento.
Pela sua fisionomia não sei se isso é algo bom ou ruim. Ele olha sério para mim.
– Ouvi dizer que é uma garota.
– Sou uma mulher, senhor.
Percebo um leve puxar no canto de seus lábios. Estaria ele segurando um sorriso?
– Decapitem-na! – alguém grita.
Tokugawa olha para trás, na direção de onde veio o grito.
– Acho que essa decisão só cabe a mim e aos meus comandantes.
Ele coloca as mãos para trás e caminha de um lado ao outro. Todos permanecem calados, observando-o.
– Estou tentando entender como veio parar aqui.
– Eu vim por ele. – falo colocando a mão no braço de Satoru.
– Ele? Por quê?
– Porque o amo, senhor.
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A samurai
Historical FictionJapão, 1600 d.C. Emi Tanaka é uma jovem simples que vive em um vilarejo nas terras do Senhor Tatsuo, do clã Ikeda. Emi é escolhida para trabalhar na casa dele e isso é uma honra para a sua família. Alguns meses depois, o filho do Senhor Tatsuo, o gu...