Capítulo 27

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Apolo

   Finalmente, o acordo está fechado com o meu novo sócio. E não vejo a hora de chega em casa e comemorar com a minha esposa, que já deve ter recebido a mensagem de que iremos a um jantar de negócios essa noite.

   Ouço uma música no rádio do carro, quando o celular vibra no bolso da calça. Atendo a chamada, ouvindo do outro lado da linha, uma voz familiar que me recordo bem.

— Olá querido! Quanto tempo?

   Tão suave ,e ao mesmo tempo, tão sexy. Mas que para mim, já não faz mais nenhum sentido.

— Como conseguiu o meu número? — Questiono, brevemente mantendo os olhos na estrada.

— Quanto mais os anos passam, mais grosso você fica! Eu me lembro de quando você era mais romântico, Apolo! Só porque se casou, achou que iria se livrar de mim?

   Respiro fundo, tentando não perder a cabeça e quebro o silêncio.

— Achou mesmo que depois de casado eu correria atrás de você, Catrina? Faça-me o favor, de não me ligar mais! — Digo, alterando o tom de voz.

— E o que vai fazer? Vai me matar, Apolo? Não se esqueça, que depois da Cristina, eu fui a sua outra mulher... — Eu a interrompo, freando o carro.

— Não... Não, diga o nome dela! E vou te dar o último aviso. Faça qualquer gracinha. Ouse aparecer em qualquer lugar que eu estiver ou tentar ameaçar a minha esposa e acabo com você! O seu destino vai ser tão cruel, que até o diabo vai chorar!

   Encerro a ligação, não ouvindo mais nenhuma palavra daquela imbecil e volto a dirigir, acelerando o carro. Já bastam os problemas da máfia e agora e depois de anos, que tenho que lidar com a Catrina. Era só o que me faltava!

   Depois de estacionar o carro, desfaço rapidamente o nó da gravata que me incomoda as horas, ando em direção a porta principal da minha casa, desviando o olhar pela janela do meu quarto, avistando do alto da sacada, a mulher da minha vida e mãe do meu primeiro filho.

   Em um lindo roupão rosê acetinado com a tolha cobrindo cada madeixa do seu cabelo, Valentina acena para mim, abrindo um sorriso largo no rosto. Não vejo a hora, de sentir o seu perfume de rosas e me deslizar na sua pele macia com o toque dos meus beijos.

   Descaso os botões da camisa, enquanto subo no último degrau da escada, pronto para seguir o corredor. O  suor de cansaço, rola pela nuca me fazendo acreditar que preciso de uma tranquila noite de sono. É uma pena! Porque terei que deixar pra mais tarde.

   Adentro pelo meu quarto e a minha Valentina vem  ao meu encontro, sorrindo para mim, novamente. Eu a abraço em um gesto de carinho e tomo os seus pequenos lábios, em um beijo calmo e envolvente, sentindo as suas mãos acariciarem os meus cabelos.

   O cheiro de rosas, invade as minhas narinas e isso está me deixando louco. Louco para ficarmos juntos outra vez, como sempre fazíamos. Não me orgulho, do homem que fui com ela, assim quando nos casamos. Mas tive que fazer o que era necessário. Antes minha,  do que de outro homem. Isso, eu jamais suportaria.

— Como foi no trabalho? — Valentina pergunta, erguendo o cenho.

   Eu a olho, carinhosamente, lhe fazendo um carinho em seu queixo e sorrio para ela. Valentina e eu, passamos por tantas coisas que às vezes nem acredito que estamos juntos.

— Exaustivo. Mas tudo correu bem, meu amor! Fechamos o acordo! — Digo, lhe dando mais um beijo em seus lábios.

   Logo mais, Valentina recua para trás e põe as mãos na boca, sem acreditar. Ela se aproxima rapidamente e pula em meus braços, que sem deixar escapar a oportunidade, eu a pego trazendo-a para mim.

— Estou muito feliz por você, meu amor! Eu não esperava, que conseguiria fechar o acordo tão rápido!  — Ela diz, surpresa com aquele par de olhos esverdeados. — E quem é o novo sócio? — E nem parece se importar pelo meu suor. Está tão feliz, quanto eu.

— Logo mais, você vai saber, Valentina! Nós vamos jantar fora pra comemorar. É um jantar de negócios, então o meu tio, minha tia Sara, a Bruna... Bom, todos que moram aqui na cidade, vão ao jantar. E é melhor nos apressarmos também! — Digo, a levando para o banheiro junto a mim.

— Entendo. Mas é o senhor, que precisa de um banho. Não eu! — Valentina me repreende, com os olhos, mesmo que ainda esteja em meus braços.

— A senhorita, está com o meu suor no seu corpo. Então, não te outra opção, a não vir comigo. — Rosno, baixinho em seu ouvido roçando a minha barba em seu queixo, deixando a minha esposa toda arrepiada.

   O garçom pediu para que nós, o acompanhássemos até a mesa que reservamos para o jantar. O mesmo indicou o vinho preferido da casa, o Monavué. Que foi dedicado para a minha tetravó Lourdes Monavué, feito pelo meu tetravô, Antony Carmo.

   A minha família estava quase completa. Bem, se todos morassem em Palermo. Como a vinícola foi construída aqui, os outros membros, participavam de reuniões mais importantes, assim como as reuniões de família e outros assuntos relacionados a vinícola. Por eu herdar a maior parte das ações, tenho a plena confiança de que posso fazer o melhor, para que todos tenham direitos sobre a vinícola que o meu tetravô construiu.

   O meu mais novo sócio, vinha para a minha direção, com vestes sociais, sapatos engraxados e um sobretudo preto por cima dos ombros.

— Me desculpe a demora! O trânsito estava cheio. — Ele se desculpa, franzindo levemente o cenho.

   Nos cumprimentamos em um aperto de mão, quando puxo levemente Valentina pela cintura, para que eu a apresente para o meu sócio.

— Sem problemas! Quero que conheça a minha esposa, Valentina Carmona. — Digo, apresentando ela para o meu sócio.

   Eles se entreolham por uns instantes e então, quebro o silêncio, ao olhar para Valentina.

— Valentina, esse é o Ícaro Salazar. O sócio da vinícola. 

   

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