Capítulo 42

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   Orazio acompanhava os policiais para tratar do caso do meu marido e eu o seguia logo atrás. Mas ao passar pela porta do departamento interno, fui barrada por um policial que não me deixou passar.

 — Me desculpe. Mas a senhora não poderá passar.  — Ele fala, apenas com o nariz arrebitado e totalmente sério.

 — Me deixe passar agora! — Rosno, em voz alta o fuzilando com os olhos enquanto o incompetente apenas me analisa com as mãos para trás.

   Thomas se aproxima, puxando levemente o meu braço e me faz olhar em seus olhos.

 — Valentina, você precisa se acalmar. Está grávida e não faz bem para o bebê.  — Ele diz, calmamente.

   Puxo o meu braço de volta e ergo as sobrancelhas quebrando o silêncio.

 — Thomas, o Apolo está preso. Acha mesmo que eu posso ficar calma com essa situação? E se a polícia descobrir...  — Digo, fazendo uma breve pausa olhando para os lados observando que não tem ninguém por perto e voto a olhar para ele.  — Se descobrirem sobre a máfia, vocês todos cairão.

 — Em hipótese alguma, a polícia descobrirá sobre a máfia, Valentina. E além do mais, para o seu bem e o do bebê, é melhor que vocês fiquem fora de Palermo por um tempo.  — Não é seguro você ficar, porque corre perigo...  — Eu o interrompo, dando um passo a frente.

 — Eu não vou a lugar algum! E você sabe muito bem, que não posso viajar porque estou grávida, Thomas. O meu filho poderá nascer a qualquer momento e será mais arriscado eu sair de Palermo.  — Digo, possessa de raiva.

   Sara se aproxima na companhia de Bruna e Romanos caminha para a nossa direção, como se não tivesse alguém para conversar.

 — Thomas, eu não posso permitir que faça essa loucura. A Valentina está grávida e temos seguranças por toda parte.  — Sara o repreende, não concordando o que Thomas deseja fazer.

 — Não se esqueça que ela estava sendo vigiada por um segurança que embaixo dos nossos narizes, quase não corre algo pior, Sara! Mas ela precisa estar segura. Mesmo que seja em outro lugar. O Youssef é capaz de tudo! Você sabe muito bem o que poderia ter feito com a nossa filha. E a Bruna irá junto!  — Thomas afirma, em um tom autoritário.

 — Sem chances, papai! Nem eu e nem a Valentina, sairemos de Palermo!  — Bruna rosna, baixinho encarando o seu pai como se o quisesse longe.

   Romanos entra na frente e ele mais o Thomas se estranham.

 — Nós daremos um jeito, Thomas. Elas não sairão da cidade e ficar aqui, é mais seguro do que qualquer outro lugar. Sabe muito bem disso. Ou quer que eu te lembre o que aconteceu com a Cristina, quando a mandamos para Verona?  — Romanos retruca, franzindo o cenho.

   Verdadeiramente, estou em uma rua sem saída, dando murro em ponta de faca sem saber o que fazer. Não posso tomar as minhas próprias decisões sozinha, porque tem sempre alguém que já planejou tudo. Mas também não posso permitir isso. Eu não vou sair de Palermo. Mesmo que custe a minha vida.  — Penso, em silêncio pegando em meus devaneios.

   Observo em silêncio, enquanto eles conversam entre si e me distancio um pouco desviando os olhos para outro lugar, quando me deparo com Ícaro a minha frente. Ela pega a minha mão, me levando junto a ele para fora da delegacia sem que ninguém perceba. Ao passarmos pela porta, eu puxo a minha mão de volta e quebro o silêncio fuzilando-o com os olhos.

 — Ícaro, o que está fazendo?  — Questiono, nervosa engolindo em seco.

   Novamente, ele pega a minha mão e me puxa em direção ao seu carro. Ícaro trava as portas e saímos juntos, seguindo a estrada. Percorremos o percurso em silêncio e cada vez mais, ele acelera o carro. Fico tensa com a situação e seguro firme no banco, quebrando o silêncio.

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