Estremeci pensando na possibilidade do Rei não nos ajudar. Ou pior: nos denunciar a polícia - nem sabia se em Kilian tinha polícia - engoli em seco.
- Sim, senhor.
- Ótimo, antes de qualquer coisa, você se afeiçoou à menina que hospedou vocês? - sua expressão mostrava julgamento da parte dele, mas o meu nervosismo havia passado um pouco. Não tanto, com essa pergunta.
- Senhor, eu gosto da companhia dela, da mãe dela e do amigo dela, e não quero deixá-la morrer - esse pensamento "deixá-la morrer" preencheu minha mente por uns segundos conturbados.
O Rei fez cara de desdém da minha resposta sincera e tornou a perguntar:
- Você confiou esse segredo ao Lafo por que? - sua mão agora encostava em seu queixo, e o Rei parecia pensativo.
- Era nossa única opção, Majestade - engoli em seco.
- E por que acha que eu poderia ajudar vocês? - seus olhos me julgaram de baixo para cima.
- Ah, se o senhor é bondoso para com todos, será conosco, e nos ajudará, estou confiando nisso - minha voz ia afinando conforme pensava que as impressões do Rei perante mim pioravam a cada segundo. Me senti tão inferior.
- Está bem. Vá para casa e conte aos Lafos do que você fez. Lhe enviarei notícias quando decidir.
Um pouco de esperança surgiu em mim. Assenti e logo depois uma porta se abriu atrás de mim. Saí rapidamente e uma pessoa vinha atrás, para entrar na sala.
Fui para a casa de Sirius pouco tempo depois, por que os que restavam foram rápidos. Tudo estava sendo normal, como se absolutamente nada tivesse acontecido. Puxei Sara para um canto logo que chegamos.
- O que foi?! - perguntou.
- Você me mandou lá, sem esperanças, por que estava com o rosto inchado, presumi que estivesse chorando, mas quando fui pra lá deu tudo certo - olhei para ela, confuso.
Sara deu uma gargalhada abafada, olhando para cima, enquanto eu a encarava, mais confuso que antes.
- Qual é a graça? - perguntei.
- Imaginei que você perguntaria.
- Muito engraçada você, Sara. Você pensou numa piada que eu não entenderia, mas por que você riu?
- Ah, desculpa, Mel sugeriu que eu voltasse chorando pra que você achasse que tinha dado errado. Não fica bravo.
Soltei um "a" rápido e sai andando. Então finalmente pensei: "como vou contar para Sirius?" Talvez eu pudesse simplesmente chama-la e dizer toda a verdade. Ou aproveitar o tempo que resta antes que ela me odeie. Aí sim, contar. Achei que o melhor a fazer seria a segunda opção. Perguntei para Sara e ela confirmou.
Então dei uma volta pelas redondezas da casa e achei um lugar legal, provavelmente Sirius já conhecia, mas não deixava de ser um lugar legal. Não teria como achar onde ela não conhecesse, pois ela conhecia tudo. Fui ao quarto dela, bati na porta e ela deixou que eu entrasse, então eu entrei.
- Ei, quer ir em um lugar? - perguntei, sorrindo de lado.
- Qual? - Sirius perguntou, enquanto fechava um livro, e olhava para mim.
- É surpresa, apesar de eu saber que não vai ser tão surpresa quando você chegar lá. Você conhece tudo muito melhor do que eu.
Sirius suspirou.
- Ok, nós vamos agora? - seus olhos verdes brilharam.
- Se você quiser, mas já está anoitecendo. - olho para a janela - Quase.
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O Preço da Sinceridade
Fantasia(e da falta dela) [Sendo reescrito, sujeito a alterações] Paulo e Sara se conhecem desde sempre. São o porto seguro um do outro, e estão sempre buscando aventuras. Um dia um homem bate a porta da casa de Paulo, alegando precisar da ajuda única deles...