XIII

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- O que aconteceu com meu irmão? – perguntou meu irmão já seguindo o médico até meu quarto

- Os batimentos cardíacos dele apresentaram agora, algumas variações.

- Que tipo de variações?

- Aceleraram – respondeu o médico chegando até meu quarto.

O Quarto estava sem visitantes. Meus amigos já haviam ido embora provavelmente. Ali, só estava algumas enfermeiras, agora eu, meu irmão e o médico. Meu irmão assim que chegou, correu até minha cama e segurou minha mão.

- O que isso quer dizer doutor?

- Não sabemos. O caso do seu irmão é raro para todos nós. Pode ser que seja apenas um sonho que ele esteja tendo. Ele já está curado do acidente. Não tem nada de errado fisicamente para ele ainda estar em coma.

Meu irmão estava mais pálido que o normal. Acho que por conta do susto. Ele ficou em silencio ali, segurando minha mão com força. Como se estivesse me segurando, para eu não fugir.

- Vamos deixa-lo mais um pouco com ele. O horário de visitas já se encerrou então não demore – disse o médico e saiu da sala, seguido pelas enfermeiras.

Meu irmão assentiu com a cabeça, mas sem olhar para o médico. Estava com os olhos marejados e fixos em mim. Uma lágrima escapou e rolou por seu rosto. Foi a lágrima que iniciou e incentivou as demais a caírem. E meu irmão deixou elas rolarem.

Ele chorou sem se importar de quem pudesse ver. Enquanto ele chorava, minha garganta formava um nó. Eu precisava fazer alguma coisa. Eu tinha que parar o sofrimento dele. Mas como?

- Você não pode fazer isso comigo, pelo amor de Deus Nicholas – começou a falar, enquanto suas lágrimas ainda caíam.

Eu quero falar com ele. Quero apertar a mão dele e dizer que tudo vai ficar bem. Deus, como eu queria. Eu não posso mais causar dor nele.

Então eu comecei a sentir a sua mão na minha. Pude sentir seu toque quente. Coisa que eu nunca pude sentir nesses meses: o calor do contato físico. E de repente, voluntariamente ou involuntariamente, o dedo indicador da mão que ele segurava, se mexeu.

- PUTA QUE PARIU – gritou ele com um enorme sorriso nos lábios e o olhar assustado – NICO? POR FAVOR, NICO, FAZ DE NOVO.

Ele gritava agora. Uma enfermeira apareceu na porta do quarto pedindo para meu irmão parar de gritar, mas ele não se incomodou.

- NICO? POR FAVOR! NICHOLAS, SOU EU TONY. – continuou a gritar

- Anthony, o que está acontecendo aqui? – disse o médico entrando no quarto.

- DOUTOR... ELE MEXEU O DEDO – gritou meu irmão enquanto lágrimas brotavam em seu rosto, mas seu sorriso não desaparecerá

- Você tem certeza Anthony? Pode ter sido apenas seu consciente.

- MEU CONSCIENTE O CARALHO – gritou Tony rindo – EU JURO FOI O NICO

Eu comecei a rir. Só meu irmão para falar desse jeito com o médico. Eu ainda podia sentir o toque de sua mão na minha. O médico então se aproximou de mim. Não sei como fiz para mexer meu dedo, mas preciso fazer isso de novo. Me esforcei e muito, mas nada.

Até que ficou tudo escuro...

Um amor do outro lado (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora