Acordei sozinho no quarto. Será que dormi e sonhei com isso? Ao escutar a movimentação lá fora, imagino que esteja perto do horário de visitas. Meu irmão entrou no quarto, seguido por Tati. Vieram me abraçar, conversaram comigo um pouco. Tati ficou feliz por ter visto meu vídeo andando e afirmou que, se Tony não tivesse gravado, realmente, ele estaria ferrado.
Eu ri do comentário. Fiquei muito feliz por meu irmão ter ela, nesse momento que tenho certeza, não ter sido fácil para ele.
- Tem visitas para você hoje – diz meu irmão, me tirando do meu devaneio.
- Quem!? – perguntei ansioso demais, atraindo o olhar curioso do meu irmão
- Calma, não é seu "amigo" que não é nada bonito – respondeu ele sorrindo
- E voltamos nisso – disse virando os olhos
- Enfim, temos que ir. Eu volto de noite para te ver – disse meu irmão, deixando um beijo em minha testa.
Meus amigos da escola entraram no quarto, logo que meu irmão e sua namorada saíram. Logo que o horário de visitas acabou, fiquei pensando sobre a noite passada. Teria sido um sonho mesmo? Uma batida na porta me tirou desses pensamentos, olhei com anseio, mas era apenas o fisioterapeuta.
- Parece que te decepcionei – disse ele ao entrar pela porta
- Oi!? – perguntei não entendendo
- Acho que você estava esperando outra pessoa – disse ele sorrindo, respondi que não, acenando com a cabeça.
Fizemos alguns exercícios, os quais já não doía mais como antes. O que o doutor disse ser um bom sinal e que logo, poderia ir para casa. Eu senti uma pontada em meu peito. Claro que eu queria ir para casa. Mas e se isso, significasse nunca mais ver o Bernardo? E por que estou pensando nisso? Eu nem sei se o que aconteceu ontem foi real ou não. E se foi, talvez ele esteja arrependido, pois não apareceu aqui ainda.
A enfermeira trouxe meu almoço. Meu Deus, eu fiquei pensando tanto, que nem vi a hora passar. Terminei o almoço, peguei meu livro e comecei a ler. Mas minha atenção não estava no livro e sim a 3 quartos do meu.
E como se tivesse lido meus pensamentos e se materializado, ali estava ele na porta, com o olhar preso em mim. Aqueles olhos brilhantes e um sorriso em seu rosto. Lá estava ele, Bernardo.
- Oi – disse ele – Posso entrar?
- Oi – respondi – Claro.
Ele entrou e encostou a porta. Ele veio até minha cama e sentou-se na beirada. Perto de mim. Eu podia sentir seu calor, seu toque, mesmo ele não me tocando. O que estava acontecendo comigo?
- Me desculpa – começou ele e então senti como se toda a felicidade ao ver ele, estivesse deixando meu corpo.
- Tudo bem – interrompi ele, não precisava ouvir dele que estava arrependido pela noite de ontem.
Devo ter mudado minha expressão, porque, ele começou a rir. Antes que eu pudesse perguntar o motivo de sua risada, ele me surpreendeu com um beijo. Um beijo suave, doce e quente. E eu percebi como havia sentido falta disso.
- Pelo o que você acha que estou me desculpando – disse ele com o rosto próximo ao meu, os lábios separados apenas para poder falar.
- Imaginei que estava se desculpando por isso – respondi, sentindo meu rosto ficar vermelho – quer dizer, por ontem de noite.
- Não seu bobo – disse ele rindo, mas ainda perto de mim, encostando mais uma vez, seus lábios nos meus – eu estou me desculpando por ter saído hoje de manhã, sem ter te acordado.
- Espera – disse assustado – de manhã?
- Sim – disse ele rindo, com o rosto ainda colado ao meu – eu dormi aqui com você...e como você ronca – disse ele se afastando de mim e rindo.
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Um amor do outro lado (Romance gay)
RomanceDizem que quando uma pessoa está em coma, ela pode ouvir você conversar com ela, pode sentir sua presença. No meu caso, eu podia ver a pessoa. Meu espirito vagava sozinho por esse hospital, até que ele apareceu e mudou tudo.