XXIII

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Bernardo passou a tarde no meu quarto. Se deitou ao meu lado na cama. Segurou minha mão e me contou sobre sua vida. Era incrível e estranho, como eu me sentia à vontade com ele. E ele comigo.

Quando as enfermeiras batiam à porta, eu ficava vermelho. Já Bernardo, apenas sorria. Um sorriso que iluminaria qualquer dia escuro.

- Seu irmão é protetor né!? – disse Bernardo

- Sim, acho que agora mais – respondi – Mas como você sabe?

- Ele me fez uma visita hoje – respondeu com um sorriso no rosto

- Sério!? Aí meu Deus, o que ele te falou?

- HAHAHAHA só me fez algumas perguntas – respondeu rindo

- Que tipos de perguntas? Eu mato o Anthony – perguntei, sentindo me rosto queimar de vergonha.

- Vou te deixar curioso agora – disse ele se levantando.

Não queria que ele fosse embora. E acho que nem ele queria. Mas ele apontou para o celular, estava quase na hora da janta e logo depois, seria as visitas. Assenti. Então, ele se curvou e encostou seus lábios no meu. Se afastou e pude ver seu sorriso brilhante.

- Te espero no meu quarto essa noite – disse ele antes de sair, com uma piscadinha.

O que está acontecendo aqui? Nem eu sei. Mal acordei de um coma de 3 meses e estou apaixonado por um cara que conheci a alguns dias. Mas o pior de tudo, é que não sinto como se o conhecesse assim, há tão pouco tempo. E o que Tony foi falar com ele? E por que? E o que está acontecendo entre ele e eu?

- Oi – disse meu irmão na porta

- Oi Tony – respondi.

- Como você está hoje? – perguntou ele

- Estou me sentindo muito bem e você? Como foi com a vaca da chefe hoje?

- É está parecendo MUITO BEM mesmo. Não está nem ficando sozinho e entediado – disse meu irmão, segurando uma risada. Claro que as enfermeiras devem contar tudo a ele – Estou bem. E tenho certeza, aquela vaca me odeia.

Ri de sua expressão. Na verdade, acho que ri mais de nervosismo por imaginar o que tanto ele estava sabendo, sobre eu e Bernardo. Já que nem eu mesmo sabia ao certo. Então me veio na cabeça o que Bernardo havia dito "ele me fez uma visita hoje". E antes que eu pudesse me controlar, eu questionei o Tony.

- Anda fazendo visitas a outros pacientes também?

- HAHAHA é claro que seu "amigo" – disse ele fazendo sinal com a mão – iria te falar alguma coisa. Só passei para ver como ele estava – disse rindo

- Só isso? – questionei de novo levantando uma sobrancelha para ele

- Sim e conversamos um pouco. Só que minha conversa foi com ele – continuou ele rindo

Revirei meus olhos e fiz uma careta para ele. Sabia que não iria me falar mais nada. Ele me disse que conversou com os médicos e reafirmou que logo poderia voltar para casa. Deu para perceber que ele estava ansioso para isso. E me senti mal por isso.

Meu irmão foi embora, me prometendo que amanhã cedo estaria de volta, junto com a Tati. Logo depois que meu irmão saiu, levantei da cama, peguei o andador e fui até o quarto do Bernardo.

Um amor do outro lado (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora