Capítulo 43

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   Apolo abre a porta do carro para que eu desça. Olho em seus olhos ainda sem acreditar que ele não está mais atrás das grades e então, faço o que me pede. Ele estende a mão direita, me ajudando a sair e eu agradeço, ao ver que segundos depois fecha a porta. Saio na frente com os braços encolhidos, sentindo o frio me dominar levando as madeixas do meu cabelo para trás.

— Valentina, antes que começamos uma nova discussão, eu quero que saiba que não tive nada haver com o seu suposto rapto e se casar comigo por engano... — Eu o interrompo, erguendo o cenho ao cerrar os punhos.

— Nós vivemos em um mundo de mentiras, Apolo. E desde que cheguei a essa casa, eu fui forçada a amar o chefe da máfia. Que forçou várias vezes a barra comigo. Que me maltratava como se a mulher fosse um verdadeiro capacho do homem... — Digo, fazendo uma breve pausa. — E mesmo sem entender porque me tratava assim e, ao mesmo tempo me tratava bem, eu me arrisquei a viver uma nova vida ao lado de um homem que eu mal conhecia. E sabe o que mais? Me entregar por completa a ponto de me apaixonar, mesmo sabendo do perigo que eu estava correndo. E para a minha surpresa, descobrir que o meu casamento, na verdade nunca foi, um casamento forçado. Foi por engano.

   Ele se aproxima, pegando levemente em meus braços me fazendo olhar em seus olhos quebrando o silêncio.

— Eu posso ser a pior pessoa do mundo. O monstro que você me enxergava antes. Mas eu jamais faria isso nem que se fosse com outra pessoa, Valentina. Eu tenho todos os defeitos do mundo, mas eu não brincaria com os sentimentos de uma pessoa. Porque eu sei o tanto que é ruim perder alguém que ama e se sentir culpado pela sua morte. E mesmo pensando que era você atrás daquele véu que cobria aquele par de olhos, eu tentei negar a todo momento que eu não queria me envolver mais com ninguém. — Ele diz, alterando o tom de voz.

   Abaixo a cabeça aos poucos e mesmo assim, me força a olhar para ele outra vez.

— Nós dois fomos enganados sim, Valentina. Mas o meu amor por você sempre existiu. E sempre foi real, como é até hoje. Não me casei com a mulher do véu como era para ser o combinado, mas eu me casei com a mulher que me faz sentir vivo a todo momento. E mesmo que o Ícaro a levasse daqui, seja para qualquer lugar do mundo, eu iria até o inferno para te trazer de volta! Você precisa acreditar em mim. — Apolo acrescenta, com os olhos marejados.

   São tantas mentiras. Tantas pessoas a minha volta que eu nem sei mais em quem confiar. E algo tão sério como o que está acontecendo agora, poderia morrer tudo o que sinto por ele. — Penso, em silêncio deixando as lágrimas rolarem pelo rosto.

— Eu preciso ficar longe de você, Apolo. E você resolva o que tem que resolver. Porque eu não vou colocar o nosso filho no meio dessa guerra pra ver cabeças rolando no chão. E pode ter certeza, que ele não seguirá os mesmos passos do pai. E qualquer um que seja da família, qualquer outra pessoa que tente mudar o destino do nosso filho, terá que me enfrentar primeiro. — Rosno, possessa de raiva e dou de ombros ao entrar na mansão.

— Valentina, volta aqui! Você não vai a lugar algum e muito menos sair de casa! — Apolo grita, furioso comigo e mesmo sem me importar continuo a andar.

   Dou mais alguns passos a frente, quando me deparo com os tios de Apolo, Bruna e Romanos, todos me olhando, ao mesmo tempo. Permaneço no mesmo lugar, parada sem saber o que está acontecendo e Apolo chega logo após de mim.

— Valenti... Posso saber o que estão fazendo aqui? Eu não sabia que viriam. — Ele diz, com o tom de voz mais baixo.

   Sara se aproxima meio assustada e quebra o silêncio, me analisando de cima a baixo com os olhos.

— Viemos, porque não sabíamos quem tinha levado a Valentina da delegacia, Apolo. Até desconfiarmos do Ícaro. — Ela responde, apenas e desvia o olhar para mim. — Como você está, filha? Ele fez alguma coisa com você?

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