XVII

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- Hey maninho...acorda preguiçoso

Era Tony. Já havia começado o horário de visitas da noite. Pelo que parece, dormi a tarde toda. Quando acordei, fui recepcionado com mais um abraço do meu irmão e um sorriso.

- Não acha que já dormiu muito não? – disse Tony rindo

- Acho que quero dormir mais um pouco – resmunguei ainda acordando

- Depois, agora você tem visitas – disse ele sorrindo

Atrás dele, estava meus amigos da escola. Fred, Beck, Ka e... Tyler, por mais estranho que tenha achado. Quando o vi, não senti nada, como sentia antes. Acho que havia superado minha paixonite nele. Ainda bem, pois ele estava de mãos dadas com a Ka. O que de inicio estranhei, mas depois vi como formavam um casal bonito.

Todos estavam felizes em me ver, assim como eu estava em vê-los. Eles entraram no quarto, me abraçarem, choramos e rimos. Aos poucos, foram saindo e deixando apenas meu irmão novamente.

Ele me contou sobre o trabalho. Havia sido promovido, mas sua nova chefe parecia não gostar muito dele. Perguntei sobre Tatiana, ele disse que ela estuda de noite, por isso não acompanha ele nesses horários.

- E ai, o que achou dela? – perguntou Tony

- Eu adorei ela, de verdade – respondi e um sorriso apareceu no rosto do meu irmão – tá aprovada. Só achei ela muito bonita para você.

- Debochado ele – disse bagunçando meu cabelo

- Eu preciso te mostrar uma coisa, mas preciso de ajuda – disse

- O que foi? – perguntou ele preocupado e mudando seu semblante

- Não é nada para se preocupar – respondi tentando deixar ele calmo – preciso de ajuda para isso...

Levantei o tronco, me sentando na cama. Ainda doía um pouco quando fazia isso. Coloquei minhas mãos em uma das pernas e levantei ela para fora da cama. Enquanto meu irmão me olhava em choque. Fiz o mesmo movimento com a outra perna. Ficando sentado com as pernas fora da cama.

- Agora é a hora que você me ajuda – disse rindo para ele

- Tem certeza que pode fazer isso?

- O fisioterapeuta mandou eu fazer isso quando tiver alguém para me ajudar, nesse caso você

Então ele estendeu a mão para mim e me deu suporte, para que eu colocasse o pé no chão. Me endireitei um pouco e senti uma dor nas pernas e costas. Menos intensa que de tarde. Mas ainda assim, refletiu em meu rosto.

- Melhor voltar para cama – disse ele

- Não, é normal doer no começo o doutor falou – respondi

E então, eu estava de pé, apoiado em meu irmão e comecei a andar um pouco, arrastando meu pé. Mas estava satisfeito comigo mesmo. E quando olhei para meu irmão, ele estava com um sorriso enorme no rosto e lágrimas rolavam por seu rosto.

Enquanto estávamos andando no quarto, dona Vera passou pelo quarto e quando me viu em pé abriu um sorriso também e acenou para mim e meu irmão. Olhou rapidamente para traz fez um sinal para esperar um momento e entrou em meu quarto. Veio para nossa direção e nos abraçou.

Quando sai de seu abraço, olhei na porta e estava um rapaz de cabelos negros, pele branca, com uma das pernas engessada e com muletas. Ele estava olhando atentamente para mim. E eu percebi que também estava olhando ele com atenção. Seus olhos, eram incríveis, um olho era verde e cor de mel. Então ele abre um pequeno sorriso, que me fez corar e desviei o olhar para dona Vera.

- Ah esse é meu neto Bernardo – disse dona Vera fazendo sinal para que ele entrasse

Olhei para sua direção novamente. Ele entrou no quarto, conforme pedido de sua avó, mas ainda me olhava atentamente. Quando chegou perto, pude notar alguns leves hematomas, mas já estavam se curando. Ele era lindo. E estranhamente familiar.

Ele estendeu sua mão para cumprimentar. Primeiro meu irmão e então desviou seu olhar de mim, por um minuto. Depois, voltando seu olhar para mim, estendeu sua mão. Ao toca-lo, não senti como se tocasse um estranho pela primeira vez, mas sim como se pudesse estar sentindo falta daquele toque.

- Prazer, Bernardo – disse ele

Um amor do outro lado (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora