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Geralmente, quando meu irmão vai embora, eu sigo ele até a recepção, abuso um pouco mais de sua presença. Mas hoje não. Ele estava com a Tatiana, não queria me intrometer, mesmo que ele não saiba.

Embora eu seja muito curioso e esteja muito afim de saber o que eles vão falar sobre mim, me obriguei a ficar. Fiquei no quarto por mais um tempinho e quando sai, Bernardo estava sentado bem no chão, ao lado da porta.

- Oi – disse ao sair

- Oi – ele me respondeu – é aqui que você se esconde então?

- Não estou me escondendo

- Eu brinquei com você – disse ele se levantando – posso entrar?

Dei de ombros, abaixei a cabeça e entrei novamente no quarto. Ele foi até a cama que estava e ficou observando atentamente. Até que ele me olhou, com um pequeno sorriso. Ele ficou me olhando durante um tempo, até que desviei o olhar e abaixei a cabeça.

- Que susto ontem né!? – perguntei tentando puxar assunto, mas sou péssimo para me socializar.

- Nossa, nem fale – respondeu ele um pouco nervoso – eu achei que fosse morrer. Talvez seja melhor se morresse, daria um sossego para minha vó. Eu já fiz muita merda.

- Às vezes eu penso isso – e percebo sua confusão, ao olhar para ele - Sobre mim quero dizer – corrijo

- Mas você é novo ainda, não deve ter nem 15 anos

- Em alguns dias, faço 17 anos – respondi um pouco ríspido

- Está bem, senhor quase 17 – disse ele rindo

Ficamos no quarto mais um pouco, enquanto Bernardo falava um pouco dele. Contou que morava com a vó. Não conhecia seu pai e sua mãe havia falecido quando tinha 10 anos. Mas, aparentemente, ele não havia contado tudo.

Ele era um cara muito bonito. E aqueles olhos diferentes, dava mais um interesse. Às vezes, me flagrava olhando para ele e quase sempre, ele também me flagrava. E como sempre, eu só sabia abaixar a cabeça e ele ria disso.

Sugeri irmos andar um pouco, até a recepção, com a desculpa que estava perto do horário de visitas da tarde e assim, poderíamos saber quem aparecia para nos visitar. Mas, na verdade, minha intenção era fugir dali, antes que nossa conversa tivesse eu como foco.

Ele deve ter percebido minha intenção, porque riu mais uma vez quando sugeri e disse "você é muito tímido".

Chegamos a recepção e estava cheia. Maioria, eram parentes que estavam esperando o horário da visita começar. Diante da multidão, vi uma senhora familiar e ao olhar para Bernardo, ele também já havia reconhecido. Sua avó.

No meio da multidão, vi mais algumas pessoas familiares, meus amigos da escola, os 3 do meu grupo de amigos. Mas com eles, havia mais um conhecido. Tyler. Tomei um susto com sua presença ali e achei muito estranha.

- Quem é Tyler? – perguntou Bernardo

- Que? – respondi sem entender

- Você sussurrou Tyler agora pouco – disse ele com um olhar suspeito

- Ah, é aquele ali, perto daqueles 3 – respondi indicando o grupo de amigos no canto

- Aquele de mão dadas com a morena?

Olhei na direção deles novamente, procurando o que ele havia comentado. Então, vi Tyler de mãos dadas com a Karina. E, então, a ficha começou a cair. O motivo dele ter me defendido, ser simpático. Ele devia estar tentando chegar até ela. Ou já estavam juntos e por isso me ajudou.

- Está aí? – perguntou Bernardo, me trazendo de volta

- Sim – respondi – melhor irmos para nossos quartos, já vai começar as visitas.

Um amor do outro lado (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora