- Olá, um Sero tentou nos sequestrar, mas conseguimos fugir. Estamos perdidos, pode nos deixar entrar? - perguntei.
- Claro - disse a criatura, abrindo mais a porta.
- Obrigada - exclamou Sara.
Ao que parece, as casas em Kilian não eram muito diferentes das do nosso mundo. Eram relativamente normais.
- Ignorem a bagunça, eu não esperava visitas - deu uma pausa - mãe! - gritou.
- Sim? - uma voz mais grossa respondeu.
- Temos visitas...
- Ainda bem que seu pai só volta daqui a alguns dias.
- Tem razão. Eles foram pegos por um Sero e escaparam.
- Quanta coragem! Quais são os seus nomes? - ela agora havia saído da escuridão, e dava pra ver seus detalhes. Era roxa também, e de cabelos negros. Os lábios de sua filha eram derivados dela. Eram iguaizinhas...
- Sara - disse Sara.
- Paulo! - disse eu.
- E meu nome é Sirius.
Por tudo que eu havia visto em toda minha vida, nunca tinha me arrepiado ao escutar um nome. Ao que parece, Sara percebeu, mas ignorou.
- Seu nome é lindo - a expressão de Sara era de sinceridade - obrigada por acolher-nos.
- Eu não poderia deixar vocês lá fora...
- Muito bem, filha - disse a mãe de Sirius, me assustando. Havia me esquecido que ela estava lá.
Comemos algumas coisas, que eu nunca tinha visto. Não eram ruins, só não estava acostumado.
- Onde vamos dormir? - perguntei.
- Posso lhe emprestar meu quarto, mas terei que dormir no chão - disse Sirius.
- Não, eu durmo no chão.
Ela sorriu pra mim.
- Está bem.
- E eu? - perguntou Sara.
- Pode dormir comigo - disse a mãe de Sirius.
- Está bem.
E fomos dormir. Não sei o por que, mas de algum jeito me senti atraído pela energia de Kilian. Pelas criaturas que havia encontrado até o momento... Me senti finalmente completo. Enquanto eu tentava dormir, olhava para o teto. De repente escutei um sussurro:
- Está acordado?
O que? Quem estava falando?
- Estou. Sirius?
- Sim. Não consigo dormir. E se o Sero voltar?
- Eles podem nos rastrear? Um Lafo virá nos buscar.
- Não, mas estou preocupada.
- O que posso fazer por você?
- Não precisa fazer nada. Amanhã nos falamos.
Depois disso adormeci.
No dia seguinte, descobri que o fuso horário de Kilian era o mesmo da minha cidade. Isso me deixou feliz, pois assim não ficaria com sono. A única coisa que me incomodava era o brilho do Sol. Ele era muito maior lá. E muito, mas muito mais brilhante. Acordei num pulo quando Sirius abriu a janela.- Bom dia, Paulo!
- Bom dia...
- Não está acostumado a acordar cedo?
- Não tanto...
- Ah, entendo. Por que não?
- Estou de ferias - ela fez uma cara de mistério - na Terra, férias é um período de tempo em que as pessoas descansam, dormem até tarde e brincam o quanto querem.
- Ah, entendo. Parece legal.
- É incrível.
- Vamos descer pra tomar café.
A segui pelas escadas, até o primeiro andar. Então me deparei com um moço comendo ao lado de Sara e da mãe de Sirius. Não dei muita bola, mas fiquei alerta. Ele tinha olhos verdes, cabelo preto e era mais alto que eu. Mas era muito pálido, parecia um vampiro. "Credo" pensei comigo.
Sentei a mesa e comecei a comer, quando a senhora me disse:
- Paulo, esse é Malik. Ele é um grande amigo de Sirius.
Ótimo.
- Prazer em conhecê-lo, Paulo - ele transpirava educação. Não gostei dele.
- O prazer é meu - não quis ser malvado com ele. Acho que Sara havia gostado dele, e não queria ser o do contra.
- Vim para ajudar a proteger vocês dois do Sero que quis sequestra-los.
- Que bom, não é, Paulo? - perguntou Sara, empolgada.
- Tenho certeza de que ele será de grande ajuda.
- Eu também.
Continuamos comendo, e não tirei da cabeça que aquele cara poderia querer tirar Sara de mim. Ela era minha melhor amiga, e nenhum Kiliano mudaria isso. Seja lá o que acontecesse, aí estava algo que eu não permitiria.
Depois do café da manhã, Sara me puxou num canto e cochichou:
- Você não gostou dele por que?
Ela me conhecia melhor do que eu esperava. Achei que tinha disfarçado bem.
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O Preço da Sinceridade
Fantasy(e da falta dela) [Sendo reescrito, sujeito a alterações] Paulo e Sara se conhecem desde sempre. São o porto seguro um do outro, e estão sempre buscando aventuras. Um dia um homem bate a porta da casa de Paulo, alegando precisar da ajuda única deles...