Então na realidade ele era um Sero, e o ajudamos. Ah, o que ele faria conosco? Meu instinto me mandou fugir.
- Sara, corra! - gritei o mais alto que pude.
Sara saiu correndo e eu fui atrás dela, mas Myan percebeu rapidamente. Abriu suas asas e saiu voando atrás de nós. Especialmente dela, que estava mais longe. Durante uns dez segundos eu e Sara estávamos longe, foi quando nos deparamos com ele na nossa frente. Myan agarrou-a, e eu escutei seus gritos de horror. Tentei pular para alcança-la, mas não foi possível. Myan voltou para a caverna com ela e eu fui atrás. Quando eu finalmente cheguei a caverna, Myan mantinha Sara em seus braços.
- Por que você precisa dela?! - estava muito assustado.
- Sabem a família que estavam hospedados?
- Sabemos - disse, entre dentes, Sara.
- A mãe daquela família já foi minha amiga. Uma grande amiga, aliás. Mas eu era um Sero novato, havia acabado de morrer, então não tinha contado a ela que era um Sero. Um dia, ela chegou com um homem para me apresentar, mas eu não reagi bem. Ela fugiu, eu a procurei mas ela sumiu. Mandei vocês para aquela casa para que fizessem amizade, e quando soubessem o que eu sou, iriam me ajudar a matar a sua filha.
Ah, não.
- Quer que ajudemos a matar Sirius? - essas palavras doíam na minha garganta, então quis cuspi-las o mais rápido possível.
- Exatamente - agora vendo, sua expressão era bem maléfica, por que eu nunca havia percebido isso?
Sara tinha medo nos olhos. E pela sua expressão, estava tão receosa quanto eu.
- E se não ajudarmos? - pareci insolente, mas não podia evitar.
- O que você acha? Acha que se eu os soltar agora, vocês não vão me denunciar ao conselho local por chantagem? Se poupem, vou mata-los lenta e friamente.
Um arrepio correu pela minha espinha. Olhei para Sara, que ainda estava nos braços dele. Ela estava mais assustada que eu, e não suportaria vê-la sofrendo. Dei logo uma resposta.
- Iremos fazer isso - percebi o olhar preocupado de Sara - mas depois nos libertará.
- Cumprirei a minha palavra se cumprirem a de vocês.
E soltou Sara sem a mínima delicadeza, que veio correndo até mim me abraçar como se não nos víssemos há um século. Poderia ter aproveitado mais esse abraço, mas não naquela situação, apenas agradeci que ela não estivesse machucada.
De repente, estávamos novamente na frente da casa deles. Provavelmente Myan tinha nos teletransportado. Mas nem sabia que Seros podiam fazer isso. Mesmo com um pesar no coração, batemos a porta.
Sirius atendeu, com uma cara de cansaço. Quando levantou o rosto e nos viu, nos deu um abraço tão apertado que tive que pedir para que parasse.
- Eu estava tão preocupada! - me senti culpado, daqui um tempo, eu estaria levando-a para o matadouro, para que Myan pudesse se vingar de sua mãe. Já não me reconhecia, e agora partilhava do mesmo remorso de Sara. Ela era uma criatura tão boa, não merecia isso.
- Não precisava se preocupar. Deu tudo certo, isso que importa - mentiu Sara.
- Entrem - convidou Sirius.
Entramos em sua casa nos sentindo intrusos. A mãe de Sirius veio da cozinha rapidamente.
- Paulo! Sara! Que bom que voltaram bem da viagem!
- Ah, sim. Ajudamos o homem e ele nos liberou - mentiu Sara.
- E quando voltarão para suas famílias? - questionou-nos Sirius.
- Acho que tempo não será problema - respondi.
- Ótimo! Malik já está voltando para cá, saiu para fazer algumas coisas - exclamou a mãe de Sirius.
A mãe dela saiu de novo para a cozinha, Sara foi esperar Malik e Sirius me puxou para o seu quarto.
- Eu estava tão preocupada, tinha um pressentimento tão ruim - desabafou.
- Não precisava dessa preocupação toda. Estamos bem, certo?
- Tem certeza que não tem nenhuma coisa por trás da bondade do homem?
Ai, que culpa.
- Claro que não.
- Ei, em comemoração a vocês voltarem vivos hoje, que tal dormirmos a luz das estrelas? - sugeriu Sirius
- Acho uma ótima ideia. E Sara?
- Ela fica com Malik, assim podemos conversar livremente.
- Está bem.
- Ah, Malik chegou!
Fomos correndo até a sala, onde Sara estava abraçada nele, pedindo por ajuda, por que ele era bastante forte.
- Eu fiquei com saudade! - disse Malik.
- Eu também - foi apertada mais - estava.
- Ei, Malik, o que pensa de dormir na grama, lá fora, com a Sara hoje?
- Que? Por que? - disseram os dois em uníssono.
- Comemorar que voltaram vivos. Eu durmo do outro lado da casa, na grama, com o Paulo.
Sara me lançou um olhar malicioso.
- Ah... Eu aceito - disse Sara.
- Então vamos, vai ser incrível.
Nesse momento estava de manhã, mas não tão cedo, e devido ao rebuliço de mais cedo, estávamos com fome. A mãe de Sirius nos deu bastante comida devido ao fato de que só havíamos comido no último dia de viagem, e depois, nada.
- Estou tão feliz que voltaram. Vão ficar por muito tempo? - disse a mãe de Sirius.
- Não sei, depende se esse carinha decidir voltar para casa com saudade da mamãe dele -, zombou Sara.
- Há. Há. Há. - Sara sempre tinha que zombar de mim!
- Então demora um tempo? - perguntou Malik.
- Sim - dissemos em uníssono.
Continuamos conversando até a noite, e nos preparamos para ir para fora.
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O Preço da Sinceridade
Fantasy(e da falta dela) [Sendo reescrito, sujeito a alterações] Paulo e Sara se conhecem desde sempre. São o porto seguro um do outro, e estão sempre buscando aventuras. Um dia um homem bate a porta da casa de Paulo, alegando precisar da ajuda única deles...