Capítulo 14 - Notícias

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Emi

Kazuo faz com que eu me sente em um baú de madeira onde guardam cobertas para os cavalos. Ele me olha aflito, sem saber o que fazer.

– Emi, não deve ter acontecido nada.

– Não, Kazuo! Haiden também sentiu!

– É impressão sua.

– Não! Eu também senti isso no dia em que meu pai morreu.

– Emi, eu sei sobre você e o senhor Satoru.

– Sabe? O que você sabe?

– Eu os vi aqui. Vocês não tomaram cuidado aquele dia. Eu entrei e o vi lhe beijar.

– Pelos deuses! Por favor, não conte a ninguém!

– Eu não vou contar! Não tenho nada a ver com isso! Na verdade, fiquei muito feliz! Você merece um homem honrado como o senhor Satoru. E ele, merece uma mulher guerreira e honesta como você.

– Ele rompeu comigo, Kazuo.

– O quê?

– Rompeu antes de partir. Ele disse que não me amava.

– Sério?

– Sim. Como pude me enganar?

– Você não se enganou, Emi. Eu vi a maneira como ele olhou para você naquele dia. Se aquilo não é amor, acho que perco as esperanças de um dia encontrar uma garota para mim.

Eu sorrio meio sem graça.

– Emi, tenho certeza do que eu vi. Ele a ama! Não tenha nenhuma dúvida disso!

– Mas, ele rompeu comigo.

– Provavelmente, com medo de que algo aconteça a ele.

– É! E aconteceu!

– Não fique preocupada, Emi! Se algo aconteceu, logo receberemos notícias.

– Espero que não recebamos nada e que tenha sido apenas um engano de minha parte! Mas, essa aflição não passa e Haiden também continua agitado.

– Vamos aguardar. Se eu souber de algo, lhe avisarei.

– Obrigada!

– Saiba que pode me procurar caso queira conversar. Eu sou seu amigo, Emi.

Eu levanto e o abraço.

– Obrigada!

As bochechas dele coram.

– Melhor irmos trabalhar. Não queremos levar uma bronca porque nosso serviço está atrasado.

– É verdade. Virei lhe chamar quando o desjejum estiver pronto. Até mais tarde, Kazuo!

– Até mais tarde, Emi!

Eu vou para a cozinha ajudar a senhora Issa. A aflição em meu peito me acompanha.

– Emi, está tudo bem? – ela pergunta.

– Sim, senhora.

– Você me parece estranha. Estava tão feliz e de um tempo para cá ficou triste.

Eu preciso disfarçar. Não posso deixar que mais alguém descubra a verdade dos fatos: Satoru havia sido o motivo da minha alegria, mas, também, pela tristeza que carrego comigo desde o dia  em que rompeu comigo e partiu. Ele levou consigo o meu sorriso e o meu coração. Uso a desculpa de sempre.

– Estou com saudades de casa.

– Você precisa ir visitá-las, Emi. Há mais de oito meses que está aqui e não foi lá vê-las. Não pode ficar tanto tempo assim longe de casa.

A samuraiOnde histórias criam vida. Descubra agora