Capítulo 22 - Passado

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Emi

Sinto uma mão acariciando meu rosto.

– Por favor, fale comigo, meu amor.

A voz de Satoru entre como música em meus ouvidos. Sinto seus braços e seu corpo junto ao meu. Abro meus olhos devagar e vejo embaçado. Pisco algumas vezes para ficar a visão.

– Você está bem? – ele pergunta.

– Estou. – respondo.

– Fiquei com muito medo de lhe perder.

Vejo ao amor em seus olhos. Queria apenas ficar em seus braços. Mas, lembro-me que estamos no meio de uma batalha. Sento assustada, tentando pegar minha katana. Ele segura meu braço com carinho.

– Calma! Já acabou! Nós vencemos!

Olho em volta e vejo inúmeros rostos olhando para nós. Vejo Riki. Ele me olha confuso. Sabe que menti para ele. Está estampado em seu rosto. Ele vira e sai andando.

– Riki! – eu o chamo.

Ele não olha para trás. Tento me levantar para ir atrás dele, mas ainda estou um pouco zonza.

– Depois, você fala com ele. – diz Satoru.

Meus olhos marejam.

– É uma mulher? – um homem pergunta para outro.

– Sim. Que absurdo!

– Decapitem a cabeça dela! – alguém grita.

– Isso! – alguns concordam.

Satoru se levanta e me ajuda a ficar em pé. Ele coloca-se a minha frente e segura a empunhadura da katana, pronto para atacar caso alguém venha para cima de mim.

– Essa mulher salvou a vida de vocês! – ele grita.

– Que absurdo! – alguns dizem.

– Se ela não tivesse me libertado, não teria conseguido avisá-los que Mitsunari pretendia atacá-los pela retaguarda. Então, sim, ela salvou a vida de todos nós.

Os homens permanecem calados.

– Quero saber o que está acontecendo aqui? – uma voz ecoa de trás dos homens.

Os homens começam a abrir caminho para quem havia falado. Um burburinho é ouvido e consigo discernir o nome de Tokugawa. Será que é ele?

– Quem é esse? – ele pergunta.

– Vocês me conhecem como Akira Harada, senhor. – respondo.

– Seus feitos chegaram até meu conhecimento.

Pela sua fisionomia não sei se isso é algo bom ou ruim. Ele olha sério para mim.

– Ouvi dizer que é uma garota.

– Sou uma mulher, senhor.

Percebo um leve puxar no canto de seus lábios. Estaria ele segurando um sorriso?

– Decapitem-na! – alguém grita.

Tokugawa olha para trás, na direção de onde veio o grito.

– Acho que essa decisão só cabe a mim e aos meus comandantes.

Ele coloca as mãos para trás e caminha de um lado ao outro. Todos permanecem calados, observando-o.

– Estou tentando entender como veio parar aqui.

– Eu vim por ele. – falo colocando a mão no braço de Satoru.

– Ele? Por quê?

– Porque o amo, senhor.

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