16. ENTRE VINHOS E RISOS

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A voz de Henry naquelas palavras fez com que o interior de Jacqueline recebesse uma onda de calor por toda a sua extensão, suspirando profundamente sustentando aquele olhar hipnotizante. Viciante. O sorriso harmonizava perfeitamente sincero no belo rosto, mas contrastava, ao mesmo tempo, com a sensualidade em sua entonação. A mão masculina seguia a acariciar seu rosto suavemente, de forma a mantê-la próximo a si - não que ela pensasse em dar um passo sequer para trás.

━ Tudo mesmo? ━ Questionou em um sussurro, sentindo-se uma boba por se sentir tão bem com aquela ideia. Seus olhos assumiram um brilho momentâneo que evidenciou sua cor, destacando o avelã de suas íris.

━ Tudo mesmo. ━ Assentiu o ator com ternura.

Sem palavras, a morena abriu um largo sorriso mordendo o lábio inferior e balançou a cabeça, logo inclinando-se para selar seus lábios aos dele brevemente. Porém, mais intenso do que o beijo, foi quando levou os braços em torno do pescoço do mais alto para abraçá-lo apertado. Ainda que durasse segundos, estar entre os braços de Henry lhe dera uma estranha sensação de eternidade, como se o tempo parasse. Simples assim. Naqueles instantes, só havia paz. E mútua era essa sensação.

O aperto aos poucos se intensificara, um sopro risonho pôde ser ouvido de Henry e, com o timing perfeito, ele erguera o corpo dela praticamente esmagando-a contra si. Logo ambos riam verdadeiramente, Jacqueline resmungava divertida e o clima descontraiu outra vez. Acontecia naturalmente, como deveria ser. Kal, como bem era do seu feitio, juntou-se animado ao casal. Os dois eram altos, mas o akita era grande o suficiente para que um pulo contra a Jacqueline, já colocada novamente ao chão, desestabilizasse seu equilíbrio. As patas contra a parte inferior das costas femininas empurraram-na ainda mais para Henry.

━ Oi, meu amor! Quer um abraço também, é isso? ━ A morena ria inclinando o olhar para Kal, estando bastante acostumada a levar empurrões amorosos de cães de grande porte como aquele. Porém, tinha de admitir, nenhum era como aquele.

━ É um intrometido, isso sim! Sem pular, chega! ━ Inclinou-se para chamá-lo para si com um estalar de dedos. ━ Isso, aqui. Senta. Senta, Kal... ━ Arqueou as sobrancelhas quando não foi obedecido, como costumava ser ao dar comandos básicos. ━ Ei! Isso. ━ Afagou a cabeça do cachorro quando o mesmo, enfim, sentou. ━ Bom garoto... ━ Riu baixo antes de tornar o olhar para a mulher que ainda segurava perto de si pela cintura. ━ Você está deixando ele ainda mais mal acostumado, sabia?

━ Isso é possível?! ━ Assumiu uma expressão surpresa e divertida, inclinando a cabeça e arregalando sutilmente os olhos. ━ Mais do que você já mima? Não banque o adestrador, Henry, eu sei que você mima. Faz tudo o que ele quer, admita!

━ Ei! ━ Soltou uma das mãos do corpo dela para levar ao peito em um gesto de falsa ofensa. ━ Não é verdade! ━ Como resposta, obteve apenas um cruzar de braços silencioso por parte da garota, cujo formato das sobrancelhas nem exigia que muito arqueasse para mostrar seriedade. ━ Ele não destruía quartos de hotel antes de te conhecer... E aí? O que tem a dizer sobre isso? ━ Também cruzou os braços desafiando-a de forma divertida.

━ Eu digo: boa sorte para você quando eu estiver longe, querido! ━ Riu após o tom ousado.

━ Engraçadinha. ━ Semicerrou os olhos fazendo uma careta e abaixou-se novamente para o canino, que estava mais calmo, porém pedindo afagos com a pata no sapato do dono.

Foi inevitável para Henry pensar que logo ela realmente estaria longe e, momentos como aquele não mais aconteceriam - não pessoalmente, pelo menos. Não era algo agradável de imaginar, não pelo cão ficar mais agitado e demonstrar saudade ainda quando perto, mas porque faria falta. A forma como ele intervinha nos momentos com ela e os tornavam ainda mais especiais... A alegria no rosto de Jacqueline cada vez que ele se aproximava... Sempre que pensava em na possibilidade de um novo relacionamento, coisa que não fazia questão até então, priorizava que a mulher entendesse o que e quanto o akita significava em sua vida. Não se imaginava sem ele, e muito menos com quem não o amasse também. E ela amava.

Kal & ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora