Capítulo 39

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Horas antes...

Valentina

   Não tem um minuto se quer, que não deixo de pensar no Apolo. É um teimoso egocêntrico, que prefere se vingar primeiro, do que salvar a própria vida. Eu não deveria ter permitido que saísse do jeito que estava. Ainda mais com uma bala alojada no abdômen. — Penso, e silêncio pegando em meus devaneios enquanto ouço de longe, a voz de Rosa tentando me acalmar, mas é impossível.

— Esse é o outro lado do Apolo que só agora está conhecendo, filha!  — Ela exclama, com o olhar triste se voltando para mim.

   Eu a olho, com as lágrimas rolando pelo rosto e quebro o silêncio.

— Eu poderia ter trancado ele no quarto. Como fez comigo várias vezes. Mas ao invés disso, eu fui fraca, Rosa! Porque nem controlá-lo, eu não consigo!  — Digo, baixinho cabisbaixa.

   Ouço passos vindo para a nossa direção e me levanto na mesma hora, quando vejo Bruna e Ícaro se aproximando. Saio em direção à eles, dando de ombros para Rosa e quebro o silêncio, enxugando as lágrimas.

— Nós já sabemos, Valentina! Depois que terminarem, o meu pai vai levá-lo para a casa do Phillip para retirar a bala...  — Eu a interrompo, descontrolada.

— Mas como assim depois que terminarem? Bruna, ele está perdendo muito sangue. É capaz do Apolo morrer. Ele não vai aguentar!  — Grito em voz alta.

   Ícaro pede calma com as mãos e se aproxima em um passo a frente, molhando os lábios.

— Pode ter certeza que o seu marido não vai morrer, Valentina.  — Ele fala, convicto me fitando com os olhos.

— C-como... Como você pode ter tanta c-certeza...  — Bruna me interrompe, balançando a cabeça.

— Porque o Ícaro descobriu que o mesmo homem que foi contratado para sabotar a plantação, é o mesmo homem que atirou no Apolo, Valentina! Ele é um dos capangas do Youssef Halib. Um antigo inimigo da nossa família. O Ícaro seguiu todos os passos do cara, mas não conseguiu evitar que o Apolo levasse um tiro. Mas conseguiu falar com o Romanos por celular e por sorte, atirou contra o imbecil. — Bruna explica, calmamente me olhando nos olhos.

   Porque teria ajudado o Apolo? E ter salvado a vida dele, quando mais queria, era se vingar de nós dois? O que o Ícaro pretende em fazer? — Penso, em silêncio pegando em meus devaneios desviando meus olhos para ele ainda sem entender.

   Nos entreolhamos, ao mesmo tempo e ele se aproxima quebrando o silêncio.

— O Romanos me garantiu, que tudo vai correr bem... — Eu o interrompo, balançando a cabeça.

— Porquê você o salvou? Ícaro, o que você pretende com tudo isso... — Ele me interrompe, erguendo as sobrancelhas.

— A hora certa, você vai saber, Valentina. — Ele diz, apenas me fitando com os olhos.

   Engulo em seco, olhando para os seus olhos quando ouço passos vindos da porta principal. Olho para trás, me deparando com Apolo a minha frente, se aproximando cada vez mais. Recuo, segundos depois cabisbaixa e volto a olhar em seus olhos, que parecem que vão matar qualquer um, que estiver em seu caminho nesse exato momento.

— A-apolo... — Digo, o seu nome dando um passo a frente ao abraçá-lo pela cintura. Mas parece não se importar muito com a minha presença. Corro os olhos pelo seu abdômen que está totalmente descoberto e molho os lábios. — O seu ferimento... — Ele me interrompe, sem tirar os olhos de Ícaro que o fuzilam constantemente.

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