Um amor do outro lado (Romance gay)

XXVI

Acordei no dia seguinte, ainda um pouco desapontado. Criei expectativas demais, pesando que Bernardo pudesse aparecer me visitar, no dia que ele foi embora do hospital. Será que um dia iria? Quando ele foi embora, ainda não tinha celular, o dele fora roubado naquele episódio. Então, seria fácil para ele sumir.

Afastei esses pensamentos da minha cabeça. Faltam apenas 2 dias para eu ir embora. Acordei naquela manhã mais ansioso para isso. Pelo menos, em casa, por mais que fique sozinho o dia todo, eu poderia voltar para minha vida normal.

Meu irmão e Tati vieram me visitar, como sempre. Acho que ela só vem para acompanhar ele. Meu irmão estava com um olhar suspeito, mas sabia que não adiantaria eu perguntar, ele não iria me responder.

- Como está hoje? – pergunta Tony

- Estou bem, quero ir para casa – respondi

Tony e Tati se entreolharam e sorriram. Não entendi muito bem o porque, então questionei o motivo daquilo.

- Antes não estava com pressa de ir para casa, agora está? Suspeito isso

- Só estou entediado aqui – dei de ombro

- Claro, agora que não tem companhia, passeios noturnos – só parou de falar, porque Tati o beliscou

- Apenas ignore seu irmão – disse ela rindo e piscando para mim.

- Está na hora de irmos amor – ele se virou para ela e levantou da cama

- Mas ainda não acabou o horário de visita – respondi. Até meu irmão está me abandonando.

- Ainda não, mas suas visitas ainda não terminaram – disse ele sorrindo e piscando para mim. Beijou meu rosto e foi embora. Depois que saiu, ainda escutei ele gritando no corredor "Estou de olho em você".

Então, Bernardo apareceu na porta.

Não consegui esconder meu sorriso. Ele estava mais lindo, se fosse possível. Sem aquela roupa de hospital, com os cabelos penteados e um sorriso lindo em seu rosto. Estava com uma muleta embaixo de um dos braços e no outro trazia uma bandeja com um copo. O cheiro de café invadiu o quarto e me acertou em cheio. Eu queria muito um café naquele momento.

- Oi – disse para ele, assim que entrou no quarto. Ele andava com uma certa dificuldade ainda, por isso se apoiava em uma muleta.

- Oi – me respondeu, se curvando em minha direção e tocando meus lábios com os seus, em um beijo suave e quente – Como eu senti falta disso

Sorri ao ouvir aquilo. Afinal, eu também estava sentindo falta daquilo. Eu estava sentindo falta dele.

- Não sabia se gostava de café preto, então te trouxe um cappuccino – disse ele me entregando um dos copos que trazia

- Eu amo café e cappuccino – respond sorrindo – mas não precisava se incomodar.

- Não é incomodo nenhum, muito pelo contrário. Você está mudando minha vida Nico e descobri isso, no momento em que te vi.

- Não tem como eu estar mudando sua vida – disse rindo e olhando para ele

- Estou falando. Graças ao que decidi, no dia em que vim parar aqui, eu te conheci. Pode ser estranho, mas tenho sonhado com você desde o dia que te vi, mas o sonho parece ser mais uma lembrança do que sonho. Uma lembrança de antes da gente se conhecer, sei que é estranho – disse se sentando na cama, ao meu lado.

- Eu sei que é estranho, porque eu também tive sonhos assim, com a gente andando pelo hospital vazio – completei

- Exatamente – continuou ele – Será que a gente se encontrou enquanto estávamos em coma? Será possível isso? E se for, você fez eu me apaixonar por você duas vezes. Então, quando eu decidi mudar de vida, isso fez com que te conhecesse. Você me fez sentir coisas que eu nunca senti por ninguém. Hoje, quando estava vindo para cá, parei para comprar o café e vi que estavam contratando, graças a isso, eu começo a trabalhar nesse café na próxima semana. Você mudou minha vida Nico e para melhor.

- Que maravilha, parabéns! – disse e o puxei para um abraço apertado – Se isso o que falou, da gente ter se conhecido em um "outro lado", se for possível, saiba que você também fez com que eu me apaixonasse duas vezes por você.

Então, nossos lábios se tocaram uma última vez, antes de ele ir embora.