Seis meses se passaram de maneira insuportavelmente monótona para Lennon. Entre suas obrigações e divertimentos nada ortodoxos ele esperou pelo fim da primeira parte da capacitação de seu aprendiz.
Fez os aquecimentos necessários durante as últimas semanas na Torre NYCZ e aguardava a chegada dele. Torcia imensamente para que o jovem passasse em seu treinamento para que assim pudesse descansar. Aguentou tempo demais negando o próprio luto, e uma pausa longe de suas obrigações era o precisava para deixar tudo em ordem novamente. Ou pelo menos assim esperava.
O relógio digital em cima da sua mesa indicava o meio da tarde. Em questão se segundos ouviu a porta bater. Era Smith.
-Com licença, senhor. A diretora Samantha e seu aprendiz acabaram de chegar.
-Diga que já podem entrar.
-Sim, senhor.
A passos macios a dupla bem vestida adentrou naquela sala blindada que mais lembrava um mausoléu de aço e vidro. No meio do espaço havia uma mesa de madeira gigantesca e vinte e uma cadeiras Office. Dez em cada lado e uma na ponta. Lennon estava mais a frente, escorado em uma mesa feita do mais bem trabalhado concreto.
Dali podia se ver toda a cidade com suas luzes fortes e apartamentos categorizados. Ele conseguia observar as pessoas indo para lá e para cá como uma imensa fazenda de formigas, eles que diferente dos minúsculos insetos, não tinham propósito nenhum a seguir. Apenas o fadado fracasso da pseudo evolução.
Caminharam lado a lado até ficarem a uma distância cômoda do presidente.
-Samantha... –Lennon se aproximou com um sorriso cansado. –Você traz boas notícias para este pobre homem que vos fala?
-As melhores, senhor. –Disse ela com um semblante sereno. O mestre olhou para o aprendiz com certa atenção.
-Estou espantado com a tamanha mudança deste jovem.
-A estética foi um trabalho à parte.
-Conte-me sobre todo o progresso. Minha curiosidade é grande, você sabe...
McCartney estava também atento aos olhos de seu mestre, mirando-lhe com a concentração de um perito. A distância dos seus corpos era de apenas um palmo aberto. Sem perceber, sua respiração estava sendo analisada.
-Depois dos exames iniciais, começamos rapidamente com o tratamento dele. Enquanto tomava os remédios, seguiu uma dieta rígida, acompanhada simultaneamente de exercícios físicos. Devo dizer que ele foi a primeira pessoa a melhor se adaptar ao cotidiano do LarNova, e o mais feliz ao comer uma manga. –Sorriu com a lembrança. –Assim, com seu progressivo ganho de peso, começamos por adiantar a parte teórica das artes marciais e as aulas de filosofia, música, pintura e literatura.
-Ótima iniciação. Sinto falta da parte artística do meu treinamento. Espero fazer uma grande "revisão" de tudo um dia. –Suspirou dramaticamente. –Mas diga-me, Samantha, ele tomou o Composto 99?
-Sim, um mês antes de iniciarmos as sessões de resistência às práticas de tortura introduzimos o Composto para melhores resultados. Potencializamos os traumas, reprimindo algumas memórias. Devo dizer que ele tem uma história um tanto... –Samantha fez uma breve pausa parecendo incomodada com o que estava prestes a dizer. Lennon percebeu a hesitação. –Um tanto Intensa.
-O que vocês viram? –Voltou-se para ela.
-Os nanochips que alojamos no cérebro dele nos deram imagens de cada estágio de sua vida até aqui e... –Outra pausa foi dada. –Constatamos um pesado histórico de violência e abusos.
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FIXAÇÃO - Mclennon
RomansaJohn Lennon estava em busca do seu próximo aprendiz pelas ruas de Zerbiek. Ele seria um exímio assassino e conhecedor de todas as artes, ignorando limites e sensibilidades, ultrapassando o extremo de seus antecessores. Paul McCartney foi escolhido p...