Eu escutei só um pouco do diálogo:
- Olá Mel, como você está? - perguntou Sara, como quem não quer nada.
- Estou bem, obrigada, e você? - perguntou Mel.
Sara agora falava mais baixo.
- Não totalmente... Você pode falar comigo ali no canto, rapidinho? - ela fazia uma cara de quem estava triste. Era uma ótima atriz.
- Ah, está bem, mas não posso perder nem Paulo, nem Sirius e nem Malik de vista, então rapidinho.
- Não tem problema.
Elas foram até um canto perto de umas armaduras velhas, e Sara começou a sussurrar.
- Eu (...) a confessar - eu não conseguia ouvir direito.
Mel apenas balançou a cabeça, aprovando.
Eu não escutei muito, mas compreendi que ela estava falando (totalmente diferente do que eu havia ensaiado com ela) tudo o que havíamos feito. A expressão de Mel ia se fechando, e depois ela abria uma expressão de espanto. E depois de compaixão. Só escutei claramente o final.
- Paulo não quis vir comigo, disse que era arriscado que alguém escutasse e nos denunciasse, mas vale a pena o risco de for pra salvar alguém, não é? Por favor, acredita em mim - implorou Sara.
Ah, é agora.
Mel pegou a mão de Sara, e envolveu com a sua, com um sorriso caloroso. Não escutei nada do que ela disse, mas Sara ia abrindo um sorriso genuino, e eu fui relaxando no mesmo ritmo. Até que elas saíram de lá, e foram para um lugar que eu não sabia onde era. Elas sumiram na multidão, e não voltaram por um tempo. Mel não ia cuidar de nós? Se bem que haviam passado só uns 10 minutos.
Fui passar um tempo com Sirius e Malik, que pareciam estar se divertindo lendo um antigo livro de anotações de um Lafo.
Sara não demorou muito para voltar (e coincidentemente igual àquela vez do chocolate) mas para mim pareceu uma eternidade.
- Você acha que isso ainda acontece? - perguntou Sirius a Malik.
- Acho que não, se acontecesse seria muita irresponsabilidade.
Nem me preocupei em prestar atenção no que estavam falando, queria que Sara voltasse com notícias positivas, apesar de eu ter quase certeza de que não daria certo.
Quando Sara voltou, eu ainda a esperava ansiosamente, não tinha esquecido dela. Ela veio com Mel, caminhando, haviam saído de uma saída. Puxei Sara para um canto.
- Ei, Sara, você contou tudo a ela? O que ela disse? - estava com meu rosto relativamente longe do dela, para que ninguém desconfiasse.
- Contei. E não vou te contar o que ela disse, por que - fez sinal de aspas - alguém pode ouvir e nos denunciar - ah, lá ia Sara usando minhas próprias palavras contra mim.
Ela estava com os olhos inchados, como se tivesse chorado, e os cabelos bagunçados. Me perguntei o que poderia ter acontecido.
Senti a raiva de mim mesmo pairando sobre mim. Revirei os olhos e me virei, fui falar com Malik.
- Gente! O Rei já está disponível para conversar com as pessoas - exclamou Mel, bem alto.
- Isso! O que você vai dizer esse ano? - Sirius perguntou a Malik.
- Vou sugerir que ele pare de mandar pessoas pra revistar nossa casa, só por que uns anos atrás morou um Sero escondido lá - Malik disse isso com um desgosto, parecia que ele não gostava do Rei.
- De novo? Não acredito que depois de três anos eles não fizeram nada.
- Sim, minha mãe não aguenta mais eles duas vezes por mês indo lá e bagunçando a casa toda, parece até que não adianta arrumar ela, por que eles vem e desarrumam tudo. Você vai falar o que?
- Vou pedir que eles baixem o preço do Picolé - deu uma gargalhada, na qual a acompanhamos - brincadeira, vou só elogiar o trabalho do Rei, por que ele nos mantém seguros, não é? - Sirius parecia um pouco duvidosa.
- Eu não vou - disse Sara - eu já fui, antes.
Eu não sabia que quando ela tinha saído o Rei já estava respondendo.
- Sim, é verdade, eu fui com ela - confirmou Mel.
- Tá bem, e você, Paulo? - Sirius tirou os olhos de Sara e fixou-os em mim.
- Ah, eu não sei, me dêem sugestões.
- Você pode dizer que as construções do lado Leste de Kilian podiam ser reformados, lá tem muita gente em casas caindo aos pedaços - Sirius fez cara de pena.
- Isso não seria estranho, considerando que ele e Sara nem vivem aqui? Não sabem das condições daqui, nada - interviu Malik.
- Verdade, claro, então eles podem só agradecer, como eu.
- Posso fazer isso, agradecer a proteção que ele nos dá, então? - perguntei.
- Sim, exatamente, mas ainda falta um tempinho. Podem dar uma explorada aqui perto por enquanto. Guardamos seus lugares na fila, pessoal - disse Mel a mim e Sara.
- Não precisa, vamos ficar aqui. Mesmo eu já tendo falado com ele, vou acompanhar vocês, não sei se entenderia a história de Kilian só por alguns objetos - exclamou Sara.
Todos concordamos, e a fila andava lentamente. Apesar de não ter muitas pessoas lá, por que a maioria dos Kilianos já tinha ido para o Castelo nesse Tour, e não sentia necessidade de ir mais. Mas cada um demorava um bom tempo para falar com o Rei,e por isso a fila não andava muito. Chegou a vez de Sirius.
- Estou indo - esse "o" ela estendeu - já volto.
Demorou uns dez minutos e voltou.
- Deu tudo certo - Malik estava atrás dela na fila - vai lá Mal.
Ele foi, e depois Mel. Quando chegou a minha vez, fui caminhando pelos corredores cumpridos e cheios de estátuas. Era intimidador.
Cheguei a sala onde o Rei estava atendendo, me sentei a frente dele numa mesa não muito cumprida, e, estranhamente, sua voz surgiu como um estrondo dizendo:
- Se sente mais perto - e estendeu a mão.
Me sentei, claramente, me sentindo levemente miserável perante à majestade que o Rei esbanjava. Fui ao assento ao lado dele e novamente, sua voz me fez estremecer.
- Sua amiga veio falar comigo mais cedo, com um Lafo e me contou tudo - tremi de nervosismo, pensei que ela não fosse falar com o Rei. Só com Mel - não tenha medo, só quero entender algumas coisas. E dependendo delas, posso ajuda-lo com o seu problema.
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O Preço da Sinceridade
Fantasía(e da falta dela) [Sendo reescrito, sujeito a alterações] Paulo e Sara se conhecem desde sempre. São o porto seguro um do outro, e estão sempre buscando aventuras. Um dia um homem bate a porta da casa de Paulo, alegando precisar da ajuda única deles...