Enfim sexta-feira. Dia de ir para casa. Depois de tanto tempo nesse hospital, vou retornar para minha casa.
Como vou ter alta, não terei horário de visita. Espero que o doutro venha até sala, para a última avaliação clínica e dar minha alta. Nenhum dos médicos ainda entenderam meu caso, e eu muito menos. O porque fiquei em coma, e acordei com nenhuma sequela, acho que só Deus sabe o motivo.
Doutor Francisco entra na sala, faz sua última avaliação e me dá a alta. Me visto com as roupas que meu irmão havia trazido para mim ontem. Pego algumas coisas minhas que estavam ali e coloco dentro da mochila e sigo para a recepção.
Lá estava Bernardo, com um pequeno buquê de rosas em uma das mãos e na outra, uns balões. Estava com um sorriso enorme em seu rosto. Seus olhos brilhavam e estavam fixos no meu. Pela primeira vez, ele estava me vendo com uma roupa que não era a de hospital.
- Oi – diz ele beijando meu rosto
- Oi – digo de volta
- Vamos? – assenti
- Cadê meu irmão? Ele não precisa assinar minha alta? – perguntei
- Eu já assinei. Ele pediu para eu vir te buscar hoje, porque não conseguiu tirar folga, algo relacionado com alguma vaca não ter liberado ele – respondeu ele rindo
- Ah, a nova chefe dele. Ele não morre de amores por ela – dei de ombros rindo com ele
- Eu só não tenho carro, então pedi no aplicativo, espero que não se importe.
- De jeito nenhum – peguei as flores e agora com as mãos livres, ele segurou a minha e seguimos para o elevador de mãos dadas.
Consegui ouvir uns suspiros de algumas enfermeiras que estavam ali, mas não me atrevi a olhar para trás. Estava com vergonha, sentia isso pela quentura no meu rosto. Mas não tirei minha mão da sua e nem conseguia esconder meu sorriso. Olhei para ele, que também estava sorrindo.
O caminho do hospital até a minha casa não é longo. Fizemos em menos de 15 minutos, o que ajudou também, foi o transito que não estava muito naquela hora.
Assim que chegamos em casa, senti um nó em minha garganta. Sabia que não me sentiria bem ao ver minha casa e lembrar que estou voltando sozinho, sem meus pais. Tentei me preparar para isso, mas é impossível. Sei também que, assim que entrar, vou vê-los em cada canto que olhar.
Devo ter mudado minha expressão, porque, Bê apertou mais forte minha mão, querendo me confortar e sussurrou um "tá tudo bem". Apenas assenti e tentei um sorriso para ele.
Vi que, ele pegou o celular e digitou alguma coisa rápida. "Sério isso Nicholas, já vai bancar o ciumento" me repreendi em pensamento e tentei afastar esse pensamento de mim. Segui para dentro de casa, com Bê atrás de mim.
Respiro fundo, tentando afastar todos os pensamentos que me acompanham naquele momento, incluído o do luto e abro a porta.
- BEM VINDO!!! – gritaram juntos, estourando confetes
Lá estava meu irmão, segurando um cartaz de bem-vindo e lágrimas em seu rosto e um sorriso na boca. Tati estava atrás dele com um cano de confete recém estourado e com lágrimas em seus olhos também, mas com o mesmo sorriso. Meus amigos da escola estavam lá também, com cartazes e balões. E alguns vizinhos.
Pendurado na sala, estava um cartaz enorme escrito "bem-vindo de volta". Alguns balões estavam espalhados pela casa, uns pendurados e outros pelo chão. Ao meu lado, atento a cada expressão minha, estava o Bê.
Um sorriso surgiu em meu rosto, após o susto e lágrimas escorreram por ele. Meu irmão puxou a fila e me abraçou, de repente estava volto em vários abraços. Após cumprimentar todos, pedi licença para ir ao meu quarto, para tomar um banho rápido, tirar o cheiro do hospital. Bê se ofereceu para me ajudar a subir as escadas. Assenti, ficando vermelho, ao ver o olhar do meu irmão sob nós e sorrindo, depois deu uma piscadinha para o Bernardo.
Quando cheguei ao meu quarto, assim que toquei na porta, Bê segurou meu pulso. Me virou para ele. E me beijou. Uma de suas mãos envolveram minha cintura, me puxando para mais perto dele e a outra, segurando meu rosto. Seu beijo era quente e cheio de desejo. Próximo a ele, pude sentir sua ereção e tenho certeza de que ele sentiu a minha.
- PUTA MERDA que vontade eu tava disso – disse ele sorrindo
- Eu também estava – respondi
- Agora, é a minha surpresa para você.
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Um amor do outro lado (Romance gay)
RomanceDizem que quando uma pessoa está em coma, ela pode ouvir você conversar com ela, pode sentir sua presença. No meu caso, eu podia ver a pessoa. Meu espirito vagava sozinho por esse hospital, até que ele apareceu e mudou tudo.