Capítulo 04

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Valentina

   Enxugo as lágrimas e me levanto do chão ao lado da cama de Apolo, inalando o cheiro do seu perfume sob os lençóis de seda e dou de ombros ao sair do quarto. Uma das empregadas, me olha assustada e se aproxima aos poucos.

— Sra. Valentina, eu não pude me apresentar antes. Me chamo Rosa. — Ela se curva e se aproxima novamente. Eu assinto, sorrindo em linha reta tentando esconder atrás do rosto, a angústia que me consome. — O almoço está pronto. Se a senhora deseja, posso levar para o seu quarto.

— Obrigada, Rosa. Mas não precisa. Eu mesma vou almoçar na mesa. — Digo, apenas enquanto saímos juntas pelo corredor.

   Ao descermos as escadas, observo que Rosa é uma pessoa boa. Mesmo ter chegado ontem nessa casa e não conhecê-la muito bem, ela parece ser uma pessoa boa.

— Rosa, alguma vez, o Apolo... Trouxe alguém para a casa dele? — Questiono, intrigada.

   Ela me olha, erguendo as sobrancelhas e ajeita a sua roupa, quebrando o silêncio.

— O Sr. Apolo nunca foi casado. Se é isso que a senhora deseja saber. Ele já teve algumas namoradas, mas nada sério, a ponto de se casar antes. E essa, é a vossa casa. — Ele responde, com um sorriso no rosto.

   Assinto, apenas terminando de descer os degraus. Antes que Rosa desce um passo a frente, eu pego em suas mãos e quebro o silêncio.

— Eu quero dizer, se ele já maltratou alguma mulher antes, Rosa? Você melhor do que ninguém, conhece o Apolo... — Ela me interrompe, balançando a cabeça em negação.

— O Sr. Apolo nunca fez isso com nenhuma mulher. Bem, que eu saiba, aqui dentro da casa, senhora. Ele era um homem gentil e simpático com todos os funcionários. Mesmo conhecendo ele... — Rosa diz, fazendo uma breve pausa. — Não sei, o que pode ter causado.

   Suspiro fundo, engolindo em seco e assinto em silêncio. Rosa me acompanha até a sala de jantar para que eu saiba o caminho, toda vez que for a hora das refeições e ela prometeu me levar para conhecer os outros cômodos.

   Ao terminar de almoçar, me retiro da mesa e Rosa se dispôs a me mostrar os outros cômodos, mas como ela está com muitos afazeres, preferi andar pela casa sozinha, a conhecendo melhor. Se eu passarei a minha vida aqui, eu terei que conhecer melhor, onde eu irei morar ao lado de um estranho.

   Fiz um tour por toda a mansão e depois de conhecer todos os cômodos, resolvi andar pelo jardim. O sol brilhava a água da piscina e o cheiro de cloro, invadia as minhas narinas. Tiro os sapatos e me aproximo da borda ao pular com a roupa no corpo.

   Deixo com que a água me leve até ao fundo da piscina e me sento no chão ao fechar os olhos, relembrando todos os momentos que passei ao lado de Ícaro. Na minha mente, é apenas ele que está agora e eu o vejo a minha frente, ao abrir os olhos. Ele se aproxima aos poucos, nadando até chegar em mim e me puxa pelo braço ao me levar de volta para a superfície.

   Esfrego os olhos na tentativa de buscar os mesmos olhos que me olhavam debaixo da água, quando me deparo com Apolo a minha frente, com a respiração descontrolada. Ele joga os meus cabelos para trás, me analisando por inteira, como se estivesse preocupado e eu me recuo para trás, apavorada.

— Valentina, você estava se afogando... — Eu o interrompo, fuzilando-o com os olhos.

— Eu não estava me afogando! Estava fugindo de tudo isso e principalmente de você! — Digo, em voz alta.

   Me posiciono para sair da piscina, mas Apolo me impede, me fazendo voltar para a água segurando o meu braço. Ele joga os seus cabelos atrás da orelha e quebra o silêncio.

— Eu não vou deixar que você se mate, Valentina! Você terá que se acostumar morando comigo, porque é a minha mulher! — Apolo rosna, entredentes.

— A morte, é a melhor coisa, do que conviver com você, Apolo! Desista! Eu jamais vou te olhar com outros olhos. — Falo, convicta o fitando com os olhos.

