Emi
Assim que Chie se aproxima da casa, puxo suas rédeas para que diminua a velocidade.
– Mamãe! Vovó!
Eu salto de cima dela sem que tenha parado totalmente.
– Vovó! Mamãe! – grito novamente tentando me equilibrar para não cair.
A porta se abre enquanto subo os degraus até a varanda. Minha mãe olha assustada para mim. Eu me aproximo e a abraço, apoiando minha cabeça em seu ombro. Ela envolve-me com seus braços e ouço um soluço sair de sua garganta. Eu sei que ela está chorando.
– Minha menina, você está bem? – sua voz sai entrecortada.
– Desculpe-me, mãe! Eu precisava ir. Não queria ter pegado as coisas de papai escondido.
Ela acaricia minhas costas.
– Eu não podia me despedir. Temia que não me deixassem partir.
– O importante é que você está de volta, minha filha, que você está viva.
– Ah, mãe!
Um soluço sufoca minha garganta e caio no choro. Minha avó aparece e nos abraça.
– Que bom que você voltou, minha filha! – minha avó fala.
Ficamos abraçadas por algum tempo até ouvirmos o barulho dos homens e seus cavalos. Minha avó se afasta de nós e leva a mão ao peito.
– Não acredito! – ela diz baixinho.
Viro e vejo meu avô. Ele havia desmontado e seu capacete estava embaixo de seu braço esquerdo. Estava parado, olhando para minha avó. Olho para ela e, depois, para ele. Vejo nos olhos deles o amor que ainda existe ali, mesmo após passarem tantos anos longe um do outro.
– Com licença. – ouço Satoru falar.
Olho para ele e sorrio.
– Mamãe. Vovó. Esse é Satoru Ikeda.
– Prazer em conhecê-las, senhoras. Emi fala muito de vocês.
– Onde está minha educação! Venham, senhores. Entrem e lhes servirei um pouco de chá. - falou minha avó indo em direção a cozinha.
Satoru e meu avô sobem as escadas e se aproximam de mim e de minha mãe.
Dois homens se posicionam, um de cada lado da porta de entrada, enquanto o terceiro permanece com os cavalos.
– Venham. – minha mãe fala indicando para que entremos.
Meu avô a segue. Logo atrás, Satoru e eu. A porta da cozinha está aberta. Olho e vejo minha avó parada em frente ao fogareiro. Ela está com o olhar perdido.
– Vovó, precisa de ajuda?
Ela desperta de seu devaneio e sorri para mim.
– Não, minha filha. Não se preocupe.
Mas, eu estou preocupada. Ela me parece muito calma. Imagino que sua mente deve estar repleta de lembranças do passado e temo pela sua reação ao saber do que me aguarda. Não sei como contar a elas que em poucos dias irei partir e que, possivelmente, não voltarei. O meu destino será morrer pela katana de algum samurai de Tokugawa, que cumprirá as ordens sem piedade e, provavelmente, sentirá prazer em acabar com a traidora.
Satoru me olha apreensivo. Minha mãe está alheia a tudo. Não sabe que o homem sentado à sua frente é meu avô, pai de seu falecido marido.
Minha avó entra na sala trazendo o chá. Após servir todos, ela senta ao lado de minha mãe. O silêncio domina o ambiente. Apenas ouvimos o barulho do vento.
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A samurai
Ficção HistóricaJapão, 1600 d.C. Emi Tanaka é uma jovem simples que vive em um vilarejo nas terras do Senhor Tatsuo, do clã Ikeda. Emi é escolhida para trabalhar na casa dele e isso é uma honra para a sua família. Alguns meses depois, o filho do Senhor Tatsuo, o gu...