Capítulo 56

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   Ando em passos apressados, caminhando em direção uma das estufas de vidro e adentro ao local com a respiração arfa. Corro os olhos para todos os lados em passos lentos sem direção alguma de onde ir, desviando o olhar sob a mesa comprida analisando um cacho de uva solto da raiz.

— Quem está aí? — Pergunto, em voz alta retirando uma unidade experimentando o sabor adocicado com um toque de azedinho no final.

— Valentina!? 

   Minhas pernas ficam bambas, o coração acelera como se quisesse saltar pela boca e minhas mãos ficam absurdamente trêmulas ao ouvir outra vez a sua voz ecoar pelas paredes de vidro. Me viro para trás, olhando de cima a baixo quando eu o vejo na minha frente também com vestes branca. 

— Apolo? Você...

   Não contenho a emoção que logo depois rola lágrimas pelo rosto. Ele assente, com o mesmo sorriso lindo de sempre caminhando para a minha direção e vejo que os seus olhos estão vermelhos.

— Eu voltei, meu amor! Um Carmona, sempre honra a promessa que faz. Eu voltei para você e para o nosso filho. — Apolo diz, com a voz embargada me puxando levemente para mais perto do seu corpo.

   Pouso as mãos em seu peito sem tirar os meus olhos dos seus e sorrio nervosa por ver ele na minha frente.

— Você não sabe o quanto desejei ter esse momento... — Digo, fazendo uma breve pausa. — Eu não deixei de pensar em você se quer por um segundo, meu amor. Eu tive muito medo de que você não... — Apolo me interrompe, pousando seu polegar sob meus lábios calando-me.

— Shhh! Não fala isso. Só Deus sabe, o quanto eu desejei para ver esses olhos outra vez. Esses lábios, tudo em você, Valentina... — Apolo fala, baixinho fazendo uma breve pausa limpando as minhas lágrimas. — Acabou! Acabou meu amor. Nós não temos mais que se preocupar com nada. Nós iremos embora e ninguém vai nos impedir.

— Meu amor, você tem certeza que quer mesmo ir? Eu sei que não conseguimos o suficiente para reerguer a vinícola, mas a gente vai dar a volta por cima, Apolo. — Digo, engolindo em seco ao molhar os lábios.

— Eu já fiz muito por essas terras. Assim, como toda a família, Valentina. E eu sei que você conseguiu reerguer aos poucos do que sobrou e sinto muito orgulho de você, meu amor. Mas antes que eu leve você e o Heitor para outro lugar, eu tenho que cumprir outra promessa que eu fiz, antes de irmos embora. — Apolo explica, calmamente beijando as minhas mãos.

   Franzo o cenho intrigada e molho os lábios quebrando o silêncio.

— Que promessa, Apolo? Do que está falando? — Questiono, com a pulga atrás da orelha sem entender nada.

   Apolo desvia o olhar para cima e respira fundo e depois, volta a me olhar outra vez erguendo as sobrancelhas.

— É melhor nós comemorarmos a festa juntos, meu amor. Amanhã será um dia longo e sei que você vai gostar... — Eu o interrompo, balançando a cabeça de um lado para o outro.

— Ah não! Você não vai me deixar curiosa, Apolo. São as passagens para irmos embora? 

   Apolo me beija nos lábios e enlaça o seu braço na minha cintura ao sairmos juntos da estufa.

— Eu disse que é uma surpresa antes de irmos embora, Valentina. Então, não estrague a surpresa que você verá somente amanhã! 

   Reviro os olhos, murmurando baixinho. Não gosto de surpresas, porque me deixa mais ainda ansiosa, mas tudo que vem do meu marido, é muito bem recebido.

   Os convidados já estavam indo embora e permanecendo apenas os Carmona. Apolo e eu, nos aproximamos quando todos os olhares se viram para ele, não tão surpresos, pois os outros homens que partiram juntamente com o meu marido, dispensaram todo o suspense. Gritos eufóricos com uma mistura de felicidade rondava pelo plantio onde os funcionários fizeram um lindo jardim todo decorado com uvas em todo ao redor.

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