- Para com isso Vanessa – disse ele e se afastou
Então ele me viu ali na porta. Abaixei a cabeça e sai pelo corredor. Pude ouvir ele gritando meu nome. Mas não esperei por ele. Fui para o meu quarto. Cheguei, fechei a porta e me deitei. Não sei o motivo, mas vê-la beijando mexeu comigo.
Ao rever a cena na cabeça, meus olhos se encheram de lágrimas, mas não as deixei cair. Enxuguei meus olhos com a camiseta. Meu Deus, por que estou assim? Eu nem conheço ele direito, por que estou sofrendo?
Uma batida na porta. Então ela se abriu e cabeça de Bernardo passou pela porta. Ele me olhava com atenção.
- Posso entrar? – disse ele
Dei de ombros. Ele entrou e fechou a porta novamente. Sentou-se na poltrona que ainda estava próxima a cama.
- Eu posso explicar ... – começou ele
- Não precisa. Relaxa – interrompi dando de ombros – Eu preciso me desculpar por ter interrompido...você sabe
- Você não interrompeu nada – disse ele tentando recomeçar sua explicação – ela...
- Está tudo bem Bernardo – sim, quis frisar o nome dele – Normal sua namorada estar com saudades de você e vir visita-lo e é normal você também estar.
- Você vai me deixar falar? – disse ele me olhando e apenas assenti, para ele continuar – Lembra que disse que me envolvi com pessoas erradas? Então, Vanessa foi uma delas. Ela é irmã de um dos caras que me espancaram. E eu havia terminado com ela e decidido sair daquela vida no dia que fui espancado. Na verdade, as duas coisas foram motivo da surra.
- Mas eu não quero mais nada com ela, nem com a vida que eu tinha antes – continuou ele - Como eu disse para você, eu fiz muita merda e isso só trazia sofrimento para a minha avó e então decidi dar o fora. Mas eu sabia muita coisa né. Então precisavam me calar.
- Eu... sinto muito – disse olhando em seus olhos
- Eu não – disse ele se levantando e sentando ao meu lado na cama – isso fez com que eu te conhecesse. E você pode achar estranho, mas não parece que te conheci ontem. Sinto que já te conhecia. Você pode não acreditar, mas quando minha avó disse seu nome, Nicholas, eu senti algo no meu peito. Algo familiar. E desde ontem, quando te vi, eu não consigo parar de pensar em você. E acho que você sente o mesmo. Talvez eu possa me arrepender, mas vou pagar para ver.
Ele foi se inclinando na minha direção. Seu olhar estava fixo nos meu. E o meu no dele. O tempo parecia ter parado. Eu estava respirando o mesmo ar que ele. Nossas respirações estavam no mesmo ritmo. Meu coração acelerado. Ele foi se aproximando mais, até que nossos lábios se tocaram.
Seu lábio era macio. Suave e quente. O mundo todo parecia ter parado ali. Eu só conseguia sentir seu corpo próximo do meu. O toque suave do seu lábio no meu. Aos poucos, ele foi se afastando de mim. Seu sorriso era lindo.
- Você não tem ideia da vontade que eu estava de fazer isso – disse ele sorrindo
Olhei para ele no mesmo instante. Ele se afastou e me encarou. O sorriso se desfazendo do rosto. E o olhar de quem não estava entendendo.
- O que foi? Não devia? – perguntou ele assustado
- Devia – disse – Digo... – abaixei a cabeça – eu podia jurar que já ouvi você falando isso
- Eu também tive essa sensação – disse ele rindo - Mas então...eu deveria ter feito isso? Bom saber... - disse se aproximando de mim e me beijando novamente.
Ele então se deitou ao meu lado na cama. Ficamos assim por um tempo, apenas deitados. Então, sua mão procura pela minha e quando a encontra, se entrelaçam. Juntos ali, deitados lado a lado. No silencio. De mãos dadas.
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Um amor do outro lado (Romance gay)
RomanceDizem que quando uma pessoa está em coma, ela pode ouvir você conversar com ela, pode sentir sua presença. No meu caso, eu podia ver a pessoa. Meu espirito vagava sozinho por esse hospital, até que ele apareceu e mudou tudo.