Dois anos e meio depois.
Londres, Inglaterra.
14:27.Fazia uma típica tarde fresca de outono na capital britânica. A cidade não estava tão movimentada quanto nas épocas mais quentes e as folhas quase secas davam um belíssimo tom alaranjado ao Hyde Park, realmente digno de uma pintura à mão. Era a época do ano em que Henry mais gostava de passear com Kal no parque, e arrependeu-se de não tê-lo levado consigo para darem uma volta após a sessão de fotos matinal marcada para aquele dia. De qualquer forma, sabia que ele estaria bem.
Após o ensaio para a divulgação da recém estreada temporada e The Witcher, o ator retornou diretamente para sua casa. Estacionou seu carro e, curiosamente, não ouviu os típicos latidos de boas vindas do akita na janela frontal da sala, então abriu a porta lentamente e entrou com um ar de curiosidade. Silêncio total.
━ Cheguei! ━ Cantarolou trancando a porta atrás de si e caminhando em direção à sala integrada com a cozinha. Novamente, nenhuma resposta. Deixou seu casaco no vestíbulo e as chaves sobre aparador ao lado, caminhou pelos cômodos do primeiro andar e, de diferente, viu apenas uma grande pilha de livros e cadernos sobre a mesa do escritório. ━ Jackie...? Kal...? Alguém?!
Nada. Franziu o cenho e subiu as escadas que davam acesso ao piso superior, onde ficavam os demais quartos, e, ao entrar em seu cômodo, compreendeu o verdadeiro motivo do silêncio. Parou apoiando-se no batente da porta, respirou fundo abrindo um sorriso apaixonado, e admirou calado, por alguns segundos, a cena mais linda que seus olhos já captaram na vida. Jacqueline dormia o mais profundo sono no centro da cama king size, seu rosto praticamente não aparecia por conta dos cabelos negros espalhados por cima e inclinava-o sutilmente para o lado no travesseiro, quase que tocando sua companhia. Ou melhor, uma de suas companhias na cama.
Junto da espanhola, mais duas criaturinhas deitavam-se na cama, aninhadas em cada lado de seu corpo alongado. Praticamente deitadas sobre a mãe, as gêmeas de quase dois anos abraçavam-na delicadamente, uma repousando os dedinhos sobre alguns fios longos cabelos negros de Jacqueline, segurando-os, e a outra fazia o mesmo com a blusa que ela vestia. Grudadas. Adoráveis. Nicolette e Marianne, como haviam sido batizadas em homenagem à avó de Jacqueline e mãe de Henry, respectivamente, eram idênticas até a último fio de cabelo. Tinham os olhos claros como os do pai, bem como o queixo demarcado por uma covinha ao meio, mas vinha da mãe os lábios naturalmente preenchidos em elipse e incontáveis sardas que compunham suas bochechas rosadas assim como as estrelas pintam o céu.
Como se o trio adormecido já não fosse o bastante para fazer seu coração derreter de amor, Kal também descansava no espaço livre, praticamente esmagando o corpinho de Marianne contra a mãe por conta do seu tamanho e aconchego. Atuar era sua paixão, mas formar uma família própria era seu verdadeiro sonho de vida, e o fruto dessa realização estava bem diante dos seus olhos. Uma calmaria profunda e gostosa que o fez sorrir feito bobo em silêncio. Não demorou para que o akita farejasse o dono e, embora ainda preguiçoso pelo sono e pelo fato de não ser mais filhote, logo desceu da cama e caminhou até o mesmo, fazendo com que Henry risse baixo e o afagasse com gosto.
━ E aí, garoto!? ━ Sussurrou acariciando o pelo macio do companheiro canino. ━ Cuidou bem das minhas, meninas? Vem cá, vamos brincar lá embaixo e deixar elas descansarem mais. ━ Mantinha o tom baixo, quase mudo, dando batidinhas leves nas coxas ao caminhar para fora do quarto, esperando que ele o seguisse. O cão apenas bocejou e voltou para a cama em um pulo, novamente encolhendo o corpo contra o da bebê. ━ Tsc, preguiçoso.
Henry soprou um riso baixo balançando negativamente a cabeça ao vê-lo voltar o sono com as meninas. A vontade era de, após tomar o necessário banho quente, também se juntar à elas naquele aconchego, mas conhecia bem suas filhas e sabia que acordariam chorando com o menor dos movimentos - e Jackie mais do que merecia aquele repouso. Afastou minimamente alguns fios dos longos cabelos e depositou um doce beijo na testa de sua morena, que estava exausta demais para ser acordada por um gesto tão delicado e cuidadoso como aquele, sequer moveu um músculo. O ator, então, afastou-se do quarto na ponta dos pés, com os cabelos ainda molhados pelo chuveiro quente, deixando sua bela família descansar enquanto descia novamente as escadas, pronto para surpreendê-las com um bolo. A valiosa receita da melhor amiga da família ficava permanentemente anotada e exposta em um pequeno quadro negro de giz na parede ao lado da geladeira.
O maior sonho da vida de Henry se tornara realidade, ele nunca esteve tão feliz e completo em toda a sua vida. Continuava atuando em seus filmes e séries, seguia acompanhado de seu melhor amigo de quatro patas, estava mais do que contente em sua relação e sentia-se orgulhoso por sua mulher que, além de ter conquistado a carreira que tanto merecia, aprendia a lidar melhor com suas emoções e ansiedade em sessões semanais de terapia. Ela estava mais leve, mais confiante e era uma mãe excelente e amorosa. E ele um pai babão e apaixonado. A partir do momento em que pegara as gêmeas no colo pela primeira vez junto de Jacqueline no hospital, quando viu tanta vida naqueles pequenos milagres idênticos e perfeitos, nada mais importava. Ele viveria o resto dos seus dias sorrindo e agradecendo por elas. Amaria, incondicionalmente, Kal e elas.
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Kal & Ela
FanfictionDurante as gravações da 2° temporada de The Witcher, Henry Cavill decide levar seu amado cão para lhe fazer companhia no set, porém, não contava que seu melhor amigo iria se acidentar ao passar perto dos cavalos. Kal tem uma de suas patas pisoteadas...