A pantera e a serpente

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Percebendo o pouco tempo que teria McCartney se levantou da cama em um solavanco. Tirou os sapatos o mais rápido que pôde e eliminou as calças na mesma velocidade. Recolheu a camisa que estava na cama e correu para o banheiro. Jogou tudo em um compartimento acoplado em uma das paredes daquele grande toalete. Cairia em algum lugar, lugar este que não necessitava saber onde.

Tomou banho e se cobriu com um roupão branco. Voltou para o quarto e já tirava o lençol manchado da cama quando ouviu batidas na porta. Sabia que era Bianca à espera de sua autorização e não havia mais o que fazer a não ser recolher a peça em um bolo e torcer para não parecer suspeito.

-Pode entrar... –Anunciou. A porta se abriu e os olhos transparentes de Mivys apareceram cheios e brilhantes. Sua doce feição emanava tranquilidade, mas também parecia ameaçadora. Bela e sinistra Bianca. De uma inocência tão estranha que podia camuflar sua letalidade com um largo sorriso. Fechou a porta atrás de si e saiu a passos lentos até o moreno.

-Incomodado com os lençóis, senhor McCartney? –Apontou para o bolo de tecido na mão do aprendiz.

-U-Um pouco. –Tentou sorrir. –Ele é um tanto quente.

-Estranho... É um lençol de alta tecnologia. Controla a temperatura corporal para deixá-lo confortável.

-Talvez não funcione comigo... –Engoliu seco.

-É, talvez. –Apertou os olhos mas logo esboçou um pequeno sorriso. –Mas não estou aqui para saber do seu lençol, mas sim para parabenizá-lo pelo admirável feito. Quem diria que o aprendiz de origem mais humilde conseguiria derrotar o nosso mestre...

-Obrigado, senhorita Bianca, mas tecnicamente não derrotei o mestre Lennon. É apenas um jogo...

-Posso saber como conseguiu conquistar o primeiro lugar? –Interrompeu pondo os braços para trás mirando-o com atenção. –Há algum segredo? Técnica?

-Devo dizer pura sorte. –Tentou parecer seguro.

-Você quer que eu acredite que derrubou o mestre por... Sorte? –Arqueou a sobrancelha.

-Foi o que aconteceu, senhorita.

-Certo... –Sorriu de maneira singela para ele, concentrando-se em cada pedaço de seu rosto. –Ainda acho que você está escondendo alguma coisa, mas quem sabe um dia não compartilhe com todos nós, não é mesmo?

-Ficarei honrado em narrar o que aconteceu, senhorita. –O que havia falado certamente o faria ganhar tempo para inventar alguma história.

-Que bom, senhor McCartney. Agora se apronte. O mestre Lennon quer vê-lo na sala da presidência.

-Sim, senhorita. –Fez uma reverência com a cabeça. –Irei o mais rápido possível.

-Nos vemos no almoço. Ah, e fluidos corporais são difíceis de sair deste lençol. –Seu olhar pousou sobre um pedaço do pano que estava desgarrado do bolo. –Não tente lavá-lo à mão. Sugiro que o jogue no compartimento. Saberemos como proceder.

-Sim, senhorita Bianca. –Disse tenso.

-Ate breve, senhor McCartney. –Deu meia volta.

-Até, senhorita.

Assim que Mivys cruzou a porta McCartney apressou o passo até o banheiro. Jogou o amontoado de pano dentro da divisão e respirou aliviado. Espero que isso não me traga problemas.

♦♦♦

8:30h, sala da presidência da NYCZ

John Lennon estava confortavelmente reclinado em sua cadeira de couro preta, de costas para a porta de sua sala, quando escutou um bipe em seu celular. Era um dos seus sicários chamando-o, prestes a anunciar um visitante já esperado. Atendeu com um toque.

FIXAÇÃO - MclennonOnde histórias criam vida. Descubra agora