Pontiagudo

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Claro que estaria pronto. Estaria pronto para qualquer coisa que seu mestre pedisse. Carregava em si não somente lealdade como também toda a gratidão do mundo. Ele confiou em seu potencial, fez igualmente uma aposta alta, então tinha que dar um retorno à altura, provando que era digno de estar ao seu lado.

-Creio que sim, senhor.

-Você é tão modesto. Óbvio que está pronto! Eu só quero ver como você fará isso. –Saiu de onde estava de volta à mesa de vidro. McCartney olhava para cada passo que ele dava, cada movimento, cada respiração. Seu mestre era diferente do que sentia próximo de outros, levemente diferente. Um sentimento de curiosidade triscou por um centésimo de segundo em seu cérebro, e não soube exatamente o que pensar. Seguiu a observar-lo daquela distância.

Lennon colocou a katana de volta dentro da bainha e a repousou sobre a mesa.

-Agora vamos à cobertura! –Sorriu radiante. –E por favor, senhor McCartney –Disse repentinamente desgostoso. -Tire este pedaço de gravata do pescoço.

-Sim, senhor. Mil perdões. –Prontamente afrouxou o nó e retirou depressa, colocando-a no bolso do paletó.

-Só mais uma coisa... –Caminhou pacientemente até o aprendiz e parou em frente a ele com um semblante pensativo. Desabotoou os dois primeiros botões daquela camisa branca, puxou um pouco mais a gola e voltou a sorrir. –Agora está ótimo. Acompanhe-me.

-Sim, senhor.

Saíram da sala e imediatamente tomaram o elevador de volta à cobertura. Não deram uma palavra durante o trajeto e o máximo que se podia ouvir era a mudança de números no painel que indicava os andares. O mestre estava rente às portas, numa ansiedade irreconhecível; e McCartney logo atrás, mirando-lhe os fios acobreados devidamente penteados. Trinta e cinco segundos de pura concentração, absorto na nuca que pulsava um sangue denso em um ritmo cada vez mais lento.

Trinca e cinco segundos quando o planeta resolveu parar.

-Chegamos! –Lançou Lennon com as mãos levantadas enquanto saía alegremente do ascensor. McCartney sacudiu a cabeça colocando as ideias de volta no lugar. Sem demora acompanhou o mestre.

Ele pegou o corredor à direita e foi até o terceiro quarto dali. Mal parou e agarrou a maçaneta da porta de estilo vitoriano. Adentrou numa urgência estranha. Deixou que McCartney passasse e fechou a entrada logo em seguida.

Um quarto sem tapeçaria e sem moveis, exceto por um baú gigantesco no canto do cômodo. Havia mais quatro pessoas lá dentro: os dois sicários, ambos em pé próximos à parede e dois outros homens, ambos sentados lado a lado, com os braços em cima de duas pequenas mesas. Encontravam-se amordaçados enquanto suas mãos estavam presas por correias de couro largas.

-Bom dia, senhores! –Disse o mestre. –Que este seja um lindo dia para vocês! E dirijo estas palavras apenas para os meus queridos Smith e Bob, que sempre me acompanham. Aos outros dois eu desejo o caloroso abraço do inferno. –Sorriu irônico. –Senhor McCartney, pode se sentar ali, por favor? –Indicou uma cadeira que estava bem em frente aos dois homens presos.

-Prontamente, senhor. –Seguiu tranquilamente até lá e se sentou com sua melhor postura. Lennon o acompanhou e parou bem atrás do assento, inclinando-se.

-Senhor McCartney, como pode ver, tenho duas criaturas devidamente amarradas aqui. –Aproximou a boca da orelha do aprendiz e continuou a fala olhando para os homens. –Dois criminosos desgraçados, que deveriam estar mortos desde ontem, mas infelizmente minha imaginação já vem falhando comigo há um tempo. Sinto-me inútil por isso, confesso... –Simulou um rápido choramingo. –Mas você irá me ajudar hoje! Eu lhe pergunto agora: qual a maneira mais criativa de acabar com a vida desses dois?

FIXAÇÃO - MclennonOnde histórias criam vida. Descubra agora