Capítulo 29

23 3 0
                                    

Acordei nesse dia com o quarto vazio. As cortinas das janelas estavam abertas e o quarto inteiro já estava iluminado. Esfreguei os olhos por uns segundos e desci as escadas, a caminho da sala. Nem sabia que horas eram.

Não havia nenhum barulho. O silêncio reinava na casa, o que me pareceu estranho por que pelo brilho do Sol que iluminava a casa, já deveriam estar todos acordados.

Estranhei, obviamente, o fato de não ter ninguém na sala e nenhum barulho vindo dos outros cômodos da casa. Então fui a cozinha, querendo encontrar alguém. Não havia ninguém e para a minha decepção, também estava totalmente silencioso.

Subi as escadas procurando algum vestígio de pessoa acordada. Entrei no quarto que Sara e a mae de Sirius dormiam, mas a cama estava desarrumada e não havia ninguém lá.

Comecei a ficar desesperado, imaginando o que poderia ter acontecido. Não tinha uma alma penada além de mim naquela casa.

Vasculhei absolutamente todos os lugares em que alguém poderia estar e não havia ninguém. Eu não sabia se eles tinham saído ou sido levados. Mas como poderiam ter sido levados? Myan estava morto. Eu sabia disso.

Aparentemente eu passei umas quinze vezes por um bilhete em cima da mesa da sala e não vi. Tenho quase certeza de que se tivesse alguém me vendo, me acharia cego ou muito burro.

Quando finalmente achei esse bilhete, meu medo se confirmou. A letra era desleixada e o papel era amarelado. Tinha uma mancha vermelha com cheiro ruim no meio dela.

Estremeci, depois de ler a carta que, aparentemente, Myan havia deixado lá

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Estremeci, depois de ler a carta que, aparentemente, Myan havia deixado lá. Mas uma pergunta me assolava. Por que não me levou junto? Eu estava confuso, se Myan havia levado Sara, então por que não me levou? E por que levou Malik?

Obviamente essas eram só dúvidas, por que minha preocupação era outra. "Você tem a chance de salvar a ruiva e o branquelo, e se contente com isso". Como eu poderia me contentar com isso? Não era possível. Myan fazia piadas num momento como aquele, como se nada tivesse importância.

Olhei para o kademo a minha esquerda e ia colocá-lo na boca, quando a minha voz da consciência gritou. E a voz era a de Sara, decidida como sempre, sem se importar com o que quer que eu ache.

Você não pode ir sozinho. Eu, eu não posso ir sozinho. Preciso chamar a Mel. E rápido, agora.

Coloquei o kademo, provavelmente estragado, de volta a mesa e sai em direção a porta o mais rápido que pude. Sem rumo, é claro, eu não sabia onde Mel morava.

Comecei a correr, rapidamente, pela clareira a caminho do Castelo Lafo. Não era muito longe, já havia ido até lá algumas vezes caminhando e não demorava. O choque daquela carta manchada ainda inundava meus pensamentos. A preocupação. Por que Myan não tinha me levado junto? Queria me torturar indiretamente? Ele sabia que eu me sentiria mal por que estava apegado a todos eles? A raiva e a confusão preenchiam a minha mente e ela escurecia, como se tivesse fumaça por dentro. Minha visão escureceu um pouco, e senti dor nas pernas por um momento. Mas sabia que não podia parar.

O Preço da SinceridadeOnde histórias criam vida. Descubra agora