Fresta indiscreta

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-Poesia macabra. Foi isso que você falou da minha arte, Jimmy?

O respectivo rapaz estava completamente desnudo, de costas voltadas para cima e face virada para o lado, com seus braços e pernas presos em cada canto da gigantesca cama de seu mestre na suíte número um da NYCZ. Seus movimentos eram limitados a ponto de só poder dobrar um pouco cada membro.

-Sim, senhor. –Respondeu entre um sorriso.

-Pode me dizer por quê? –O sicário sentiu seu mestre subir na cama e ir diretamente para o vão entre suas pernas.

-Só o senhor consegue extrair tamanho prazer na dor.

A pele queimada de Jimmy Qyr já reluzia sob a luz da suntuosa lareira artificial da suíte presidencial –um "pequeno" mimo construído para o dirigente. O rapaz de vinte e oito anos era alto, forte e tinha cabelos vermelhos levemente cacheados. Seus músculos definidos mostravam sua preocupação com a boa forma, e isto tinha tudo a ver com seu mestre.

O sicário havia sido recrutado um ano e meio antes e fez seu respectivo treinamento no LarNova. Apto para a capacitação com seu mestre, não conseguiu passar no exercício das lâminas; foi acertado em cheio na perna por uma shuriken, rendendo-lhe assim uma pequena cicatriz bem no meio da coxa esquerda.

Depois de uma breve recuperação na suíte número dois, ele já aprontava suas poucas coisas para se despedir do magnífico quarto no qual havia permanecido apenas um par de dias. Seu relógio indicava um novo destino no descer de alguns andares. Antes de pôr os pés no corredor Bianca Mivys foi ao seu encontro: entregou-lhe o pequeno frasco verde e o fez se encontrar com seu mestre na sala da presidência para um "agradecimento final". Desde o fatídico dia Jimmy não sabia como sua vida teve sentido antes de seu mestre, e a todo o momento esperava pelo seu chamado.

-Você é o meu favorito, Jimmy... –Lennon tinha nas mãos um grampeador elétrico que muito se assemelhava a uma pistola. O objeto estava completamente carregado com grampos de dezesseis milímetros, grandes o suficiente para pregarem uma pele na outra. Ajoelhou-se melhor entre as pernas de Qyr e deixou que o rapaz sentisse sua ereção entre as nádegas atléticas.

-Ah... –O sicário tentou afogar o suspiro no colchão. –Obrigado, mestre...

-Espero que esteja tão animado quanto eu para a brincadeira de hoje. –Lennon mirou a ponta do grampeador abaixo das costelas esquerdas do rapaz.

-Sempre, mestre.

-Ótimo. –No mesmo instante ele apertou o gatilho, liberando automaticamente um dos grampos e ganhando também um rugido de Qyr. –Isso! –Lançou entusiasmado em alto e bom som. –Bom garoto, Jimmy!

Aquela reação rendeu um sorriso sádico a Lennon. Viu o sicário puxar as cordas que o prendiam à cama numa clara reação do feito. A dor era excruciante e os olhos vivos da serpente se deliciavam por isso. Sem demora voltou a dirigir a ponta da pistola logo abaixo do primeiro grampo.

O som do disparo era quase inaudível, o que rendia a Lennon o som exclusivo dos bramidos de Qyr, fazendo-os integrar uma doce melodia mórbida. Ademais, ver cada fragmento de aço encravado na carne de seu sicário aguçava ainda mais os sentidos, lhe tomando por um êxtase inexplicável.

Outro disparo. Outro rugido.

Era uma dor pungente. Sua respiração já se tornava difícil, fatalmente ofegante. As cordas que atavam o jovem à cama foram puxadas com força, revelando ainda mais de seus músculos.

-Você aguentou as facas daquela última vez, lembra? Certamente aguentará alguns grampos e agulhas.

-Sim... –A voz falhou por um instante. –O que o senhor quiser, mestre. –Suspirou forte em um estranho prazer.

FIXAÇÃO - MclennonOnde histórias criam vida. Descubra agora