XVIII

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Dona Vera, e seu neto, não ficaram muito conosco, apenas um breve momento. Perguntou como eu estava e conversou com meu irmão. Enquanto seu neto, ainda me observava atentamente. Depois saíram.

Esse encontro mexeu comigo. Tive a impressão de não ser uma apresentação de pessoas desconhecidas. Parecia que eu já conhecia ele. Mas de onde poderia?

- Bonito ele né!? – perguntou meu irmão olhando para mim e rindo

- Não sei – respondi revirando os olhos - Não reparei

- Me poupe – e começou a rir, me levando em direção a cama e me ajudando a deitar – Vocês quase não pararam de se olhar

- Acho que você está precisando descansar, está vendo coisas demais Anthony

- Estou, com certeza estou – continuou dado risada.

Anthony me ajudou a deitar e se despediu de mim falando que amanhã estaria de volta. Quando saiu, eu fiz um pouco dos exercícios que o fisioterapeuta havia passado. Havia dormido o dia todo, então não estava com tanto sono.

Meu irmão trouxe meu celular, para eu poder me distrair um pouco. Ainda não entrei em nenhuma rede social. Apenas peguei meu fone, coloquei músicas para ouvir e fechei meus olhos.

Ali de olhos fechados e ouvindo música, minha mente foi para longe. Na verdade, não tão longe assim. Eu enxergava apenas um par de olhos. Um verde e outro cor de mel. Aquilo para mim era incomum, mas incrível e muito familiar.

Dei um pulo quando sinto alguém me cutucar. Abro os olhos e dou de cara com os olhos incríveis que estava imaginando. Aqueles olhos me encarando. Era o Bernardo. Ele estava no meu quarto. Tirei meus fones.

- Desculpe – disse ele – eu bati na porta, mas você não ouviu – e fez sinal para os fones.

- Tudo bem – respondi

- Já estava dormindo? Se quiser posso voltar outra hora...

- Não... não, estava – respondi um pouco rápido demais – então, e ai!? – perguntei sem jeito

- Estava entediado de ficar lá no quarto sozinho, sem conversar, sabe!? Aí pensei, que, você também poderia estar...e por que não!? – disse ele sorrindo e que sorriso.

- Na verdade, estou – disse retribuindo o sorriso, mas desviando o olhar, ao sentir que estava corando – Senta aí - apontei para a poltrona no quarto.

Ele então, foi para trás da poltrona e empurrou um pouco, para próximo da cama e sentou-se. Um silencio se debruçou sobre nós. Mas não foi desconfortável. Foi acolhedor e reconfortante. Então ele quebrou o silencio.

- Minha avó me falou sobre você, eu sinto muito – disse ele abaixando a cabeça por um momento – sabe, sobre o acidente.

- Obrigado – respondi assentindo – E o que aconteceu com você?

Ele olhou para mim e me observou por um momento.

- Quer dizer, desculpe, não é da minha conta – falei ficando nervoso e sentindo corar de vergonha. Afinal, não é da minha conta mesmo.

- Relaxa, tudo bem! – disse ele – Então, eu fiz merda, muita merda. Me envolvi com pessoas erradas e bom, vim parar aqui.

- Eu sinto muito – disse olhando-o com atenção

- Valeu – respondeu ele me encarando e me fazendo desviar o olhar novamente.

Ficamos conversando um tempo. Falamos sobre música, séries, filmes, livros e futuro. Nossa conversa fluiu de uma maneira legal. E estranha. Afinal, eu sou muito tímido com quem eu não conheço, mas com ele foi diferente. Ele me confidenciou que também tinha sensação de já me conhecer, mas como eu, não fazia ideia de onde.

- Bom, vou voltar para meu quarto, antes que alguma enfermeira ache que eu fugi – disse ele rindo – foi muito bom conversar com você.

- Também gostei de falar com você – respondi – Porta provavelmente sempre estará aberta – disse rindo

- É um convite isso? – me perguntou sorrindo – Por que se for, você vai se arrepender disso. Ou talvez não – disse piscando para mim, enquanto saia.

Agradeci por ele estar longe e a luz apagada. Por que tenho certeza que fiquei parecendo um tomate de vermelho.

- Ah, estava esquecendo – disse ele olhando para trás novamente – Feliz aniversário! Sabe, por ontem

- Obrigado Be - e sorri e ele também sorriu

Um amor do outro lado (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora