Eu carregava uma culpa que não era minha

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Eu não percebi quando Myan apareceu na casa de Sirius, e nos sequestrou. Mas devia estar alerta.

Só sei que acordei numa grande gaiola com Sara e Sirius dormindo ao meu lado

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Só sei que acordei numa grande gaiola com Sara e Sirius dormindo ao meu lado. Estávamos numa caverna. Como eu tinha deixado aquilo acontecer? Ou melhor, o que estava acontecendo, e onde estava Paulo?

- Qual é o seu problema?! Cadê o Paulo?! - perguntou Sara, indignada.

- Meu problema?! Ele fugiu. Quando peguei vocês a única coisa em que o traidor pensou foi em salvar sua própria vida - Myan sorriu maliciosamente, se deliciando das palavras. Desgraçado.

- E por que você acha que ele faria isso? - perguntei.

- Por que vocês acham? Ele nunca amou vocês. É a verdade, se vocês querem ou não acreditar o problema é de vocês - e deu meia volta, começando a caminhar em direção a um corredor que eu não tinha acesso a visão.

A raiva inundou meus pensamentos. Raiva de absolutamente todos que não estavam naquela maldita gaiola. Raiva de Myan e seu maldito plano. Raiva de Paulo e seu maldito ego. Raiva, raiva, raiva de mim mesmo...
Eu deveria ajudar a protegê-los de Myan. Eu deveria estar sempre alerta, mas o que estava fazendo quando Myan apareceu na casa de Sirius? Dormindo. Maldito sono.

Sirius aparentemente não se decidia entre ficar triste ou com raiva. Ela chorava tanto, mas sua expressão era do mais profundo ódio. Sara simplesmente... Não dava indícios de nada. Sara nem sequer parecia enxergar. Fui até ela me arrastando, e a abracei.

- Xxxxx... Vai f-ficar tudo bem. Eu p-prometo - Sirius tentava dizer. Mas gaguejava tanto, e entre lágrimas e soluços era difícil entender. Eu não a julgava por isso.

Dei um beijo na testa de Sara, numa tentativa falha de tranquiliza-la. Sirius chorava, e Sara não parecia nem entender o que diziamos. Eu nunca poderia imaginar como aquilo foi pra ela. Seu melhor amigo a havia traído. Parecia que não tinha mais consciência de nada ao seu redor, sua percepção afetada. Ela tentou sorrir, mas como poderia? Aquilo soou tão falso e mesmo assim a admirei por conseguir tentar fingir estar bem no meio de tudo aquilo.

Os pensamentos não paravam de chegar. Pena de Sara, de Sirius. Raiva de Myan, de Paulo, de mim. Tristeza. O sentimento de melancolia de alguém que vai morrer em breve. O arrependimento por não ter sido mais cuidadoso.

- Você está bem? - perguntei, me aproximando de Sirius lentamente.

- Eu não sei - respondeu ela. Como ela não sabia?

- E-eu sinto muito por isso - me juntei a ela e a abracei. Sara continuava parada, sem pensar.

- Você não tem culpa - disse ela. Baixei a cabeça.

- Eu deveria proteger vocês. Foi pra isso que me chamaram - disse eu, com a voz baixa.

- Você é meu melhor amigo, estaria aqui mesmo que não te chamassemos - Sirius tentou abrir um sorriso, mas uma lágrima escapou e caiu na sua bochecha. A sequei.

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