2O. OPÇÕES

1K 95 300
                                    

Uma boa conversa pode realmente mudar o mundo. Em uma manhã de garoa, sob um toldo listrado em amarelo e branco, as palavras de Mei mudaram não só o mundo de Henry, como também sua postura. Sentia-se dividido em suas frustrações e duplamente se culpa pela raiva dentro de si, mas a troca com a baixinho serviu como um divisor águas em seu coração. Conseguiu manter a mente mais tranquila e estava mais positivo com relação a vê-la outra vez. era engraçado como, de repente, lembrou do Henry garotinho e nervoso em relação às meninas, lá no início da puberdade quando começava a pensar na ideia e existência do amor.

Seguiu sua rotina pelo restante daquele dia, já deixando combinado quando pegar o tal bolo da esperança e tendo em mente que retornaria ao estúdio para completar suas últimas cenas ainda pela noite. Com certeza teria mais condições de gravar e incorporar seu personagem depois daquela manhã inesperada. Kal lhe acompanhou durante todo o tempo, mantendo-o calmo pela tarde e nos intervalos das gravações apenas com o olhar, e ainda mais seguro com seus afetos caninos. Enquanto brincava e relaxava junto dele, pensava em Jacqueline, mais precisamente, na forma como ela havia insistido para ele ficar, dizendo tudo o que ele próprio sentia em relação ao cão. Tudo fez ainda mais sentido. As inseguranças, confusão, ansiedade... Kal provavelmente a acalmara em algum momento de crise. Só podia ter sido isso, a situação se encaixava perfeitamente. Apesar de ser algo pesado, esboçou um sorriso e afagou o parceiro peludo ainda mais, agradecendo-o. Não eram tão diferentes, afinal, a garota e ele... Tomavam segurança da mesma fonte. Ele seria essencial para tê-la de volta, sem dúvidas.

. . .

Uma caixa azul turquesa com detalhes em dourado, um akita manhoso e muita fé acompanhavam Henry enquanto aguardava para apertar a campainha do apartamento de Jacqueline. Havia entrado no edifício junto de Mei, que desejou boa sorte e entrou no próprio para que tivessem mais privacidade, mas garantiu que estaria a disposição caso precisassem. Ofereceu mais algumas palavras de coragem ao ator e seguiu seu caminho junto de Khan, que não gostou nadinha do novo cheiro que exalava em ser corpo... Canino demais!

Cavill respirou fundo e apertou a campainha. Kal estava sentado olhando para a porta a porta tão ansioso como o dono, eram uma perfeita versão alternativa um do outro. A movimentação interior pôde ser ouvida, mas nada indicava sobre o humor da garota, apenas que ela procurava pela chave, talvez estivesse usando meias, pelo som abafado de sua chegada na maçaneta. Jacqueline espiou pelo olho mágico ao centro superior da porta com curiosidade por não estar à espera de ninguém - muito menos dele -, e respirou fundo quando viu a forma distorcida de Cavill através do pequeno orifício, perdendo completamente sua estrutura emocional ao abrir a porta e notar que ele vinha com a mais serena das expressões ao segurar a embalagem da confeitaria de Mei. Aquilo dizia muito, não conseguiu nem acreditar ou falar, apenas alternou o olhar entre ele e a caixa.

━ Oi... ━ O ator esboçou um sorriso fraco, com receio de levar uma fechada de porta na cara pela forma como ela o olhava: parecia que via um fantasma. Talvez ele fosse um, mais uma frustração passada a assombrá-la no meio de tantos medos e tormentos. Esperava estar errado, não poderia ele a criar coisas em sua mente e estragar tudo. ━ Está ocupada? Eu queria conversar...

━ Eu pensei que não quisesse falar... ━ Respondeu encolhendo-se no casaco, puxando os dois lado do zíper contra o próprio corpo.

━ Eu preciso.

━ Eu precisava também, mas aparentemente eu não sei lidar com as coisas como adulta... Apesar de não ter sido eu quem saiu batendo o pé. ━ Rebateu cruzando os braços e descarregando a mágoa do insulto que recebera, ainda que soubesse dos nervos à for da pele, não tinha aceitado as palavras. Esperou que ele reagisse primeiro, para então pensar se o deixava prosseguir ou não, e não teve alternativa com a imagem vista.Henry nada disse, apenas ergueu sutilmente as sobrancelhas com o arrependimento estampado no olhar de cão abandonado. A morena suspirou e abriu a porta um pouco mais, permitindo que ele entrasse. ━ Fala.

Kal & ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora