Capítulo 48

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   Olho as horas no relógio, observando que o pôr do sol acabará em instantes e mais uma vez, me despeço do horizonte daqui do cais. O vento chicoteia meus cabelos para o lado e me viro pronta para ir embora, quando meus olhos se arregalam surpresos pelo que acabo de ver. Meus lábios se entreabrem e uma adrenalina percorre por todo meu corpo, fazendo com que meus pelos se eriçam por completo.

 — Valentina? 

   Aquela mesma voz que eu escutava o meu nome por todos os lados, é a mesma voz que ouço agora. Como se nunca estivesse ido embora e que sempre esteve por perto.  — Penso, em silêncio com os olhos cheios d'água.

 — Apolo?  — Eu o chamo, aos prantos não acreditando que é ele na minha frente.

   Ele se aproxima sem perder o foco dos meus olhos, me olhando fixamente. A camisa branca dobrada, é lançada para o lado pelo vento forte, juntamente com as madeixas loiras que sempre me encantavam. Apolo se aproxima, ao ficarmos frente a frente e ele quebra o silêncio.

 — Sou eu, Valentina. Seu Apolo. Eu voltei por você meu amor.  — Ele diz, calmamente porém também emocionado.

   Balanço a cabeça de um lado para o outro, enquanto sinto seus braços fortes me alcançarem aos poucos me aproximando para mais perto do seu corpo.

 — Há uns 15min. atrás, eu pensei que você estava morto. E agora, você está na minha frente. Como se nada tivesse te acontecido...  — Digo, fazendo uma breve pausa.  — Porquê você me fez pensar que estava morto, quando na verdade está vivo?

  Ele balança a cabeça, me fazendo olhar em seus olhos e aproxima o seu rosto no meu.

 — Eu sei que eu te devo explicações, Valentina. Eu sei que o que eu fiz, foi errado. Mas você precisa me ouvir...  — Eu o interrompo, recuando para trás.

 — Preciso te ouvir? Porquê eu precisaria te ouvir, Apolo? Você me fez acreditar que estava morto e me deixou. Uma promessa que você quebrou. E agora, do nada você volta.  — Rosno, possessa de raiva fuzilando-o com os olhos.

   Novamente, Apolo se aproxima e alcança os meus braços penetrando seus olhos nos meus.

 — Eu tive que fazer isso, Valentina. Mas você não tem noção do quanto estou arrependido. Porque o meu dever, era ficar com você. Cuidar de você. Mas eu sei que fui um covarde. Que eu não deveria ter ido embora, enquanto você precisava de mim.  — Apolo fala, com tom de angústia na voz.

   Meus olhos ardem e então, enxugo as lágrimas ainda olhando para ele.

 — E você tem noção do que eu passei? Alguma vez, passou na sua cabeça, como ficou o meu estado mental depois que você se foi?  — Questiono, com a voz embargada. O silêncio domina sua voz que ainda me olha com os olhos lacrimejados em lágrimas.  — Eu acho que não. Mas por um lado, é até bom que você não saiba. Para você não sentir tanto remorso, como você mesmo diz que sente.  — Digo, ao passar por ele e dou de ombros.

   Apolo me puxa pelo braço, que novamente nossos olhares se encontram feito brasas ardentes e nossos lábios ficam à milímetros de distância.

 — Realmente, eu não sei como você ficou. Mas eu sei que você não deixou de me amar. Se não, você não viria aqui apenas para ver o pôr do sol. Porque aqui, foi o nosso último momento juntos... — Apolo diz, penetrando seus olhos nos meus. Ficamos olhando um para o outro por mais alguns segundos, aproximando-se mais uma vez. — Você precisa ouvir o que eu tenho pra dizer, Valentina.

— É melhor esquecermos essa conversa e você vir comigo. Preciso te mostrar uma coisa. — Digo, limpando as lágrimas e ergo as sobrancelhas.

   Ele franze o cenho, sem imaginar o que irá ver com os próprios olhos e quebra o silêncio.

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