XXVII

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Sua avó comprou um celular novo para ele. Antes de ir embora, ele me passou seu número novo e ficamos trocando mensagens durante a tarde. Nem vi a hora passar. Quando percebi que estava na hora de visita.

Como de costume e rotina, meu irmão estava no meu quarto, assim que começou o horário de visita. Estava um pouco estressado quando chegou, xingou sua chefe, e logo depois, voltou a normal.

- Preciso te fazer uma pergunta – disse ele sério

- Claro – respondi

- E aí, depois de todos esses dias, já deu para reparar se o tal Bernardo é bonito? – pergunta ele, não aguentando a pose de sério e começando a rir

- Nossa, como você é palhaço né – reviro os olhos para ele

- Mas então? Reparou?

- Sim. E sim, ele é muito bonito.

- E você está caidinho por ele – me provoca

- Quem te disse?

- Seu rosto quando ele aparece. As enfermeiras quando me contaram das suas visitas um ao quarto do outro. E ele mesmo já me confessou estar apaixonado por você.

- Ele te disse isso? – perguntei, já com um sorriso no rosto.

- E ainda quer me falar que não? Olha sua cara de bobo – disse ele rindo, mas fugindo da minha pergunta.

Ele usou da minha tática e mudou de assunto. Falou sobre sexta-feira e minha alta. Que tentaria pegar a sexta-feira de folga para poder vir me buscar e levar para casa e se caso não conseguisse, ele iria ver com a Tati se ela poderia vir. Disse que tudo bem, que poderia pedir um carro no aplicativo e ia para casa. Ele só respondeu um "vamos ver", que eu entendi como, "nem pensar".

Se despediu e foi embora, como sempre, me prometendo retornar pela manhã. Conversei um pouco com Bernardo por mensagem de texto e acabei adormecendo.

Na Quinta-feira, vésperas da alta do hospital, Bernardo e Anthony apareceram juntos no meu quarto. Questionei, desconfiado, porque eles chegaram junto. Meu irmão entrou falando que havia perdido a hora e encontrou Bernardo do lado de fora. E Bernardo disse que estava lá fora, achando que meu irmão estava aqui dentro. Não acreditei muito neles.

Meu irmão foi até mim e me abraçou, e depois acariciou meu cabelo e se levantou. Bernardo se aproximou da cama, mas não chegou mais perto de mim, temendo a reação do meu irmão, se conteve com um "oi", de longe.

- Ah se beijem logo – disse Tony

Eu fiquei vermelho. Sabia disso, porque senti a quentura subindo por meu rosto. Bê abriu um sorriso, se aproximou de mim e me deu um beijo rápido nos lábios. Eu queria sentir seus lábios nos meus, mas estava um pouco desconfortável na frente do meu irmão.

- Pronto, bem melhor assim e ninguém morreu – disse meu irmão rindo, sendo acompanhado por Bê.

Então, percebo na mão do meu irmão, um copo de café. E na bandeja que estava com o Bê havia somente um copo. Olho para meu irmão fuzilando ele com os olhos.

- Você roubou meu café? – depois olho para Bê – Você deu meu café para ele?

Ambos riram ao mesmo tempo, mas foi meu irmão quem respondeu.

- Não, seu café é aquele. Meu cunhado comprou esse café para mim – disse ele ainda rindo e olhando para Bê, que pela primeira vez, o vi desviando o olhar.

Cunhado. Desviou o olhar. Senti como um murro no estomago. Meu irmão, forçando a barra, claro. O que eu e Bê temos, ainda não havia sido rotulado. Eu nem sei o que temos.

Um amor do outro lado (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora