"Obrigado Be". Sério isso Nicholas? Você conhece ele agora e já tem apelidinho para ele? Mas ele gostou. Ou apenas fingiu que gostou? Onde eu estava com a cabeça? Meu Deus, o que eu falei.
Fiquei pensando na merda que tinha falado a noite toda e no que meu irmão havia dito. "Bonito ele né? ". "Vocês quase não pararam de se olhar". Se eu falar para meu irmão que ele veio aqui de noite, ele vai pegar no meu pé. Finalmente eu consegui adormecer. Mas tive sonhos estranhos. Com Bernardo.
Estávamos andando pelos corredores do hospital. De repente, nossos lábios se tocam. Suas mãos estão na minha cintura e me puxam para mais perto dele.
- Hey dorminhoco...
Abri os olhos devagar, meio sonolento ainda. No quarto estava meu irmão e a Tati. Ambos sorriram ao me ver e não pude não sorrir também.
- Como você está hoje Nicholas? – perguntou Tati
- Pode me chamar de Nico – disse rindo – Estou muito bem e vocês?
- Muito bem? – disse meu irmão me olhando com atenção como se quisesse ler minha mente e olhando para a poltrona perto da cama, ele sabia que não era tão próxima assim.
- Sim, estou – respondi
- Estou bem também Nico – respondeu Tati
- Que bom que chegaram, eu quero levantar um pouco – disse ao meu irmão
- Claro, vamos lá – disse meu irmão feliz e ansioso para me ver "andando" de novo.
Ao pisar no chão, senti uma onda de dor correndo por todo meu corpo. Mas uma dor mais suportável que a de ontem. Meu irmão percebendo, hesitou um pouco. Assenti com a cabeça para ele ir em frente. Andamos um pouco, já melhor que ontem.
Foi uma visita muito boa. Todos nós estávamos felizes. Eu sabia que para o meu irmão deve ter sido difícil esses últimos meses. Então é bom vê-lo sorrir. Horário de visitas foi muito rápido. Me ajudaram a voltar para a cama e foram embora.
O Dr. Francisco apareceu logo depois para fazer a avaliação clínica. Mas eu estava longe. Estava pensando no sonho que tivera com o Be. Com o BERNARDO Nicholas. Me tirou do meu devaneio quando falou comigo. Quando saiu, peguei o livro que havia ganhado do meu irmão e comecei a ler, para distrair a cabeça e parar de pensar naquele sonho esquisito.
Entretido no livro, nem vi a hora passando. A enfermeira trouxe meu almoço. Comi e voltei para a leitura até a sessão de fisioterapia. Fiz os exercícios passados pelo fisioterapeuta, andei um pouco e treinamos um pouco com o andador. Me disse que não preciso mais esperar alguém chegar para andar um pouco. Posso fazer isso sozinho agora. Isso com certeza foi uma boa notícia.
Fim da sessão. Voltei para o livro. Estava adorando esse livro que meu irmão comprou. Nem notei quando Bernardo apareceu na porta. Tanto que tomei um susto quando o vi ali parado.
- Atrapalho? – perguntou ele
- Não – respondi – faz tempo que está ai?
- Um pouco. Você estava muito concentrado – disse ele entrando no quarto e se sentando na poltrona – Eu te disse que você poderia se arrepender do convite.
- Desculpa, não te vi. Não acho que vá me arrepender – escapou da minha boca e ao perceber, abaixei a cabeça e vi que Bernardo estava sorrindo.
- Você é muito tímido né!?
- Deu para notar? - Perguntei rindo
- Deu. E fica muito fofo com vergonha – respondeu rindo e me deixando mais vermelho.
Como assim ele me acha fofo? O que isso quer dizer? Nicholas se concentra, não viaja. Não agora. Depois você pensa nisso.
- Então, como está a fisioterapia? – tentei mudar o foco da conversa
- HAHAHA boa mudança de assunto – disse ele gargalhando – está bem e a sua?
- Não mudei de assunto, só puxei uma conversa – disse fazendo careta para ele – Aliás, já vou poder andar sozinho com o andador e apontei para ele perto do meu pé.
- Que ótima notícia – disse ele e me deixou surpreso por sua animação – Agora você poderá me visitar quando quiser.
- Sim – respondi com uma empolgação e claro que ele notou e eu desviei o olhar
Tinha algo naqueles olhos. Um brilho familiar. Muito familiar. Poderia ficar olhando para eles por muito tempo. Era realmente muito lindo. Mas se controla Nicholas.
- Ontem – começou ele e parou para ver minha reação – do que me chamou quando sai?
- Bernardo – tentei disfarçar
- Não foi – disse ele rindo – e eu gostei. Pode me chamar de Be.
- Tudo bem, BE – ao falar de novo, tive um deja vu
- E eu posso te chamar como? Seu nome também é muito grande. – disse ele fazendo cara de pensativo – De fofo?
- Nãaaao né – respondi ficando vermelho – pode ser Nico
- Bem melhor – disse ele – Não como eu gostaria né, mas melhor – disse rindo
Ficamos conversando mais um pouco, sobre outros assuntos o que para mim foi um alivio. Contei a qual a narrativa do livro que estava lendo e prometi emprestar a ele depois. E olha que não costumo emprestar livros.
- Melhor eu voltar para o meu quarto, daqui a pouco seu irmão chega – disse ele se levantando – Aparece no meu quarto depois, são 3 quartos depois – disse ele saindo do quarto
Mas ele deu de cara com meu irmão na porta.
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Um amor do outro lado (Romance gay)
RomanceDizem que quando uma pessoa está em coma, ela pode ouvir você conversar com ela, pode sentir sua presença. No meu caso, eu podia ver a pessoa. Meu espirito vagava sozinho por esse hospital, até que ele apareceu e mudou tudo.