Sua avó comprou um celular novo para ele. Antes de ir embora, ele me passou seu número novo e ficamos trocando mensagens durante a tarde. Nem vi a hora passar. Quando percebi que estava na hora de visita.
Como de costume e rotina, meu irmão estava no meu quarto, assim que começou o horário de visita. Estava um pouco estressado quando chegou, xingou sua chefe, e logo depois, voltou a normal.
- Preciso te fazer uma pergunta – disse ele sério
- Claro – respondi
- E aí, depois de todos esses dias, já deu para reparar se o tal Bernardo é bonito? – pergunta ele, não aguentando a pose de sério e começando a rir
- Nossa, como você é palhaço né – reviro os olhos para ele
- Mas então? Reparou?
- Sim. E sim, ele é muito bonito.
- E você está caidinho por ele – me provoca
- Quem te disse?
- Seu rosto quando ele aparece. As enfermeiras quando me contaram das suas visitas um ao quarto do outro. E ele mesmo já me confessou estar apaixonado por você.
- Ele te disse isso? – perguntei, já com um sorriso no rosto.
- E ainda quer me falar que não? Olha sua cara de bobo – disse ele rindo, mas fugindo da minha pergunta.
Ele usou da minha tática e mudou de assunto. Falou sobre sexta-feira e minha alta. Que tentaria pegar a sexta-feira de folga para poder vir me buscar e levar para casa e se caso não conseguisse, ele iria ver com a Tati se ela poderia vir. Disse que tudo bem, que poderia pedir um carro no aplicativo e ia para casa. Ele só respondeu um "vamos ver", que eu entendi como, "nem pensar".
Se despediu e foi embora, como sempre, me prometendo retornar pela manhã. Conversei um pouco com Bernardo por mensagem de texto e acabei adormecendo.
Na Quinta-feira, vésperas da alta do hospital, Bernardo e Anthony apareceram juntos no meu quarto. Questionei, desconfiado, porque eles chegaram junto. Meu irmão entrou falando que havia perdido a hora e encontrou Bernardo do lado de fora. E Bernardo disse que estava lá fora, achando que meu irmão estava aqui dentro. Não acreditei muito neles.
Meu irmão foi até mim e me abraçou, e depois acariciou meu cabelo e se levantou. Bernardo se aproximou da cama, mas não chegou mais perto de mim, temendo a reação do meu irmão, se conteve com um "oi", de longe.
- Ah se beijem logo – disse Tony
Eu fiquei vermelho. Sabia disso, porque senti a quentura subindo por meu rosto. Bê abriu um sorriso, se aproximou de mim e me deu um beijo rápido nos lábios. Eu queria sentir seus lábios nos meus, mas estava um pouco desconfortável na frente do meu irmão.
- Pronto, bem melhor assim e ninguém morreu – disse meu irmão rindo, sendo acompanhado por Bê.
Então, percebo na mão do meu irmão, um copo de café. E na bandeja que estava com o Bê havia somente um copo. Olho para meu irmão fuzilando ele com os olhos.
- Você roubou meu café? – depois olho para Bê – Você deu meu café para ele?
Ambos riram ao mesmo tempo, mas foi meu irmão quem respondeu.
- Não, seu café é aquele. Meu cunhado comprou esse café para mim – disse ele ainda rindo e olhando para Bê, que pela primeira vez, o vi desviando o olhar.
Cunhado. Desviou o olhar. Senti como um murro no estomago. Meu irmão, forçando a barra, claro. O que eu e Bê temos, ainda não havia sido rotulado. Eu nem sei o que temos.
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Um amor do outro lado (Romance gay)
RomanceDizem que quando uma pessoa está em coma, ela pode ouvir você conversar com ela, pode sentir sua presença. No meu caso, eu podia ver a pessoa. Meu espirito vagava sozinho por esse hospital, até que ele apareceu e mudou tudo.