XXV

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- Hey – escuto uma voz longe, me chamando – Acorda Nico. O passeio noturno foi bom?

Abri os olhos aos poucos. Vi meu irmão sentado na cama sorrindo e Tati atrás dele sorria também.

- Bom dia!

- Bom dia Nico – disse Tati

- Então, passeio foi bom? – perguntou meu irmão de novo

- Não sei do que está falando. Tudo bem Tati?

- Vai me ignorar então? – meu irmão insiste e se faz de indignado, ameaça levantar-se. Seguro seu braço e o puxo para um abraço.

Ele devolve meu abraço, apertando um pouco mais. Olho para Tati que está sorrindo e chamo para o abraço também. Nos afastamos e meu irmão está com um sorriso enorme no rosto. E então, começou a gargalhar.

- Sempre adorei o jeito que você foge do assunto – disse

Revirei os olhos para ele. Tati deu um tapinha em seu braço, falando para ele me dar um sossego. Meu Deus, eu adoro ela. Já está me defendendo e meu irmão a acusa de um complô. Ele me disse que em 3 dias, eu terei alta do hospital.

- Acabei de falar com eles. Na sexta-feira a gente volta para casa – disse ele feliz

Eu sorri para ele. Não poderia ser ingrato. Depois de tanto vir aqui, todos os dias me ver, não poderia fazer com ele que continuasse a vir. Estava na hora de ir para casa. Bernando já estava indo hoje mesmo, o que quer que tenha acontecido com a gente, estava chegando a hora de acabar. Eu teria que me conformar com isso.

Horário de visitas acabou. Logo que saíram do quarto, Bernardo apareceu na porta. Ele estava sem gesso, acompanhado de sua avó. Dona Vera entrou rapidamente em meu quarto, me deu um abraço. Ele estava com o olhar fixo em rosto e não desviou os olhares em momento nenhum.

Sua avó estava saindo do quarto, quando ele pediu para ela esperar por ele na recepção que já ia. Ela foi. Então ele entrou no quarto e se aproximou de mim, ainda me olhando. Um sorriso se abriu em seu rosto, mas em seus olhos, podia se notar a tristeza.

- Oi – disse

- Oi. Eu vim me despedir de você.

- Eu sei – engoli em seco, me obrigando a encara-lo uma última vez.

- Eu vim me despedir, não vim dizer adeus Nico – e então ele se curvou em minha direção e me beijou. Um beijo suave e doce.

- Vou sentir sua falta – disse antes de me dar conta

- Eu também vou – disse ele sorrindo, com aqueles olhos brilhantes – Até logo Nico

- Até logo Bê – e o puxei para um abraço

Observei ele até desaparecer pela porta. Seus olhos nos meus até ele sair. Então, me dei conta que estava totalmente apaixonado por esse estranho conhecido. O que eu sentia por Beto na época da escola, não era nada comparado ao que estou sentindo por Bê. Como eu poderia estar tão apaixonado por ele dessa maneira?

As horas pareciam se arrastar. Agora eu estava querendo ir para casa também. Estou sozinho nesse hospital. Fiz a sessão de fisioterapia, depois as enfermeiras, trouxeram meu almoço e conversaram um pouco comigo, acho que perceberam meu tédio.

Peguei meu livro e comecei a ler. Li durante a tarde toda. Conclusão, acabei ele. AO que me animou, é que estava perto do horário de visitas da noite. Logo em seguida, meu irmão entra pela porta dor quarto. Ele já entrou rindo.

- Alguém saiu do trabalho de bom humor – disse para ele, assim que entrou

- Eu? Eu não. Não tenho como sair de lá de bom humor, ainda mais tendo aquela vaca como chefe. Estou rindo de outra coisa

- E o que seria? – perguntei erguendo uma sobrancelha

- Esqueci como você é curioso–respondeu rindo.

Revirei os olhos. Meu irmão me contou sobre seu dia e reclamou sobre sua chefe, para variar. Me disse que recebeu um telefonema da escola. Senti um frio no estomago. Nem tinha parado para pensar sobre isso, meu último ano de ensino médio. Afinal, já é outubro, perdi quase um semestre.

- Eles irão enviar no seu e-mail alguns trabalhos para fazer, mas não é para se preocupar, porque com suas notas, você não corre nem um risco de ser reprovado. Então praticamente você concluiu o ensino médio e não precisará mais frequentar as aulas.

- Que bom – respirei aliviado – na próxima semana eu já começo a fazer esses trabalhos então.

- Eu sabia que você ia falar isso – revirou os olhos e começou a rir de novo. Ele então se levantou – Está na hora de ir, ainda tenho que ir no mercado.

Anthony me deu um beijo na testa, afagou meu cabelo e foi embora. O horário de visitas ainda não tinha chego ao fim. Me peguei esperando Bê aparecer na porta, mas claro que não aconteceu.

Um amor do outro lado (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora