XXIV

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A porta estava fechada. Dei uma batida, não tive resposta. Bati uma segunda vez, então ouço sua voz falando para entrar.

- Oi – disse passando a cabeça pela porta – Atrapalho?

- De jeito nenhum – disse ele, com um sorriso no rosto, mas um olhar um pouco triste – estava esperando um convite real para entrar?

- Algo do tipo – disse com um sorriso e entrei

Sentei-me na poltrona, perto de sua cama. Ele ficou me observando. Revirou os olhos e bateu de leve com a mão em sua cama. Me indicando que era para sentar ali. Sorri, desviei o olhar novamente, me levantei e sentei ao seu lado.

- Agora sim. Mas acho que está se esquecendo de alguma coisa – disse ele, batendo o indicador sobre seus lábios.

Pude sentir meu rosto ficando vermelho. Mesmo assim, me inclinei em sua direção. Coloquei meus lábios sobre os seus. Sua boca se abriu ao toque da minha e pude sentir sua língua morna, invadindo a minha boca e a minha explorando a dele.

- Meu Deus, você é lindo, mas PUTA QUE PARIU consegue ficar mil vezes mais quando fica tímido – disse ele se afastando um pouco apenas para falar.

Antes que eu pudesse abaixar a cabeça, ou desviar o olhar, ele me puxa para perto de novo e me beija. Ele se acomodou na cama, abrindo um espaço para eu me deitar junto com ele. Sua mão encontrou a minha e se entrelaçaram.

- Eu preciso te contar uma coisa – começou ele e pude sentir uma hesitação em sua voz.

- O que foi? – perguntei

- Amanhã eu vou tirar o gesso da perna e do braço. E...vou para casa

- Sério!?

Tentei mostrar animação, embora tenha ficado decepcionado. Estava feliz por ele, claro que estava, ninguém deveria ficar mais tempo que o necessário no hospital, se podia ir para o conforto da própria casa. Mas também, estava sendo egoísta. Queria ele ali comigo. O que eu iria fazer o dia todo sem ele para me fazer companhia?

- O doutor Francisco conversou comigo e minha vó agora pouco. Disse que meu braço e minha perna já estão bons para tirar o gesso e terei que fazer algumas sessões de fisioterapia, mas isso poderá ser em casa. – continuou ele

- Que bom! – disse a ele

- Hey – me chamou ele – Isso não quer dizer que você está livre de mim

Olhei para ele surpreso. Ele ao ver meu olhar, não segurou um sorriso que surgiu em seu rosto. E deixou um beijo suave e doce em minha testa.

- Achou que seria fácil assim se livrar de mim? Ou é isso que você quer?

- Não – respondi rápido

- Não o que? Não achou quer seria fácil ou não quer? Fiquei confuso agora – disse ele rindo

- Não quero me livrar de você. Não quero me livrar disso – respondi, indicando nós dois.

- Que bom, por um momento, pensei que era isso queria – continuou rindo

- Estava esquecendo, trouxe para nós – estiquei meu braço e peguei a barra de chocolate que havia trazido

- Meu Deus, como eu estava afim de um chocolate – disse ele sorrindo e esticando para pegar

- Hey – repreendi ele – é MEU chocolate, vou te dar um pedacinho

- Só porque você quer

Ficamos ali deitado, conversando rindo e comendo chocolate por um tempo e depois em silêncio. Aquele silencio gostoso. Para mim não havia se passado muito tempo. Mas pela diminuição de barulhos no corredor, dava para imaginar que já era madrugada.

Olhei para Bê, ele estava dormindo. Tão sereno, tão lindo, tão calma. Impossível não querer ficar olhando para ele. Mas precisava ir para meu quarto. Levantei, com cuidado, sem fazer barulho para não acordar ele. Me curvei em sua direção e beijei seu rosto. E fui para meu quarto.

Um amor do outro lado (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora