Acordei aparentemente tarde esse dia. Meu olhar embaçado tentando encontrar algo de familiar no que estava ao meu alcance. É claro, depois das revelações do dia anterior eu não poderia esperar simplesmente acordar cedo ou rápido. Só eu estava no quarto.
Me sentei e olhei para os lados. O sol não brilhava. Na verdade, quando levantei e abri as cortinas vi que a janela estava fechada. Mas era de vidro, logo, percebi olhando através dela que o dia era chuvoso e estávamos todos presos em casa. Malik estava aqui ou tinha ido para casa? Abri a porta, caminhei pelo corredor e desci as escadas. Os únicos que eu via na sala eram Sara e Sirius, jogando o que parecia ser pife.
- Sua vez - exclamou Sara, jogando uma carta num montinho delas. Isso se seguiu por Sirius pegando essa carta e colocando outra no monte.
- Que horas são? - perguntei, naturalmente.
- Ah, ainda são sete e meia - disse Sirius sem se virar para mim, ainda de olho na mão de Sara que estava escolhendo que carta soltar.
- Legal... Que horas vamos ao castelo ver Myan? - perguntei.
- Pelo que sabemos, podemos ir a qualquer hora. Mas quanto mais cedo melhor. Querem ir às nove? - disse Sara, jogando uma no monte.
- Pode ser - respondi - ah, e Malik, ele está...
- Espera! Bati - disse Sirius e deu risada, jogando três trios de cartas ao lado do monte - essa era a que me faltava - Sara bufou e pegou suas cartas, juntando ao monte e as de Sirius que agora estavam espalhadas pelo chão.
- Suponho que precisemos de um guarda-chuva pra ir até o castelo. Vocês tem um? - perguntou Sara, olhando de lado para Sirius enquanto embaralhava as cartas.
- Hmmm, temos. Eu acho, talvez esteja quebrado - murmurou Sirius - ah, sabe, agora estou com fome. E você? - perguntou, olhando para Sara.
- Achei que íamos jogar mais uma - respondeu, levantando os olhos do baralho para a amiga - mas estou também. Paulo?
- É, eu tinha descido pra comer mas vocês pareciam tão entretidas. Ahh e gente, Malik está aqui ou foi pra casa ontem? Eu não lembro - perguntei antes de elas levantarem.
- Foi pra casa. Mas a família dele tem uma coisa lá... Um objeto, ele me contou um dia desses - exclamou Sara - é tipo um guarda-chuva mas maior. Ontem ele disse algo assim - fez aspas e engrossou a voz - "Está nublado e fez calor hoje, né?" e eu respondi que sim, sabem - engrossou de novo - "acho que amanhã vai chover. E eu preciso ir pra casa hoje."
- Se não me engano ontem foi aniversário de algum parente dele. É, é, acho que foi do primo que mora lá - completou Sirius. Sara continuou:
- Pois é, mas ele disse, tipo - engrossou a voz de novo e fez aspas com os dedos - "Só que eu tenho uma coisa lá em casa. É como um guarda-chuva só que ele é mais alto e a... A parte de cima, sabe? Não sei como se chama. Enfim, é maior, então eu posso ir amanhã com vocês para o castelo ver a execução de Myan. Provavelmente encontro vocês lá, se isso não acontecer é por que cheguei mais ou menos meia hora antes na casa de vocês" - disse Sara, e deixou a voz natural - aí eu disse que íamos mais ou menos as dez. Só que vamos as nove, então ou ele vai nos encontrar aqui ou vamos ter que esperar ele por um tempão.
- Poxa, podia ter perguntado - disse.
- Que seja, podemos ir às dez então - decidiu Sirius.
- Então tá, mas agora eu vou comer, vamos? - perguntou Sara a nós enquanto saia da sala.
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O Preço da Sinceridade
Fantasy(e da falta dela) [Sendo reescrito, sujeito a alterações] Paulo e Sara se conhecem desde sempre. São o porto seguro um do outro, e estão sempre buscando aventuras. Um dia um homem bate a porta da casa de Paulo, alegando precisar da ajuda única deles...