   Apolo me segura pelo braço e me leva para uma zona mais afastada da piscina, onde os empregados não conseguem nos ver. Apolo me leva para a pedreira, mesmo que eu tente me soltar, é em vão. Ele me prende aos seus braços e nos leva por debaixo da gruta, penetrando os seus olhos nos meus.

— É mesmo? Fique você sabendo, Valentina, que eu não vou desistir de você. Eu vou fazer você me amar e quando menos esperar, vai estar apaixonada por mim. — Ele diz, baixinho me beijando no pescoço.

   Sorrio, totalmente irônica e arqueio o meu corpo para trás, enquanto Apolo continua a me beijar.

— Você vai perder toda a sua vida, desejando uma mulher que nunca te amará, Apolo! — Exclamo, me debatendo contra ele.

— Não importa... — Ele diz, baixinho aproximando os seus lábios em meu ouvido. Um arrepio passa pelo meu corpo e os meus pelos, se eriçam me deixando arrepiada. — Você vale, qualquer coisa do mundo. É você que eu apenas a desejo, Valentina.

   Meus olhos se encontram com os seus e eu engulo em seco, paralisada, não me debatendo contra ele. 

  Como alguém, pode ser tão obsessivo, a ponto de obrigar uma mulher a amá-lo? — Penso, em silêncio sem tirar os meus olhos dos seus.

   O silêncio nos ronda e ouvimos apenas o movimento da água que nos cercam por todos os lados. Apolo aproxima os seus lábios nos meus e me beija com calma, que da mesma forma, os seus beijos não são correspondidos pelos meus. Mas Apolo, não me pega a força e ainda continua a me beijar. 

   Ele recua para trás e desvia os olhos para o meu colo, abaixando o olhar até chegar em meus seios e observa que os meus biquinhos estão arrepiados. O olhar dele, me deixa nervosa, porque toda vez quando me olha, eu lembro da noite passada. A noite em que ele me fez sua e isso me incomoda.

   Apolo acaricia a minha pele e abaixa as alças do meu vestido, deixando os meus seios a mostra. Fecho os olhos, imaginando que em alguns minutos, ele vai fazer o mesmo que fez comigo antes e novamente os seus lábios estão na minha pele. Ele tira o vestido branco que fica transparente por debaixo da água, me deixando completamente nua e passeias as suas mãos em minhas costas, chegando até a minha bunda, quando Apolo me ergue para cima me fazendo enlaçar os meus braços em seu pescoço. Com um pouco de dificuldade, ele tira as suas calças e o seu membro está ereto, entre as minhas pernas.

— Apolo, por favor... — Ele me interrompe, acariciando os meus lábios com a sua boca.

— Shii! Não fala nada, Valentina!

   Apolo volta a me beijar e a única coisa que eu penso, é que estou beijando o Ícaro. A saudade de estar em seus braços me domina por dentro, que por um momento, me entrego pensando em um outro homem. Apolo penetra seu pênis em minha vagina, novamente fazendo amor comigo. Abro os olhos, enquanto ele me beija e eu volto para a realidade. Recuo para trás, mas Apolo me deixa firme em seus braços, me puxando para ele de volta e cada vez, fica mais frequente os seus movimentos por dentro de mim.

— Para, por favor! — Choramingo, baixinho olhando em seus olhos

   Apolo acelera os seus movimentos me deixando sem ar e cola a sua testa na minha, quebrando o silêncio.

— Não, Valentina! Eu não vou parar, até você me disser que me ama! — Ele afirma, bufando.

   Não posso dizer uma coisa que eu não sinto nada. Absolutamente nada por Apolo. Grudo as minhas mãos em seu rosto e lhe dou um beijo envolvente, quando ele me solta aos poucos. Aproveito a deixa, e mordo seu lábio inferior, recuando para trás, ao sair de suas garras. Pego o meu vestido, nadando para o mais longe de Apolo e saio da piscina às pressas colocando o vestido com dificuldade, ouvindo apenas os seus murmúrios.

   As lágrimas rolam pelo o rosto e não me importo se os empregados estão me observando. Eu só quero fugir desse lugar. Eu não vou conseguir ficar o resto da vida ao lado de Apolo. Eu o odeio. Eu o desprezo, mais que tudo nesse mundo. Eu não fico mais um dia nessa casa, porque hoje mesmo, eu vou fugir.

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