Um amor do outro lado (Romance gay)

XIV

Está tudo escuro e estou escutando uma confusão de vozes. Choros, gritos, conversas. Tento abrir meus olhos, mas só consigo ver uma luz branca muito clara. Essa é a luz que as pessoas vêem e seguem quando morrem?

- NICHOLAS – escutava meu irmão Anthony gritar por mim

Decidi tentar mais uma vez abrir meus olhos, saber o que estava acontecendo. A luz clara me cegou novamente, mas consegui manter meus olhos abertos. Assim, as coisas começaram a focar.

Comecei a identificar algumas coisas. Meu irmão me olhando, segurando minha mão enquanto chorava. Nunca vi ele chorar assim antes. Vi um médico, pessoas de branco. Estou em um hospital.

Então o médico tirou algo do bolso, se aproximou de mim, murmurou alguma coisa que não entendi, tocou minhas pálpebras e colocou uma luz sobre meus olhos. Me retrai na hora, mas ele me segurou.

- Calma Nicholas, é só um exame de rotina

- O que aconteceu? – me ouvi dizendo e senti uma diferença, um pouco lenta.

O médico saiu da minha frente, dando caminho para meu irmão que me abraçou. Ali me senti seguro, me senti mais como eu mesmo. Lágrimas rolavam no rosto do meu irmão e escorriam em mim, mas eu não me importei.

Então, como um flash, lembrei de estar sentado no banco de trás do carro, com meus pais na frente. Todos nós conversando, rindo, e de repente, uma luz muito forte. Acidente. A palavra veio em minha mente como se estivesse em uma placa neon.

- O acidente – sussurrei no ouvido do meu irmão.

Sinto o concordando comigo e abraçando ainda mais forte. Lágrimas brotaram em meus olhos. Com medo da resposta, fiz a pergunta que estava em minha mente.

- E nossos pais?

Ele se afastou um pouco, o suficiente para me olhar nos olhos, mas ainda me segurando. Seus olhos estavam vermelhos de chorar.

- Eles não resistiram Nico – respondeu me abraçando de novo

Algo chama minha atenção no quarto. Balões e um embrulho caído no chão. Em um dos balões está escrito "Feliz Aniversário". Para mim, nada daqui faz sentido. Me afastei um pouco do Anthony para olha-lo.

- Por que os balões? Aniversário de quem?

- Hoje...é seu... aniversário Nico – diz ele um pouco hesitante

- Não – tento sorrir – eu faço aniversário em outubro Tony. Eu e nossos pais estávamos voltando da festa na empresa do papai, a festa de promoção. Eu já estava de férias na escola. Final de junho.

- Sim Nico – concordou Tony com uma voz amena – você está... – hesitou

- O que foi Tony?

- Nico – começou de novo – você esteve em coma...por mais de 3 meses.