15. DESABAFO

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Após um dia e noite calmos de trabalho, o momento de ir para casa havia chegado. É claro que, como em toda troca de turno, conversou um pouco com Dominik antes de, de fato, ir para casa. Não só apenas sobre como ou o que aconteceu durante seu período de trabalho, mas também sobre Henry - até porque o rapaz se sentia bastante excluído das novidades e merecia saber. Apesar de não ter gostado do modo como ele atropelou sua decisão na manhã anterior, agradeceu ao amigo por tê-lo feito, porque só assim teria pensado melhor sobre o assunto e aberto seus horizontes. A intromissão do veterinário ofi um mal necessário, no final nas contas. E, quando ficou sabendo de tudo o que Henry e Jacqueline já haviam partilhado - e feito -, ele foi à loucura. Estava extremamente contente pela amiga e, assim como Mei, não poupou conselhos sobre aproveitar cada segundo, além de mencionar algo como "milhares de pessoas matariam para ter um terço do tempo que pasosu com ele" e coisas do tipo. Várias vezes.

Quando, enfim, em casa, arrumou um espaço para Kal na sala e foi tomar um banho para não somente se limpar, como refrescar a mente e se concentrar na vinda de Henry que logo aconteceria. Não percebeu o quanto estava ansiosa até começar a se preparar. Corria um pouco contra o tempo, porque queria recebê-lo, pelo menos, com alguns comes e bebes, quem sabe assim o clima ficaria mais descontraído e ele consideraria a recepção como parte do pedido de desculpas. Ele merecia, na verdade. Ainda com a toalha enrolada sobre os fios molhados na cabeça, separava pequenas fatias de pão fresco - que buscara antes de ir para casa -, e rapidamente preparava um patê para acompanhar. E vinho. É claro que teria vinho.

O soar do velho interfone ecoou pela casa e, em um pulo, jogou a toalha molhada ao cesto e correu para atender e liberar a entrada. Os poucos lances de escada até seu apartamento deram uma vantagem quase mínima para arrumar o cabelo que ainda pingava pela casa, limitou-se em poucas passadas de pente.

─ Droga. Droga. Droga. ─ Corria pelo piso amadeirado com uma ansiedade que mais cabia para o primeiro encontro com o ator, mas o fato de que se abriria, de verdade, para ele, custava um pouco da sua sanidade. Apesar de nas pontas dos pés, a estrutura do prédio não era sólida o bastante para ser à prova de som, e, do corredor de acesso do edifício, parado em frente a porta escura, Henry conseguia ouvir a correria, e alguns esbarrões em móveis. ─ Por que que eu não pedi mais tempo?

O resmungo também se fez audível, o que fez o homem rir discretamente do outro lado. Imaginava Kal seguindo-a de um lado para o outro, e, com o latido alto que pôde ouvir, confirmou sua teoria. Decidiu que era hora de bater, quem sabe assim ela pararia um pouco para respirar.

─ Oi! ─ Jacqueline cumprimentou relativamente ofegante, tentando manter um sorriso decente no rosto.

─ Se preferir, posso esperar mais um pouco... ─ O ator arquegou as sobrancelhas junto de um sorrisinho que por si só sugeria que ouvira tudo, tendo as mãos nos bolsos dianteiros para passar um (falso) ar de inocência. Apesar de tudo, de ter se aborrecido com a exclusão da carta, Henry não estava ali para brigar. Era a última coisa que queria. Optou por um humor mais leve e até divertido. ─ E oi.

─ Er... Não precisa, valeu. Pode entrar. ─ Sem jeito, a morena mordeu o lábio segurando um riso tímido e abriu espaço para ele passar. Fechando os olhos por um breve segundo enquanto fechava a porta e sentia o deliciosos perfume masculino que trilhava por onde ele passara. ─ Ignore o que quer que tenha ouvido, ok? A vizinha de cima é meio... ─ Enquanto se enrolava, fazendo-o manter a mesma expressão risonha e implicante, percebeu que a mesinhade apoio havia entortado quando esbarrou nela, então a ajeitou (in)discretamente e tornou a olhá-lo acanhada. ─ Meio atrapalhada.

─ Sei... ─ Concordou com a cabeça e franziu o cenho segurando um riso para entrar naquele jogo bobo e desajeitado dela. Claramente estava nervosa. Mas antes de prosseguir com qualquer resposta, o querido akita veio ao seu encontro animado. ─ E aí, garoto!? Sentiu saudade, é?! Eu também senti. Está se comportando? ─ Abaixou-se na direção dele e afagou seu pelo macio, recebendo cheiradas amorosas contra os braços e rosto.

Kal & ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora