XVI

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Bernardo. Esse nome ficou ecoando em minha mente. Mas não sei o porquê. O horário de visitas acabou. Antes de meu irmão ir embora, o doutor Francisco chamou meu irmão para conversar. Disse a Tony que ainda não poderia ir para a casa, pois precisava fazer certos exames e sessões de fisioterapia. Meu irmão não gostou da ideia, mas o doutor o convenceu de que seriam algumas semanas.

Antes de sair, Tony me contou o que o médico havia dito e me prometeu que de noite estaria aqui de novo. Assenti para ele e me despedi deles. Aparentemente não havia dormido o suficiente, pois logo depois que saíram, minhas pálpebras começaram a pesar e adormeci.

Acordei com a enfermeira me chamando. Hora do almoço. Nunca fui fã de comida do hospital. Na verdade, nunca conheci alguém que fosse. Sozinho no quarto eu pude reparar em mim pela primeira vez. Estava magro, mais branco, cabelo mais comprido.

Ainda não me deixaram levantar, até que o fisioterapeuta viesse para a primeira sessão, o que seria naquela tarde.

Doutor Francisco apareceu logo depois do almoço, para uma avaliação clínica, como ele disse. Checou minha pressão, batimentos, e coisas e tal. E aparentemente, estava tudo bem. Após ele sair, uma enfermeira apareceu, disse que precisava tirar um pouco de sangue para fazer exame.

- Como está se sentindo Nicholas? – perguntou a enfermeira

- Bem, só um pouco fraco e entediado – respondi

- Isso é normal, mas logo você estará em casa, vivendo sua vida de novo – respondeu ela sorrindo

- E o Bernardo, como está? – perguntei meio que sem querer, só percebi o que havia dito depois

- Ele está bem. Estranhamente, ele acabou de me perguntar de você. – respondeu ela – vocês se conhecem?

- Não que eu saiba, não me lembro de conhecer nenhum Bernardo

- Vocês têm algo em comum e isso ligou seu irmão e a avó dele. Então normal se perguntarem um do outro – continuou ela

- Deve ser isso – respondi

- Logo vocês poderão se conhecer, se quiserem – disse ela ao sair – Terminando com o Bernardo, o Doutor Pedro virá para a sessão de fisioterapia e poderá sair dessa cama.

Um tempo depois, que para mim foi uma eternidade, o fisioterapeuta apareceu em meu quarto. Se apresentou e disse o motivo de eu precisar fazer as sessões. Como meu corpo ficou parado por alguns meses, eu precisava exercitar meus músculos, para fortalecerem. Como ele disse, eu ia reaprender a andar.

Sair da cama foi doloroso. Senti muita dor nas costas, pernas, quadril. Doutor Pedro disse que seria normal essa dor e com o passar o tempo, não sentiria mais. Fiz exercícios com a perna, levantei, dei alguns passos meio arrastados.

A sessão foi bem dolorosa no início, mas ao final, as dores estavam suportáveis. Antes de sair, o fisioterapeuta me passou alguns exercícios que poderia fazer sozinho para me ajudar e quando possível, pedir para alguém ajuda para levantar da cama e andar um pouco com a pessoa.

Deitado novamente, sem fazer nada, acabei adormecendo novamente.

Um amor do outro lado (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora