Capítulo 9

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- Olá, um Sero tentou nos sequestrar, mas conseguimos fugir. Estamos perdidos, pode nos deixar entrar? - perguntei.

- Claro - disse a criatura, abrindo mais a porta.

- Obrigada - exclamou Sara.

Ao que parece, as casas em Kilian não eram muito diferentes das do nosso mundo. Eram relativamente normais.

- Ignorem a bagunça, eu não esperava visitas - deu uma pausa - mãe! - gritou.

- Sim? - uma voz mais grossa respondeu.

- Temos visitas...

- Ainda bem que seu pai só volta daqui a alguns dias.

- Tem razão. Eles foram pegos por um Sero e escaparam.

- Quanta coragem! Quais são os seus nomes? - ela agora havia saído da escuridão, e dava pra ver seus detalhes. Era roxa também, e de cabelos negros. Os lábios de sua filha eram derivados dela. Eram iguaizinhas...

- Sara - disse Sara.

- Paulo! - disse eu.

- E meu nome é Sirius.

Por tudo que eu havia visto em toda minha vida, nunca tinha me arrepiado ao escutar um nome. Ao que parece, Sara percebeu, mas ignorou.

- Seu nome é lindo - a expressão de Sara era de sinceridade - obrigada por acolher-nos.

- Eu não poderia deixar vocês lá fora...

- Muito bem, filha - disse a mãe de Sirius, me assustando. Havia me esquecido que ela estava lá.

Comemos algumas coisas, que eu nunca tinha visto. Não eram ruins, só não estava acostumado.

- Onde vamos dormir? - perguntei.

- Posso lhe emprestar meu quarto, mas terei que dormir no chão - disse Sirius.

- Não, eu durmo no chão.

Ela sorriu pra mim.

- Está bem.

- E eu? - perguntou Sara.

- Pode dormir comigo - disse a mãe de Sirius.

- Está bem.

E fomos dormir. Não sei o por que, mas de algum jeito me senti atraído pela energia de Kilian. Pelas criaturas que havia encontrado até o momento... Me senti finalmente completo. Enquanto eu tentava dormir, olhava para o teto. De repente escutei um sussurro:

- Está acordado?

O que? Quem estava falando?

- Estou. Sirius?

- Sim. Não consigo dormir. E se o Sero voltar?

- Eles podem nos rastrear? Um Lafo virá nos buscar.

- Não, mas estou preocupada.

- O que posso fazer por você?

- Não precisa fazer nada. Amanhã nos falamos.

Depois disso adormeci.
No dia seguinte, descobri que o fuso horário de Kilian era o mesmo da minha cidade. Isso me deixou feliz, pois assim não ficaria com sono. A única coisa que me incomodava era o brilho do Sol. Ele era muito maior lá. E muito, mas muito mais brilhante. Acordei num pulo quando Sirius abriu a janela.

- Bom dia, Paulo!

- Bom dia...

- Não está acostumado a acordar cedo?

- Não tanto...

- Ah, entendo. Por que não?

- Estou de ferias - ela fez uma cara de mistério - na Terra, férias é um período de tempo em que as pessoas descansam, dormem até tarde e brincam o quanto querem.

- Ah, entendo. Parece legal.

- É incrível.

- Vamos descer pra tomar café.

A segui pelas escadas, até o primeiro andar. Então me deparei com um moço comendo ao lado de Sara e da mãe de Sirius. Não dei muita bola, mas fiquei alerta. Ele tinha olhos verdes, cabelo preto e era mais alto que eu. Mas era muito pálido, parecia um vampiro. "Credo" pensei comigo.

Sentei a mesa e comecei a comer, quando a senhora me disse:

- Paulo, esse é Malik. Ele é um grande amigo de Sirius.

Ótimo.

- Prazer em conhecê-lo, Paulo - ele transpirava educação. Não gostei dele.

- O prazer é meu - não quis ser malvado com ele. Acho que Sara havia gostado dele, e não queria ser o do contra.

- Vim para ajudar a proteger vocês dois do Sero que quis sequestra-los.

- Que bom, não é, Paulo? - perguntou Sara, empolgada.

- Tenho certeza de que ele será de grande ajuda.

- Eu também.

Continuamos comendo, e não tirei da cabeça que aquele cara poderia querer tirar Sara de mim. Ela era minha melhor amiga, e nenhum Kiliano mudaria isso. Seja lá o que acontecesse, aí estava algo que eu não permitiria.

Depois do café da manhã, Sara me puxou num canto e cochichou:

- Você não gostou dele por que?

Ela me conhecia melhor do que eu esperava. Achei que tinha disfarçado bem.

O Preço da SinceridadeOnde histórias criam vida. Descubra agora