Capítulo 32

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Apolo

   Abro os olhos, tentando enxergar alguma coisa ao meu redor, mas tudo está embaçado. Sinto uma forte dor de cabeça e procuro me levantar, pra saber onde estou, mas logo escuto uma voz familiar que tanto conheço, quando vejo tia Sara a minha frente, com os olhos marejados.

   Olho para o meu corpo e me vejo vestido com uma roupa branca e alguns fios atravessados em mim. Desvio os olhos para a minha tia e em seguida, meu tio se aproxima, também com lágrimas nos olhos.

— Aonde eu estou? — Questiono, mantendo a mão pressionada na cabeça.

— Filho, você e a Valentina, sofreram um acidente. — Ela fala, aos prantos.

   Logo mais, os flashes caem de uma vez, feito um filme na minha cabeça. O carro em alta velocidade. A verdade de Valentina fugir com o, Romanos e o caminhão vindo para a nossa direção.

— Onde está a Valentina? — Pergunto, com um fio de voz na garganta olhando para eles.

   Tia Sara aperta a minha mão, mas logo me esquivo, desviando olhar para frente e quebro o silêncio.

— Onde ela está? — Questiono, alterando o tom de voz ao pressionar as mãos na cabeça de tanta dor.

— Ela está na UTI, Apolo. O carro caiu na ribanceira, bateu em uma árvore e com a queda, ela foi jogada pra fora do veículo. — Ela diz, gaguejando aos prantos.

— E o meu filho? — Pergunto, angustiado com olhos marejados. 

   Tio Thomas se aproxima, tentando me acalmar.

— Vai ficar tudo bem, filho... — Eu o interrompo, tirando as mãos dele de mim e me levanto da cama. — Eu quero vê-los! Eu preciso!

   Meu tio me segura, como se tivesse força suficiente para me deter.

— Sara, chame a enfermeira! Ele está descontrolado!

   A minha cabeça parece que vai explodir, mas o que eu mais quero, é ver a minha esposa e saber como o meu filho está. 

   Maldita hora que isso foi acontecer e, porque eu não a ouvi, quando queria falar comigo? Eu não posso perdê-los! Não posso, meu Deus! — Penso, em silêncio totalmente desequilibrado de mim mesmo, me debatendo contra o meu próprio tio que ainda me segura e não sei como, ao ver a bolsa de soro e todos aqueles fios se misturando.

   Logo mais, as enfermeiras chegam, com a presença do médico. Elas me seguram com a ajuda do meu tio e o médico retira a seringa, com dificuldade, aplicando na minha veia, mesmo que eu tente resistir, onde meus olhos pesam cada vez que pisco lentamente, até cair no sono.

Mais tarde naquele mesmo dia...

   Abro os olhos ainda com a cabeça meio zonza e sentindo um pouco de dor, onde apenas a luz do abajur está acesa. Olho para os lados, mas não há ninguém no quarto. Me ajeito na cama com um pouco de dificuldade e me levanto aos poucos, ao sair do quarto levando comigo o suporte que recebo o soro na veia.

   Ando pelos corredores do hospital, a fins de procurar alguém que saiba me dizer onde está Valentina e me deparo com uma moça bem jovem com o uniforme vermelho, entrando na recepção. Ando em passos apressados até ela e a moça me olha assustada, com os olhos arregalados.

— Desculpe por ter te assustado... Poderia me ajudar? — Pergunto, apenas molhando os lábios.

   Ela balança a cabeça e quebra o silêncio.

Destinos RoubadosOnde histórias criam vida. Descubra agora