XXVIII

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Enfim sexta-feira. Dia de ir para casa. Depois de tanto tempo nesse hospital, vou retornar para minha casa.

Como vou ter alta, não terei horário de visita. Espero que o doutro venha até sala, para a última avaliação clínica e dar minha alta. Nenhum dos médicos ainda entenderam meu caso, e eu muito menos. O porque fiquei em coma, e acordei com nenhuma sequela, acho que só Deus sabe o motivo.

Doutor Francisco entra na sala, faz sua última avaliação e me dá a alta. Me visto com as roupas que meu irmão havia trazido para mim ontem. Pego algumas coisas minhas que estavam ali e coloco dentro da mochila e sigo para a recepção.

Lá estava Bernardo, com um pequeno buquê de rosas em uma das mãos e na outra, uns balões. Estava com um sorriso enorme em seu rosto. Seus olhos brilhavam e estavam fixos no meu. Pela primeira vez, ele estava me vendo com uma roupa que não era a de hospital.

- Oi – diz ele beijando meu rosto

- Oi – digo de volta

- Vamos? – assenti

- Cadê meu irmão? Ele não precisa assinar minha alta? – perguntei

- Eu já assinei. Ele pediu para eu vir te buscar hoje, porque não conseguiu tirar folga, algo relacionado com alguma vaca não ter liberado ele – respondeu ele rindo

- Ah, a nova chefe dele. Ele não morre de amores por ela – dei de ombros rindo com ele

- Eu só não tenho carro, então pedi no aplicativo, espero que não se importe.

- De jeito nenhum – peguei as flores e agora com as mãos livres, ele segurou a minha e seguimos para o elevador de mãos dadas.

Consegui ouvir uns suspiros de algumas enfermeiras que estavam ali, mas não me atrevi a olhar para trás. Estava com vergonha, sentia isso pela quentura no meu rosto. Mas não tirei minha mão da sua e nem conseguia esconder meu sorriso. Olhei para ele, que também estava sorrindo.

O caminho do hospital até a minha casa não é longo. Fizemos em menos de 15 minutos, o que ajudou também, foi o transito que não estava muito naquela hora.

Assim que chegamos em casa, senti um nó em minha garganta. Sabia que não me sentiria bem ao ver minha casa e lembrar que estou voltando sozinho, sem meus pais. Tentei me preparar para isso, mas é impossível. Sei também que, assim que entrar, vou vê-los em cada canto que olhar.

Devo ter mudado minha expressão, porque, Bê apertou mais forte minha mão, querendo me confortar e sussurrou um "tá tudo bem". Apenas assenti e tentei um sorriso para ele.

Vi que, ele pegou o celular e digitou alguma coisa rápida. "Sério isso Nicholas, já vai bancar o ciumento" me repreendi em pensamento e tentei afastar esse pensamento de mim. Segui para dentro de casa, com Bê atrás de mim.

Respiro fundo, tentando afastar todos os pensamentos que me acompanham naquele momento, incluído o do luto e abro a porta.

- BEM VINDO!!! – gritaram juntos, estourando confetes

Lá estava meu irmão, segurando um cartaz de bem-vindo e lágrimas em seu rosto e um sorriso na boca. Tati estava atrás dele com um cano de confete recém estourado e com lágrimas em seus olhos também, mas com o mesmo sorriso. Meus amigos da escola estavam lá também, com cartazes e balões. E alguns vizinhos.

Pendurado na sala, estava um cartaz enorme escrito "bem-vindo de volta". Alguns balões estavam espalhados pela casa, uns pendurados e outros pelo chão. Ao meu lado, atento a cada expressão minha, estava o Bê.

Um sorriso surgiu em meu rosto, após o susto e lágrimas escorreram por ele. Meu irmão puxou a fila e me abraçou, de repente estava volto em vários abraços. Após cumprimentar todos, pedi licença para ir ao meu quarto, para tomar um banho rápido, tirar o cheiro do hospital. Bê se ofereceu para me ajudar a subir as escadas. Assenti, ficando vermelho, ao ver o olhar do meu irmão sob nós e sorrindo, depois deu uma piscadinha para o Bernardo.

Quando cheguei ao meu quarto, assim que toquei na porta, Bê segurou meu pulso. Me virou para ele. E me beijou. Uma de suas mãos envolveram minha cintura, me puxando para mais perto dele e a outra, segurando meu rosto. Seu beijo era quente e cheio de desejo. Próximo a ele, pude sentir sua ereção e tenho certeza de que ele sentiu a minha.

- PUTA MERDA que vontade eu tava disso – disse ele sorrindo

- Eu também estava – respondi

- Agora, é a minha surpresa para você.

Um amor do outro lado (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora