Capítulo 30

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Quando abri meus olhos e vi as folhas secas ao meu redor, fiquei confuso. Acho que estava cansado, nervoso, e todas essas coisas ao mesmo tempo, e não conseguia correr. Mas já estava tão perto do Castelo Lafo que não pararia.

Então me levantei e me senti um pouco tonto. Comecei a caminhar rapidamente e decidi que quando estivesse disposto o suficiente, voltaria a correr. Eu não podia correr o risco de desmaiar de novo. Não tinha tempo. Eu não sabia quanto tempo tinha ficado inconsciente mas torci silenciosamente que não tivesse sido muito tempo. Eu não tinha muito tempo. Ele não era confirmado, eu não sabia exatamente quando seria tarde demais. Mas não demoraria muito.

E eu não sabia onde Mel morava. Continuei caminhando em direção ao Castelo Lafo o mais rápido que minhas pernas permitiam sem cansar. A tontura havia passado, apesar de eu literalmente ter acabado de desmaiar.

Já não faltava muito. Minha cabeça começara a pulsar de novo e minha visão escureceu um pouco. Parei de caminhar, observando de longe o castelo e suas paredes imponentes, já envelhecidas com o tempo. Isso, inexplicavelmente, me revigorou. Não o suficiente para correr, mas a brisa suave que enchia meu rosto de vida enquanto eu olhava para as paredes do Castelo me permitiu caminhar mais um pouco.

Quando finalmente entrei pelas portas do Castelo fui procurar algum Lafo que soubesse onde Mel morava. Lá era fresco. Era fácil identificá-los, as asas brancas eram grandes até demais. Vi um Lafo com o feitiço de mármore nos pés e fiquei com um pouco de pena, mas continuei procurando por Mel.

Caminhei rapidamente entre os corredores do Castelo, passando por pessoas que faziam alguma coisa que eu não me dava ao trabalho de descobrir o que era. Escutei um chamado.

- Paulo?! - chamou a voz. Feminina, familiar. Virei a cabeça e vi Mel, era o Lafo que eu já tinha visto com o feitiço de mármore se apossando dos seus pés - aah, vem aqui...

Me encaminhei até ela o mais rápido que pude. Estava com uma aparência cansada, e tinha olheiras. Seu rosto estava mais magro que de costume e suas asas estavam acinzentadas.

- O que houve com você? - perguntei.

- Aah, você sabe... Um Sero passando dos limites aqui, outro lá - ela percebeu meu olhar - deu tudo certo, ele também levou mármore na perna. V-você pode ler isso aqui pra mim? Estava cogitando ir pra o seu mundo buscar alguém mas seria bem melhor se fosse você - ela me estendeu um papel amarelado e sacou do bolso uma garrafinha.

- Leio sim - e comecei a ler - Através do maior dos magos, os lafos impedem os Seros. Um Lafo, de um dos lados, precisa de mim, terreno. Para se curar da doença, que faz o maior guerreiro abatido pelo medo e a ameaça de morrer e virar veneno.

Mel tomou do frasco e imediatamente suas asas ficaram brancas de novo, seu rosto voltou a ser mais redondo e saudável, e as olheiras sumiram.

- O que te trás aqui? - perguntou ela, se recuperando e olhando para suas asas, agora brancas como a neve, como deveriam estar.

- Não tem jeito melhor de dizer isso. Myan sequestrou Sara, Malik, Sirius, e os pais dela - seu olhar cerrou um pouco.

- Myan está morto, nós vimos. Eu vi, você viu, todos vimos - sua expressão havia endurecido.

- O Rei mentiu, Mel, ele matou o Sero errado. Myan me deixou uma carta.

- Me mostre ela, então.

- Aah, eu... Deixei em casa, vem comigo. Ele deixou um kademo para que eu comesse e fosse pra lá. Mas quis te chamar, vim o mais rápido que pude. Vamos, vem comigo, Mel - disse, começando a puxar o braço dela.

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