A volta a casa foi tranquila. O caminho florido e com a luz do sol escassa por causa das árvores era muito reconfortante. A caminhada não durou muito, todos caminhavamos no mesmo ritmo e ninguém em nenhum momento ficou para trás.
Minha chegada na casa de Sirius foi recebida pela mãe dela com abraços e perguntas insistentes.
- Mas ele morreu mesmo?! Agora vocês vão para casa?! - perguntava a mãe de Sirius repetidas vezes.
Sara confirmava por mim, visto que estava um pouco sufocado.
Fui para fora de casa, até a arvorezinha que tinha ali perto. Sara estava lá, com Malik, mas eles não falavam nada.
- Oi - cumprimentei, desengonçado, chegando ao encontro deles.
- Oi - disseram os dois em unissono. E ficou um silêncio levemente desconfortável. Malik quebrou o silêncio.
- Então, como se sente agora, finalmente tendo beijado Sirius? Levou um bom tempo, né? - perguntou Malik.
- Podia ter demorado mais um pouco hein, assim eu não perderia cinco blios - complementou Sara.
- Não, espera, o que são blios? - perguntei.
- Aaah, vocês não falaram pra ele ainda - disse, olhando para Malik a seu lado, e se virando para mim - é a moeda deles. Blios valem mais ou menos um real. Me assusta o tanto que você é atrasado nessas coisas.
- Vocês apostaram só cinco reais? Pela cara de Sara achei que valiam, tipo, vinte - disse, ignorando o comentário de Sara.
- Ela só é pão duro - provocou, Malik, olhando para Sara de canto de olho.
- E se eu for? - perguntou, ofendida.
- Você é mesmo - respondeu Malik, calmo, ainda olhando de ponta do olho para Sara - e de qualquer jeito, eu que te emprestei esse dinheiro, então você não perdeu nada. Não sei pra que esse drama. Eu perguntei se você queria apostar e você disse - fez uma voz mais fina - "sim, lindo".
- Não foi assim que eu disse, Mal - rebateu Sara.
- Que coisa, agora você também chama ele de Mal - exclamei, admirado.
- As vezes ele é muito mau, o apelido serve de vez em quando - explicou Sara - de qualquer forma, eu só disse "sim" mas ele deve ser esquizofrênico e escutou uma voz dizendo "lindo".
- Quem dúvida de você, berço da educação e filha do conhecimento? - desdenhou Malik - continuando, Sara não tinha dinheiro, então emprestei cinco blios pra ela apostar. Ela perdeu a aposta, mas não perdeu dinheiro nenhum.
- Então por que você está brava? - perguntei, finalmente entendendo a situação.
- Sei lá... - respondeu Sara - seria legal ter uns blios.
- Pelo menos você não perdeu nada - disse Malik - eu que perderia dinheiro, se você ganhasse a aposta. E não estou reclamando.
- Por que você ganhou - completou-o Sara.
- É, é, hein, querem comemorar o fato da morte de Myan? - perguntou Malik, olhando para mim - todos sabemos que Paulo já comemorou um bocado, mas... Aí! - eu havia dado um peteleco em sua testa - que foi? É verdade. Enfim, tipo, sei lá, uma festinha, eu posso pegar um bolo aqui perto.
- Não precisa pegar, já teve uma festa do pijama sem bolo e foi ótimo - disse Sara - mas se Sirius concordar, da pra repetir a dose.
- Era uma boa, jogamos stop aquela vez, foi ótimo - concordei.
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O Preço da Sinceridade
Fantasy(e da falta dela) [Sendo reescrito, sujeito a alterações] Paulo e Sara se conhecem desde sempre. São o porto seguro um do outro, e estão sempre buscando aventuras. Um dia um homem bate a porta da casa de Paulo, alegando precisar da ajuda única deles...