Prólogo

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-O que você quer de mim, Paul? –Pôs-se de pé.

Ainda com os olhos fixos nos de Lennon ele esticou o braço e agarrou o chicote que estava ao lado da jacuzzi. Desenrolou aquela correia de couro e segurou a ponta. Jogou para trás da cabeça e depois enroscou envolta do pescoço dando um nó simples. Pegou a outra ponta da correia que estava dentro d'água e entregou para o mestre. Sabia que qualquer puxada seria o suficiente para o objeto agarrar-lhe a pele com mais força.

Lennon parecendo interessado segurou a correia e o trouxe para si com cuidado, como se puxasse um animal ferido. E quando ficaram cara a cara, com corpos e rostos próximos, o mais velho desatou o nó, soltando aquele pescoço que já carregava um leve vermelho pela pressão.

-Você não precisa disso. –Sussurrou rente à boca rosada.

-Eu preciso, senhor. –Disse com uma voz fraca sem desviar a atenção daqueles olhos âmbar.

-Não, não... Você talvez queira. –A língua perniciosa passou delicada pelos lábios entreabertos do mais novo. –Mas não precisa.

O dono dos olhos mágicos sentiu a respiração falhar, mas em nenhum momento parou de fitar os olhos vivos de seu mestre. Cada dia mais se convencia de que ele era personificação da desgraçada serpente do Éden, que cruzou milênios para macular tudo mais uma vez.

E assim como Eva, se deixou seduzir.

-É o que eu quero, senhor. –Disse trêmulo.

Lennon estranhou aquela reação e afastou o rosto, estudando as feições de seu aprendiz. A água não estava fria e as janelas estavam fechadas. Ele escondia alguma coisa... Foi então que mergulhou a mão na água e segurou-lhe o membro por cima da cueca. McCartney num desespero repentino tentou segurar a mão de seu mestre, mas foi impedido. O chicote roçou abaixo de seu queixo.

-Nem mais um movimento, rapaz. –O mais novo assentiu receoso. Torceu para que o mestre não dissesse nada, mas foi em vão. –Ora, ora, o que temos aqui? –Sorriu sádico para ele. –Como uma rocha! Pensei que era coisa da minha cabeça, mas bem percebi esse sentimento forte explodindo aqui dentro.

McCartney olhou para cima. O corpo estava teso.

-Olhe pra mim enquanto eu falo com você. –Lançou firme.

-Perdão, senhor. –Os olhares novamente se encontraram.

-Há quanto tempo espreita meu quarto? –Os dedos ágeis encontraram espaço entre a cueca e ele pôde segurar o membro rijo. Sentiu o aprendiz retesar com o toque.

-Três dias, senhor.

-Não minta pra mim... –Movimentou a mão ali dentro de baixo pra cima. Viu o rapaz revirar os olhos.

-Quatro semanas. –Confessou numa arfada, mantendo-se aprumado. –Quatro semanas, senhor. Todas as noites.

-Tempo considerável, não acha?

-Talvez, senhor.

-Hm... Agora me responda: quando eu enviei uma das minhas garotas para ficar com você, o que fez com ela?

-Pedi que fosse embora e não falasse nada, senhor.

Um sorriso debochado brotou dos lábios de Lennon. Balançou a cabeça achando tudo divertidamente curioso.

-Ainda virgem... Um virgem que acha que quer praticar bondage! Chega a ser patético, senhor McCartney. Sinto lhe informar, mas isso não é pra você, ok? Está liberado para aliviar o seu amigo lá fora. Foi bom conhecê-lo.

Tomado pelo terrível sentimento da rejeição, o aprendiz fez seu movimento. Antes de Lennon ter a chance de se virar e sair, agarrou-lhe o punho, mantendo a mão dele dentro de sua peça.

-Isso não é nada patético, senhor. –Falou seguro.

-Mas o que está fazendo? –Retrucou abismado.

-Mostrando que posso ser mais do que pensa.

-Essa audácia pode lhe custar muito, rapazinho. –Disse com certa irritação.

-O que vai fazer, senhor? Hm? –A raiva e o desejo eram vistos em seus olhos coloridos. –Vai me castigar? –Sorriu desafiador. –Não sabe o quanto eu esperei por isso.

Lennon trincou os dentes e rosnou alto desvencilhando o braço da mão de McCartney:

-Smith! –Ainda olhava fixamente para o aprendiz. Um semblante colérico e insano tomou conta de sua face como uma possessão demoníaca.

O capanga abriu a porta e correu até ele numa velocidade espantosa. Nem se quer chegou a esbaforir pela distância.

Em pé ao lado da jacuzzi o sicário viu toda a estática cena entre os dois titãs.

-Sim, mestre Lennon?

-Leve o senhor McCartney para a cadeira. Ele vai aprender uma lição que não se ensina na escola.

FIXAÇÃO - MclennonOnde histórias criam vida. Descubra agora